quinta-feira, 17 de abril de 2014

O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro

Fazer um reboot de Homem-Aranha recontando a origem do personagem no cinema soou muito precoce e desnecessária, considerando que essa história está fresca na memória e pouco tempo havia passado desde o fim da trilogia de Sam Raimi. Mas mesmo que este e outros problemas tenham prejudicado O Espetacular Homem-Aranha, o filme ainda assim se revelou uma aventura capaz de divertir. Com a nova fase do Cabeça de Teia agora estabelecida, O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro (que subtítulo dispensável, hein?) tem a vantagem de poder explorar mais o universo do herói e dar continuidade a tramas que foram apresentadas anteriormente, mas ficaram um tanto perdidas e sem conclusão. E esse segundo filme faz isso bem, conseguindo também entreter e até emocionar com seus personagens.

Escrito por Alex Kurtzman, Roberto Orci e Jeff Pinkner, e com argumento feito por eles em parceria com James Vanderbilt, O Espetacular Homem-Aranha 2 traz Peter Parker (Andrew Garfield) acostumado com sua rotina de herói em Nova York, mesmo que isso torne sua vida pessoal conturbada. Tendo receio de continuar seu relacionamento com Gwen Stacy (Emma Stone) devido à promessa que fez ao Capitão Stacy (Denis Leary) antes dele morrer, Peter ainda se mostra determinado a descobrir a verdade sobre seu pai e o envolvimento dele com a Oscorp, ao mesmo tempo em que se vê obrigado a enfrentar um novo supervilão, Electro (Jamie Foxx). Em meio a isso, seu melhor amigo Harry Osborn (Dane DeHaan) retorna à cidade para assumir a empresa do pai Norman (Chris Cooper), cuja doença acaba afetando o rapaz e o faz correr atrás de uma cura.

Com tantos personagens envolvidos em tantas subtramas, O Espetacular Homem-Aranha 2 às vezes parece indeciso com relação ao que deseja focar, e acaba não sendo uma surpresa que ele fique meio inchado, além de contar com algumas coisas desinteressantes para a história, como as pontuais aparições do Capitão Stacy. No entanto, o filme ganha pontos por não deixar fios soltos na trama como aconteceu em seu antecessor, dando uma resolução a tudo o que vemos na tela. O roteiro também dedica um bom tempo no desenvolvimento dos personagens e realiza bem essa tarefa, mesmo que de vez em quando escorregue em diálogos muito expositivos, como no primeiro encontro entre Harry e Norman. E se em alguns aspectos é possível lembrar um pouco o fraco Homem-Aranha 3 (sem dúvida o pior filme da franquia até agora), ao menos isso fica só na lembrança, porque as coisas por aqui funcionam melhor, além de não apresentar algum elemento particularmente constrangedor como foi naquele filme.

Conduzindo toda a ação com segurança, Marc Webb faz esse quesito ser um dos pontos altos da produção, criando momentos de tirar o fôlego, desde a tensão da cena inicial em um avião, passando pela perseguição envolvendo Aleksei Sytsevich (Paul Giamatti em uma rápida participação) e chegando aos embates contra Electro. Vale dizer que o diretor ainda é hábil ao explorar o máximo que pode das habilidades dos personagens, como ao investir em planos quase em freeze-frame para mostrar os pequenos detalhes que o herói percebe quando pessoas inocentes estão em perigo. E é interessante ver que Peter se vê obrigado a utilizar mais do que seus grandes poderes para tentar derrubar os vilões, usando também sua bem conhecida inteligência. Para completar, Webb se revela inspirado em uma cena específica na qual vemos uma teia ganhar a forma de uma mão por alguns segundos, assim como no uso da câmera subjetiva quando o protagonista aparece se balançando entre os prédios da cidade, elemento que é muito melhor utilizado do que no primeiro filme.

Enquanto isso, Andrew Garfield surge mais confortável e carismático como Peter Parker, além de divertidíssimo quando está sob a máscara do Homem-Aranha, trazendo o característico bom humor do herói eficientemente (e é bacana ver que os momentos engraçados não tiram o impacto de outros mais dramáticos). Garfield ainda mantém intacta a ótima química que criou com a adorável Emma Stone no filme passado, ajudando para que nós nos importemos com os personagens, o que se revela importante principalmente no terceiro ato. E se Dane DeHaan faz de Harry Osborn uma figura em quem não conseguimos confiar plenamente mesmo com toda sua camaradagem com Peter, Jamie Foxx usa seu talento para fazer de Max Dillon uma figura insegura e atrapalhada, criando um belo contraste com o vilão que ele se torna depois (é até uma pena que ele vire quase um capanga a partir de determinado momento). Fechando o elenco, Sally Field finalmente tem a chance de se destacar como a querida tia May, tendo uma dinâmica familiar tocante com Andrew Garfield, compensando o fato de ela ter ficado um pouco apagada no filme anterior.

Assim, O Espetacular Homem-Aranha 2 se mostra melhor que seu divertido antecessor, representando um bom exemplar na franquia do Cabeça de Teia. E fica a promessa de desafios ainda maiores para o herói em seus próximos filmes.

Obs.: Segundo colegas críticos, o filme tem uma cena extra durante ou depois dos créditos, mas por algum motivo ela foi cortada da exibição para a imprensa. Talvez ela seja mantida nas sessões para o público.

Obs. 2: O 3D não faz muito diferença no filme, então quem preferir ver a versão 2D não perderá nada.

Nenhum comentário: