terça-feira, 9 de agosto de 2011

Quero Matar Meu Chefe

O mundo é cheio de chefes mandões, chatos e que não se importam com a vida de seus funcionários. Quero Matar Meu Chefe envolve esse assunto em uma trama que pode ser explicada pelo título que o filme recebeu aqui no Brasil. Mas essa comédia acerta na mesma medida que erra, o que é um pouco decepcionante pelo fato de contar com um elenco muito bom.
Baseado no argumento de Michael Markowitz e roteirizado por ele em parceria com John Francis Daley e Jonathan Goldstein, Quero Matar Meu Chefe apresenta seus três protagonistas, Nick Hendricks, Dale Arbus e Kurt Cuckman (Jason Bateman, Charlie Day e Jason Sudeikis, respectivamente), e seus horríveis chefes. Nick precisa aturar Dave Harken (Kevin Spacey), um “completo imbecil” que não o promove mesmo depois de anos de trabalho. Dale é assistente da dentista Julia Harris (Jennifer Aniston), uma louca que vive assediando o pobre coitado que só quer trabalhar em paz e ser feliz com sua noiva. E Kurt é o único que gosta de ir trabalhar, já que Jack Pellit (Donald Sutherland) é o melhor chefe do mundo. Isso até o momento em que ele morre e a empresa é assumida por seu filho, Bobby (Colin Farrell), que no primeiro dia de trabalho já quer demitir os bons funcionários. Sendo assim, o trio decide matar seus chefes e se livrar de um inferno que pode persegui-los pelo resto de suas vidas.
A primeira parte de Quero Matar Meu Chefe se dedica a mostrar que os protagonistas são pessoas comuns, que não fariam mal nem a uma mosca, enquanto seus chefes são simplesmente detestáveis. Estabelecendo muito bem o relacionamento dos três amigos com seus chefes, entendemos o porquê de eles acharem que cada um tem o pior emprego do mundo. E quando eles decidem matar as “encarnações do mal”, o roteiro acerta ao incluir momentos que mostram o quanto os personagens são atrapalhados para fazer este tipo de tarefa. É uma pena, no entanto, que depois de um tempo esses momentos se tornem repetitivos.
Algo que enfraquece bastante Quero Matar Meu Chefe é o fato de um tempo precioso ser perdido com piadas sem graça. Estou até agora tentando descobrir o que há de engraçado em um cara que urina em outras pessoas. Por outro lado, as piadas envolvendo o nome de Motherfucker Jones (Jamie Foxx) são alguns dos melhores momentos do filme, porque ficamos em dúvida se ele está sendo mencionado ou xingado. Mas elas me pareceram ser uma carta na manga que os roteiristas tiveram quando viram que o filme não estava tão engraçado quanto deveria. Aliás, o tempo perdido poderia ter sido usado para dar mais espaço a estrelas como Jennifer Aniston e Colin Farrell, que têm atuações muito apagadas apesar de protagonizarem cenas hilárias (principalmente Farrell, que diverte com sua caracterização de Bobby Pellit).
O diretor Seth Gordon dá ao filme um tom de suspense ao incluir, por exemplo, uma trilha sonora de mistério em algumas cenas, o que diverte pelo fato de o filme ser uma comédia. Mas Gordon acaba fazendo o final do filme ser previsível. Ao dar muita ênfase no momento em que Dave Harken encontra um celular, o diretor faz ser possível prever metade dos acontecimentos que virão a seguir.
Jason Bateman, Charlie Day e Jason Sudeikis mostram uma boa química interpretando o trio protagonista, mas individualmente eles alcançam resultados diferentes. Bateman (um ator muito talentoso) se destaca como o personagem mais sensato do grupo. Day, hilário em Amor à Distância, aqui só consegue fazer rir quando se entrega aos exageros, algo que só acontece na metade do segundo ato do filme. E Sudeikis interpreta o personagem mais idiota do grupo, irritando ao cometer suas mancadas. Já Kevin Spacey claramente se diverte ao máximo com seu Dave Harken, tendo bons duelos nas cenas com Bateman.
Apesar de conseguir tirar algumas boas risadas do público, Quero Matar Meu Chefe poderia ser melhor, talvez se os personagens tivessem ganho a mesma importância que as piadas. Um elenco como esse merecia uma comédia à altura de seu talento.
Cotação:

2 comentários:

Clenio disse...

Eu discordo em parte de seu texto, porque eu me diverti bastante assistindo ao filme (ou talvez seja porque antes eu encarei o tenebroso "O casamento do meu ex", o que, em comparação, faz com que "Quero matar meu chefe" seja uma obra-prima).

Mas o fato é que eu não esperava demais do filme, portanto dei boas risadas durante toda a projeção (os coadjuvantes são sensacionais e Charlie Day drogado cantando The Thin Things é antológico). Acho muito superior a "Se beber, não case", que apelava demais pro vulgar e pra risada fácil...

Abraços
Clênio
www.lennysmind.blogspot.com
www.clenio-umfilmepordia.blogspot.com

Unknown disse...

Jason é muito bom ator. Quando leio que um filme será baseado em fatos reais, automaticamente chama a minha atenção, adoro ver como os adaptam para a tela grande. Particularmente o filme Raça e umo dos melhores filmes de Jason Sudeikis , adorei este filme. A história é impactante, sempre falei que a realidade supera a ficção.