Depois de passar uma boa parte da
década passa sem se destacar tanto como antigamente, a Disney definitivamente
tem se mostrado inspirada nos projetos que vem desenvolvendo nos últimos anos, montando
uma sequência interessantíssima de longas de animação que chegou ao ápice com Detona Ralph e, claro, Frozen. Para tentar manter o nível alcançado
por essas produções, o estúdio agora recorre a uma de suas propriedades mais
valiosas, a Marvel, pegando personagens que não são tão conhecidos quanto os
grandes super-heróis da editora. Mas esse detalhe deve estar prestes a mudar,
já que as figuras vistas nesse Operação
Big Hero surpreendem, rendendo uma das
melhores animações de 2014.
Escrito por Robert L. Baird em
parceria com Jordan Roberts e Daniel Gerson, baseado nos quadrinhos de Duncan
Rouleau e Steven T. Seagle, Operação Big
Hero se passa na cidade futurística de San Fransokyo, onde vive o jovem de
14 anos Hiro Hamada (voz de Ryan Potter), que resolve seguir o conselho do
irmão mais velho, Tadashi (Daniel Henney), e entrar para a faculdade. Ele,
então, usa seu conhecimento em robótica para criar uma série de microbôs que
impressionam o professor Robert Callahan (James Cromwell). Ao perder seu irmão
em um trágico incêndio, Hiro é confortado por Baymax (Scott Adsit), robô que Tadashi
havia criado para cuidar da saúde das pessoas. No entanto, o garoto descobre que
os microbôs estão sendo usados por um misterioso indivíduo mascarado e que o
incêndio pode não ter sido um acidente. Para saber o que realmente aconteceu, Hiro
tem a ajuda de Baymax e dos colegas de Tadashi, Go Go (Jamie Chung), Wasabi
(Damon Wayans Jr.), Honey Lemon (Genesis Rodrigues) e Fred (T.J. Miller).
Pelos dramas dos personagens e temas
desenvolvidos pelo roteiro, Operação Big
Hero claramente bebe das fontes da Disney e da Marvel, e quando a história
começa nos deparamos com um mundo de grande energia, aspecto que se reflete imediatamente
no design de produção repleto de cores quentes, que só saem de cena quando
precisam dar lugar ao luto de Hiro com relação ao que aconteceu com o irmão. Aliás,
visualmente o filme é um primor, sendo possível ver toques de animes japoneses na
concepção tanto de San Fransokyo quanto dos personagens (a ótima trilha de
Henry Jackman também é fortemente influenciada). Somando isso ao carisma
arrebatador das figuras que nos guiam por aquele o universo, tem-se um filme
que encanta ao mesmo tempo em que entretém o público de maneira inteligente do
início ao fim.
Os diretores Don Hall e Chris
Williams conduzem o filme com segurança, se saindo bem no timing das gags inseridas na história (destaque
para quando Baymax tem que cuidar de alguns furos em seu corpo inflável) e,
principalmente, nas cenas onde a ação é mais intensa, como nos embates entre os
heróis e o vilão. Nesse último quesito, por sinal, é interessante notar não só a
dinâmica de Hiro e seus amigos, que melhora de um confronto pro outro, mas
também como o roteiro os coloca construindo armaduras que exploram criativamente
as especialidades de cada um. Para completar, Hall e Williams, com a ajuda do
montador Tim Mertens, conseguem impor um ritmo ágil a narrativa sem sacrificar
a sensibilidade com a qual tratam os personagens. A relação de Hiro com
Tashida, por exemplo, é tocante por deixar claro o amor que eles sentem um pelo
outro além de sua camaradagem, enquanto que aquela que o garoto tem com Baymax não
deve nada aos protagonistas da obra-prima O
Gigante de Ferro, animação com a qual Operação
Big Hero faria uma belíssima sessão dupla.
Operação Big Hero tem seus problemas. Em alguns momentos, o roteiro
traz diálogos muito expositivos (“Você se formou na escola aos 13 anos”, diz
Tadashi para Hiro), sem falar que a reviravolta envolvendo a identidade do vilão não é nenhum pouco
surpreendente. Mas, felizmente, esses acabam sendo obstáculos pequenos, que não chegam a impedir o público de sair entusiasmado do cinema. E eu não
me importaria de ver esses personagens em novas aventuras.
Obs.: Há uma cena depois dos
créditos finais.
Nota:
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