Depois de estrelar quatro filmes como James Bond na franquia 007, Pierce Brosnan
ficou meio longe dos thrillers de espionagem, se dividindo entre outros
gêneros que vão da comédia até a fantasia. Mas o ator retorna ao nicho
no qual obteve mais sucesso neste November Man: Um Espião Nunca Morre, thriller comandado por Roger Donaldson, diretor com quem o astro trabalhou no já esquecido O Inferno de Dante. E apesar de problemático, a nova parceria dos dois resulta em
uma obra razoável, em parte exatamente por causa da presença de Brosnan.
Baseado no livro de Bill Granger,
o roteiro escrito por Michael Finch e Karl Gajdusek se concentra em Peter
Deveraux (Brosnan), agente da CIA que se aposenta depois que uma de suas
missões termina tragicamente graças a um erro de seu então pupilo David Mason
(Luke Bracey). Anos depois, Deveraux é chamado por seu superior, John Henley
(Bill Smitrovich), para ajudar na fuga de uma informante que conseguiu provas
de que o presidente eleito da Rússia, Arkady Federov (Lazar Ristovski), é um
criminoso de guerra. Mas as coisas não saem como planejado e a CIA fica no
encalço de Deveraux, que com o auxílio da assistente social Alice Fournier
(Olga Kurylenko) passa a tentar desmantelar toda a conspiração por trás do que
está acontecendo, ao passo que Mason é enviado para eliminá-lo.
Inicialmente, November Man aparenta ter potencial para
render um belo filme, mas à medida que avançamos na narrativa ele vai caindo
com facilidade em uma sucessão de clichês, além de perder um pouco o foco da
história de vez em quando. Isso ocorre até por o roteiro inserir muito mais
peças do que é capaz de lidar em seu jogo de gato e rato, numa possível
tentativa de deixar a trama mais complexa. Mesmo assim, o clima conspiratório
imposto por Roger Donaldson funciona bem, o que impede o filme de ser
aborrecido, envolvendo o espectador durante a maior parte do tempo. Mas se
nesse aspecto o realizador acerta, o mesmo não pode ser dito sobre o modo como
ele conduz as cenas de ação, que se revelam burocráticas em sua maioria, não
tendo nada de especial.
Assim, o atrativo absoluto do
filme acaba sendo Pierce Brosnan, que surpreende ao encarnar Peter Deveraux com
uma intensidade que pouco tem se visto em seus trabalhos recentes. Com uma
presença admirável em cena, Brosnan faz do protagonista uma figura cuja
autoridade e experiência ficam evidentes logo de cara, sem falar que é curioso
ver que ele se mostra disposto a machucar pessoas inocentes para atingir alguém
que vê como inimigo. E a relação de Deveraux com Mason (interpretado com
segurança por Luke Bracey) chama atenção pelo respeito que eles claramente
têm um pelo outro, mesmo estando em lados opostos. No entanto, é uma pena isso
não reflita na dinâmica dele com Alice Fournier, personagem que a bela Olga
Kurylenko faz o possível para tornar interessante, apesar de o roteiro não ajudá-la muito.
Se equilibrando entre acertos e
erros, November Man é um filme que
até pode entreter enquanto durar. Mas é o tipo de produção que passa
despercebida por não fazer nada muito memorável em termos narrativos.
Nota:
Nenhum comentário:
Postar um comentário