Comparado aos outros filmes dirigidos por David Fincher (desde Alien 3 até Millennium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres), O Quarto do Pânico
talvez seja a produção mais simples que o cineasta tenha comandado ao
longo de sua carreira. Afinal, a trama se passa quase que inteiramente
em um único cenário, além de trazer um pequeno grupo de personagens em
sua história. No entanto, isso não impediu o diretor de realizar uma
obra muito eficiente dentro de suas limitações.
Escrito por David Koepp, O Quarto do Pânico segue Meg Altman (Jodie Foster), uma mulher recém divorciada que acaba de se mudar para uma nova e grande residência com sua filha, Sarah (Kristen Stewart). Na primeira noite delas ali, no entanto, o lugar é invadido por três ladrões, Burham, Junior e Raoul (Forest Whitaker, Jared Leto e Dwight Yoakam, respectivamente), o que as obriga a se esconderem no chamado Quarto do Pânico, o compartimento de segurança da casa. Mas elas não sabem que o conteúdo que os bandidos querem está exatamente naquele lugar, sendo que eles passam a fazer de tudo para tirá-las dali.
Qual a razão de mãe e filha precisarem de um lugar tão espaçoso para morarem é um detalhe um tanto incompreensível, mas que pouco importa para o desenrolar da história, uma vez que a casa é o cenário perfeito para a ação prevista. O fato de David Fincher gastar os primeiros minutos do filme apresentando o local e seus principais aposentos, com sua câmera por vezes fazendo um verdadeiro passeio por ali com suaves travellings, é mais do que apropriado – afinal, não sairemos dali pelas próximas duas horas. Além disso, o roteiro aproveita esse início para estabelecer determinados elementos que revelam sua importância no decorrer da narrativa, como um celular no quarto e a diabetes de Sarah.
Com isso pronto, o roteiro dá início a um jogo de gato e rato interessante e muito bem conduzido pelo realizador, com os personagens constantemente fazendo alguma coisa de um lado na espera do que acontecerá no outro, sempre se surpreendendo com o que veem (como na cena envolvendo gás). Nisso, Fincher cria habilmente uma atmosfera de tensão crescente e inquietante, muito bem ressaltada pela fotografia sombria de Conrad W. Hall e Darius Khondji (este último foi substituído pelo primeiro durante as filmagens após desentendimentos com o diretor) e pela ótima trilha de Howard Shore.
Jodie Foster, conhecida por interpretar mulheres fortes no cinema, faz de Meg Altman uma personagem que certamente pode ser incluída nessa coleção da atriz. Temos aqui uma figura que não se amedronta ao bater de frente com os vilões, sem medir esforços para afugentá-los e proteger a filha. Aliás, a dinâmica que Foster tem com Kristen Stewart é ótima e contribui muito para que nos importemos com as personagens. E se Jared Leto tem em Junior um cara cuja ilusão de estar no comando da situação chega a ser divertida, Forest Whitaker se destaca ao fazer de Burnham o único ladrão sensível do trio, ao passo que Dwight Yoakam compõe Raoul como um homem calmo e misterioso, e exatamente por isso acaba sendo o mais ameaçador.
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