sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Ted 2

Ao sair do cinema após a sessão de Ted, há cerca de três anos, lembro que meus olhos estavam com lágrimas graças às constantes gargalhadas proporcionadas pela estreia de Seth MacFarlane na direção de longas-metragens. A premissa poderia ser boba, mas o criador de Uma Família da Pesada soube envolvê-la em piadas hilárias, que exploravam com segurança o lado politicamente incorreto de seus personagens, fazendo graça a partir do jeito completamente sem noção e infantil deles. E então chegamos a Ted 2, continuação quase obrigatória considerando o sucesso financeiro do longa original e na qual MacFarlane não chega perto do que alcançou anteriormente, mesmo causando uma boa parcela de risos.

Ted 2 traz o personagem-título (Seth MacFarlane) se casando com a namorada, Tami-Lynn (Jessica Barth), enquanto John (Mark Walhberg) está lidando com o término de seu casamento com Lori (Mila Kunis no primeiro filme). Um ano depois, a relação de Ted e Tami-Lynn não é das melhores e, para tentar resgatar o amor que sentem um pelo outro, eles decidem ter um filho. Sem a possibilidade de fazer um, o casal opta pela adoção, mas encontram um grande obstáculo: Ted não é considerado uma pessoa pelo Estado, e sim um bem (no caso, de John), o que o faz não ter direito algum. Para tentar reverter essa questão, Ted recorre à advogada Samantha Jackson (Amanda Seyfried) para lutar por seus direitos.

Ao longo do filme, Seth MacFarlane atira piadas para todos os lados, e quase todas tratam de mostrar que a falta de noção dos personagens é mais absurda do que poderíamos imaginar. Se o diretor acertasse o alvo em todas suas tentativas de humor, provavelmente seria difícil de respirar durante a projeção. Mas muito do que se vê é apenas tolo e desperdiça o tempo gasto pelo próprio MacFarlane para criar determinadas situações, como a briga entre Ted e Tami-Lynn que termina em uma discussão na janela e a cena que se passa em um banco de esperma, que até desafia os limites da escatologia. Por outro lado, a reação de John depois de fumar algo especial, a ponta de um ator (cujo nome prefiro não revelar) no supermercado e o exagero com que a pornografia na internet é tratada são exemplos de momentos que salvam a diversão. Além disso, por mais irregular que o diretor se saia, ele ainda é capaz de fazer algo inspirado. Aqui, merece destaque a cena em que os personagens encontram uma plantação de maconha, onde o excelente uso de referências a outros longas mostra de um jeito hilário o sentimento daqueles indivíduos.

Já a familiaridade da história incomoda mais do que antes, até pelos níveis de diversão serem diferentes comparando o filme com seu antecessor, que conseguia desviar a atenção do público quanto a esse quesito. E se a subtrama envolvendo o retorno do vilão Donny (Giovani Ribisi) torna a narrativa desinteressante sempre que aparece, o mesmo não pode ser dito sobre o caso de Ted em si, que surpreende ao tocar em pontos relevantes sobre o que nos faz humanos. Nisso, vale dizer que a dinâmica cheia de camaradagem entre ele e John revela-se essencial para que esses detalhes da história funcionem convincentemente, além de ser cativante o bastante para sustentar o filme, por mais babacas que os dois sejam pontualmente, ao passo que Samantha (interpretada com carisma por Amanda Seyfried) substitui Lori satisfatoriamente, se encaixando com naturalidade naquele núcleo (ainda assim, a desculpa encontrada pelo roteiro para justificar a ausência de Mila Kunis não é das melhores).

Ted 2 basicamente tenta aproveitar a popularidade do filme anterior, sendo problemático como boa parte das continuações que buscam fazer isso. Se no primeiro Ted saí com lágrimas nos olhos de tanto rir, dessa vez saí apenas com um pequeno sorriso causado pela leve satisfação de ver um filme que “dá pro gasto”.

Obs.: Há uma cena depois dos créditos finais.

Nota:


Um comentário:

Hugo disse...

É um tipo de filme que geralmente funciona apenas uma vez.

O primeiro é bem engraçado, mas não dá para esperar muitas novidades nesta sequência.

Abraço