sábado, 20 de agosto de 2011

Lanterna Verde

Os quadrinhos da DC Comics nunca me atraíram muito. Sendo fã da rival, Marvel Comics, sempre que vou a banca de revistas acabo favorecendo Homem-Aranha e companhia, deixando de lado Batman e outros (curiosamente, dois de meus filmes favoritos são baseados nos quadrinhos do homem-morcego). Portanto, quando os filmes baseados nos quadrinhos da DC estreiam, vou para o cinema com um conhecimento mínimo sobre o material original (para não dizer nenhum), o que é muito bom porque dá a oportunidade de ser surpreendido pelo que o filme tem a oferecer. E foi isso que aconteceu com Lanterna Verde.
Escrito a oito mãos por Greg Berlanti, Michael Green, Marc Guggenheim e Michael Goldenberg, Lanterna Verde mostra que o universo é protegido por um grande exército chamado de Tropa dos Lanternas Verdes. Um de seus maiores guerreiros, Abin Sur (Temuera Morrison), consegue prender no Planeta Ryut uma entidade chamada Parallax, que se alimenta do medo de seus adversários. Mas Parallax escapa e vai atrás de Abin Sur, ferindo-o gravemente. Vendo que está próximo de morrer, o guerreiro vai ao planeta mais próximo para que seu anel possa selecionar um ser destemido para se tornar um novo Lanterna Verde. Ele vem para a Terra, e o escolhido para assumir a responsabilidade é Hal Jordan (Ryan Reynolds), um piloto de testes que parece não possuir as características essenciais de um Lanterna Verde.
O roteiro habilmente consegue desenvolver o herói e o vilão (Hector Hammond, interpretado por Peter Sarsgaard) ao mesmo tempo. Enquanto Hal é escolhido pelo anel, Hammond é chamado para olhar o corpo de Abin Sur. Os roteiristas não perdem tempo, apresentando tudo de maneira rápida e eficiente. Eles ainda conseguem apresentar muito bem o universo das histórias em quadrinhos (e sendo eu um fã de The Big Bang Theory, finalmente entendi o que os personagens querem dizer em alguns episódios).
Dirigido por Martin Campbell, um cineasta que tem altos (007 Contra Goldeneye, 007: Cassino Royale) e baixos (A Lenda do Zorro, O Fim da Escuridão) na carreira, Lanterna Verde conta com grandiosas cenas de ação, que nunca caem na burocracia graças a combinação do anel com a imaginação de Hal Jordan, algo que resulta nos mais diversos modos de lutar, seja usando espadas ou uma metralhadora. Campbell merece créditos por conseguir coordenar todas essas cenas muito bem, empolgando com cada arma e estratégia concebidas pelo protagonista.
O design de produção merece aplausos pelo brilhante trabalho feito na construção do Planeta Oa, lugar onde a Tropa dos Lanternas Verdes reside. A equipe de maquiagem também faz um ótimo trabalho ao deixar Peter Sarsgaard, Temuera Morrison e Mark Strong quase irreconhecíveis. Os efeitos especiais são um show à parte, fazendo até a roupa de Hal Jordan parecer real. E a boa trilha sonora de James Newton Howard embala muito bem o filme.
Interpretado com carisma pelo eficiente Ryan Reynolds, Hal Jordan mostra ser irresponsável logo em sua primeira cena, quando se atrasa para os testes de um avião. Apesar disso, ele é uma pessoa boa, algo que fica claro no relacionamento dele com Carol Ferris (a bela Blake Lively), que se desenvolve ao longo do filme. O roteiro ainda tenta fazer dele o “tio legal” ao incluir uma cena em que o protagonista vai ao aniversário de seu sobrinho, mas como essa parte não é muito explorada, parece um recurso usado apenas para mostrar que Hal não é uma pessoa sozinha no mundo.
Blake Lively, atriz que me surpreendeu muito no ótimo Atração Perigosa, traz força a Carol Ferris, personagem que consegue fazer Hal perceber as bobagens que faz. Peter Sarsgaard consegue ser ameaçador com seu Hector Hammond, um vilão formado pela própria sociedade que o oprime, sendo ele uma vergonha para todos a sua volta, inclusive seu pai (Tim Robbins). É uma pena, no entanto, que o roteiro tente incluir o velho clichê do triângulo amoroso entre o herói, o vilão e a mocinha, algo que enfraquece um pouco as motivações de Hammond (e sua despedida é igualmente fraca). E Mark Strong como Sinestro faz com que o público fique sempre com um pé atrás com relação ao personagem, já que o currículo do ator é repleto de vilões. Seria Sinestro mais um antagonista em sua carreira?
Depois do sucesso dos dois filmes do Batman dirigidos por Christopher Nolan e do ótimo Watchmen, estava na hora de a DC Comics aparecer com outra boa adaptação de suas histórias. Espero que a fraca bilheteria não influencie os produtores na hora de decidir se vão seguir em frente com uma continuação, já que o universo de Lanterna Verde é muito interessante e parece ter mais elementos para explorar.
Obs.: Há uma cena durante os créditos finais.
Cotação:

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