Ao criar a série Harry Potter, J.K. Rowling nos colocou
diante de um universo imaginativo que fascinava com cada um de seus detalhes, sendo
um palco tão instigante quanto as aventuras (e posteriormente batalhas) em que
seu jovem protagonista se metia ao lado dos amigos. Pois é de volta a este
mundo que Animais Fantásticos e Onde
Habitam nos leva, cinco anos depois de nos despedirmos de Harry, Rony,
Hermione e tantos outros grandes personagens em Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2, um final bastante
digno para aquela excelente saga. E é interessante ver como esse novo filme é
um spin-off/prequel que diverte e encanta com a expansão de um universo com o
qual estamos familiarizados, além de apresentar personagens cativantes o
suficiente para que fiquemos envolvidos com a trama.
Escrito pela própria J.K. Rowling
(em sua estreia como roteirista de cinema) e dirigido por David Yates (que
comandou os quatro últimos filmes da franquia e este ano já apareceu nos
cinemas com uma nova versão de Tarzan),
Animais Fantásticos e Onde Habitam
se passa várias décadas antes de Harry Potter bater de frente com Voldemort,
mais especificamente em 1926, época na qual outra figura maléfica realiza
ataques que podem expor a existência dos bruxos para os trouxas (ou “não-majs”,
como dizem os americanos), algo investigado pelo Congresso de Magia dos Estados
Unidos (MACUSA) e seu diretor de segurança, Percival Graves (Colin Farrell). Nesse
contexto, o magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne) chega à Nova York
com uma série de criaturas na bagagem, perdendo algumas delas em uma confusão
com o trouxa Jacob Kowalski (Dan Fogler), e é exatamente da ajuda deste que ele
precisará para encontra-las, ao passo que a ex-aurora Tina Goldstein (Katherine
Waterston) fica no encalço deles.
O roteiro de J.K. Rowling poderia
muito bem render uma narrativa episódica, concentrando-se nos esforços do
protagonista e de seu novo amigo para recuperar os animais um por um. No
entanto, isso também poderia ser excessivamente simples e repetitivo, sendo bom
ver a roteirista entrelaçar naturalmente essa parte do filme com subtramas que aumentam
a escala da narrativa sem torna-la inchada. No processo, Rowling expande
admiravelmente o universo que criou, de forma que a decisão de situar este novo
longa nos Estados Unidos por si só acaba dando frescor à história, já que o
mundo dos bruxos visto no país é muito diferente daquilo que conhecemos nos
oito capítulos anteriores da franquia, com direito a um grupo extremista antibruxos
(a Sociedade Filantrópica Nova Salem) e novos cenários grandiosos. Neste
sentido, a sede da MACUSA com seus vários departamentos é um dos destaques
visuais que surgem por aqui, num trabalho exemplar do design de produção, que
ainda faz uma excelente recriação de época, quesito no qual os figurinos de Colleen
Atwood auxiliam perfeitamente, valendo ressaltar também a maneira como eles
combinam com as personalidades dos personagens.
Enquanto isso, David Yates volta
a mostrar que compreende bem o universo concebido por Rowling, parecendo se
divertir sempre que insere elementos que denotam o quão fascinante este é, como
uma pequena briga entre bichinhos de papel, uma mesa de jantar se organizando
sozinha após um leve aceno de varinha ou a organização interna da maleta de
Newt Scamander, elemento que rende uma das melhores sequências do filme ao
apresentar os animais que ali estão guardados, sendo que eles se revelam
adoráveis em sua maioria, além de ganharem vida convincentemente graças ao
ótimo trabalho da equipe de efeitos visuais. Essa sequência na maleta, por
sinal, é um dos poucos momentos em que David Yates se permite jogar uma luz
mais calorosa na tela, já que na maior parte do tempo ele e o diretor de
fotografia Philippe Rousselout apostam em cores frias que ressaltam a tensão
dos bruxos quanto aos ataques que ocorrem em Nova York, algo que chega ao ápice
em um clímax que, mesmo carregado de efeitos visuais, não esquece de tratar com
sensibilidade seus personagens. Mas esse lado mais sombrio da narrativa não
impede Yates de criar momentos divertidos, o que ocorre principalmente quando o
roteiro se concentra na caça aos animais perdidos, em cenas que apostam muito
na inteligência deles e de Newt.
Newt Scamander, aliás, é vivido pelo
carismático Eddie Redmayne como um sujeito um tanto tímido e atrapalhado, que por
vezes até parece não ter muita noção da coexistência entre o mundo dos bruxos e
dos trouxas, como ao perseguir um dos animais em um banco. Mas o que faz o
espectador se aproximar mais do personagem é o carinho e o respeito que ele exibe
pelas criaturas que resgata, compreendendo-as melhor do que ninguém. Katherine
Waterston, por sua vez, faz de Tina uma mulher forte, que não fica
na mera posição de interesse amoroso do herói e busca provar seu valor para
seus superiores na MACUSA, ao passo que Dan Fogler no papel de Jacob não só
funciona na função de alívio cômico como ainda reflete a admiração do público por
aquele universo a cada feitiço que presencia, e a relação dele com a adorável Queenie,
a irmã de Tina interpretada por Alison Sudol, não demora para conquistar a
nossa simpatia. E se Ezra Miller se destaca como o perturbado Credence (mesmo protagonizando
uma reviravolta previsível no terceiro ato), Colin Farrell usa seu subestimado
talento para tornar Percival Graves uma figura misteriosa e que deixa o
espectador constantemente com o pé atrás quanto a suas intenções.
Se a história de Animais Fantásticos e Onde Habitam terá
fôlego para preencher cinco filmes (como foi divulgado recentemente) é algo que
ainda vamos descobrir. Por ora, a ideia de mostrar que o universo concebido por
J.K. Rowling é muito maior do que o que vimos anteriormente se desenvolve em
uma aventura eficiente, que sabe explorar o potencial de seu ótimo material e
se estabelece como um início promissor para uma nova saga.
Nota:
Um comentário:
Incrível! O ator Ezra Miller se compromete muito com o personagem. Eu gostei e você? Me surpreendeu o ator. Seu trabalho é excelente como neste filme. Sigo muito os filmes com Ezra, sempre me deixa impressionada em cada nova produção. O vi recentemente em Liga da Justiça, foi um dos melhores ezra miller filmes, e recomendo, o êxito do filme se deve muito ao grande elenco que é bastante conhecido pelo seu grande trabalho. Foi o meu filme preferido.
Postar um comentário