terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Operação Big Hero

Depois de passar uma boa parte da década passa sem se destacar tanto como antigamente, a Disney definitivamente tem se mostrado inspirada nos projetos que vem desenvolvendo nos últimos anos, montando uma sequência interessantíssima de longas de animação que chegou ao ápice com Detona Ralph e, claro, Frozen. Para tentar manter o nível alcançado por essas produções, o estúdio agora recorre a uma de suas propriedades mais valiosas, a Marvel, pegando personagens que não são tão conhecidos quanto os grandes super-heróis da editora. Mas esse detalhe deve estar prestes a mudar, já que as figuras vistas nesse Operação Big Hero  surpreendem, rendendo uma das melhores animações de 2014.

Escrito por Robert L. Baird em parceria com Jordan Roberts e Daniel Gerson, baseado nos quadrinhos de Duncan Rouleau e Steven T. Seagle, Operação Big Hero se passa na cidade futurística de San Fransokyo, onde vive o jovem de 14 anos Hiro Hamada (voz de Ryan Potter), que resolve seguir o conselho do irmão mais velho, Tadashi (Daniel Henney), e entrar para a faculdade. Ele, então, usa seu conhecimento em robótica para criar uma série de microbôs que impressionam o professor Robert Callahan (James Cromwell). Ao perder seu irmão em um trágico incêndio, Hiro é confortado por Baymax (Scott Adsit), robô que Tadashi havia criado para cuidar da saúde das pessoas. No entanto, o garoto descobre que os microbôs estão sendo usados por um misterioso indivíduo mascarado e que o incêndio pode não ter sido um acidente. Para saber o que realmente aconteceu, Hiro tem a ajuda de Baymax e dos colegas de Tadashi, Go Go (Jamie Chung), Wasabi (Damon Wayans Jr.), Honey Lemon (Genesis Rodrigues) e Fred (T.J. Miller).

Pelos dramas dos personagens e temas desenvolvidos pelo roteiro, Operação Big Hero claramente bebe das fontes da Disney e da Marvel, e quando a história começa nos deparamos com um mundo de grande energia, aspecto que se reflete imediatamente no design de produção repleto de cores quentes, que só saem de cena quando precisam dar lugar ao luto de Hiro com relação ao que aconteceu com o irmão. Aliás, visualmente o filme é um primor, sendo possível ver toques de animes japoneses na concepção tanto de San Fransokyo quanto dos personagens (a ótima trilha de Henry Jackman também é fortemente influenciada). Somando isso ao carisma arrebatador das figuras que nos guiam por aquele o universo, tem-se um filme que encanta ao mesmo tempo em que entretém o público de maneira inteligente do início ao fim.

Os diretores Don Hall e Chris Williams conduzem o filme com segurança, se saindo bem no timing das gags inseridas na história (destaque para quando Baymax tem que cuidar de alguns furos em seu corpo inflável) e, principalmente, nas cenas onde a ação é mais intensa, como nos embates entre os heróis e o vilão. Nesse último quesito, por sinal, é interessante notar não só a dinâmica de Hiro e seus amigos, que melhora de um confronto pro outro, mas também como o roteiro os coloca construindo armaduras que exploram criativamente as especialidades de cada um. Para completar, Hall e Williams, com a ajuda do montador Tim Mertens, conseguem impor um ritmo ágil a narrativa sem sacrificar a sensibilidade com a qual tratam os personagens. A relação de Hiro com Tashida, por exemplo, é tocante por deixar claro o amor que eles sentem um pelo outro além de sua camaradagem, enquanto que aquela que o garoto tem com Baymax não deve nada aos protagonistas da obra-prima O Gigante de Ferro, animação com a qual Operação Big Hero faria uma belíssima sessão dupla.

Operação Big Hero tem seus problemas. Em alguns momentos, o roteiro traz diálogos muito expositivos (“Você se formou na escola aos 13 anos”, diz Tadashi para Hiro), sem falar que a reviravolta envolvendo a identidade do vilão não é nenhum pouco surpreendente. Mas, felizmente, esses acabam sendo obstáculos pequenos, que não chegam a impedir o público de sair entusiasmado do cinema. E eu não me importaria de ver esses personagens em novas aventuras.

Obs.: Há uma cena depois dos créditos finais.

Nota:

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