Ao longo de seus quinze anos de
existência (já faz tudo isso? Uau!), a franquia Resident Evil nunca foi mais do que um entretenimento medíocre, trazendo
filmes que começavam a ser esquecidos antes mesmo de seus créditos finais chegarem
ao fim. E os próprios realizadores parecem ter noção disso, caso contrário eles
não sentiriam tanta necessidade de incluir recapitulações no início de todas as
continuações (algo até descartável considerando que não há exatamente uma
continuidade entre os longas, com a trama em si mudando de um exemplar para
outro). Pois bem, finalmente chegamos a este Resident Evil 6, supostamente o último capítulo de toda essa
história e que faz mais do que se juntar ao esquecimento ao lado dos outros
filmes, conseguindo ser também o pior da franquia e fazendo-a se despedir no
fundo do poço.
Escrito e dirigido por Paul W.S.
Anderson, o “gênio” por trás da série, Resident
Evil 6 faz uma espécie de retorno às origens, trazendo a heroína Alice
(Milla Jovovich) tendo que voltar até a Colmeia em Raccoon City, já que a
Umbrella Corporation guarda por lá um antivírus que deve acabar com todos os
organismos infectados pelo T-vírus, algo que pode salvar os poucos milhares de
humanos que ainda habitam o planeta. No caminho, Alice enfrenta não só os zumbis,
mas também o retorno do Dr. Isaacs (Iain Glenn), tendo a ajuda de apenas alguns
sobreviventes em sua batalha, entre eles sua velha aliada Claire Redfield (Ali
Larter).
Basicamente, trata-se da mesma
ladainha de sempre, com um fiapo de história desenvolvido sem qualquer cuidado.
Nem a ideia de um mistério envolvendo um informante da Umbrella no grupo de
Alice tem o efeito que Anderson deseja, já que qualquer chance de surpresa
acaba à medida que o diretor elimina personagens, em mortes que não tem impacto
algum, tamanho nosso envolvimento com aquelas figuras. Aliás, a incompetência de
Anderson como roteirista é tão grande que ele exibe um talento particular para
conceber diálogos pavorosos, como “Você está morrendo. Então morre logo” ou “Nós
jogamos um longo jogo” (só imagino a alegria dele ao escrever uma coisa tão
óbvia envolvendo o material original do filme), ao passo que informações
importantes são jogadas na tela sempre de um jeito bastante conveniente. Isso
sem falar na temática religiosa que o cineasta insere aqui de maneira boba e
desajeitada, o que apenas causa risos involuntários.
No entanto, se falei da
incompetência de Paul W.S. Anderson como roteirista, devo apontar que esta só é
superada por sua total falta de noção como diretor. Se nos longas anteriores
ele abusava da câmera lenta, que tornava as sequências de ação estilizadas e um
tanto aborrecidas, dessa vez ele decide seguir o caminho totalmente oposto, provando-se
um perfeito discípulo de Michael Bay ao apostar em uma montagem absurdamente picotada,
na qual os planos não duram um segundo na tela, e rápidos movimentos de câmera,
recursos que tornam a ação incompreensível, de modo que é difícil ver até o
formato das criaturas que atacam Alice. E por mais convincente que Milla
Jovovich seja como heroína de ação, é uma pena que em determinados momentos nem
consigamos entender como que ela abate seus inimigos, de tão caótica que a
direção de Anderson se revela.
Duvido muito que este se trate do
último exemplar da franquia Resident
Evil. É possível que daqui uns anos alguém decida traze-la de volta em um reboot (ou até mesmo em uma continuação
focada em outros personagens). De um jeito ou de outro, acho que é seguro dizer
que o tempo que a série ficar fora do radar não será preenchido com saudades.
Especialmente depois deste filme.
Nota:
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