Fazer um reboot de Homem-Aranha recontando
a origem do personagem no cinema soou muito precoce e desnecessária,
considerando que essa história está fresca na memória e pouco tempo havia
passado desde o fim da trilogia de Sam Raimi. Mas mesmo que este e outros
problemas tenham prejudicado O Espetacular Homem-Aranha, o filme ainda assim se
revelou uma aventura capaz de divertir. Com a nova fase do Cabeça de Teia agora
estabelecida, O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro (que subtítulo dispensável, hein?) tem a vantagem de poder explorar mais o universo do herói
e dar continuidade a tramas que foram apresentadas anteriormente, mas ficaram
um tanto perdidas e sem conclusão. E esse segundo filme faz isso bem, conseguindo
também entreter e até emocionar com seus personagens.
Escrito por Alex Kurtzman,
Roberto Orci e Jeff Pinkner, e com argumento feito por eles em parceria com
James Vanderbilt, O Espetacular Homem-Aranha 2 traz Peter Parker (Andrew Garfield)
acostumado com sua rotina de herói em Nova York, mesmo que isso torne sua vida
pessoal conturbada. Tendo receio de continuar seu relacionamento com Gwen Stacy
(Emma Stone) devido à promessa que fez ao Capitão Stacy (Denis Leary) antes
dele morrer, Peter ainda se mostra determinado a descobrir a verdade sobre seu
pai e o envolvimento dele com a Oscorp, ao mesmo tempo em que se vê obrigado a
enfrentar um novo supervilão, Electro (Jamie Foxx). Em meio a isso, seu melhor
amigo Harry Osborn (Dane DeHaan) retorna à cidade para assumir a empresa do pai
Norman (Chris Cooper), cuja doença acaba afetando o rapaz e o faz correr atrás
de uma cura.
Com tantos personagens envolvidos
em tantas subtramas, O Espetacular Homem-Aranha 2 às vezes parece indeciso com
relação ao que deseja focar, e acaba não sendo uma surpresa que ele fique meio inchado,
além de contar com algumas coisas desinteressantes para a história, como as
pontuais aparições do Capitão Stacy. No entanto, o filme ganha pontos por não
deixar fios soltos na trama como aconteceu em seu antecessor, dando uma resolução a tudo o que vemos na tela. O roteiro também
dedica um bom tempo no desenvolvimento dos personagens e realiza bem essa
tarefa, mesmo que de vez em quando escorregue em diálogos muito expositivos,
como no primeiro encontro entre Harry e Norman. E se em alguns aspectos é
possível lembrar um pouco o fraco Homem-Aranha 3 (sem dúvida o pior filme da
franquia até agora), ao menos isso fica só na lembrança, porque as coisas por
aqui funcionam melhor, além de não apresentar algum elemento particularmente
constrangedor como foi naquele filme.
Conduzindo toda a ação com
segurança, Marc Webb faz esse quesito ser um dos pontos altos da produção, criando
momentos de tirar o fôlego, desde a tensão da cena inicial em um avião,
passando pela perseguição envolvendo Aleksei Sytsevich (Paul Giamatti em uma
rápida participação) e chegando aos embates contra Electro. Vale dizer que o
diretor ainda é hábil ao explorar o máximo que pode das habilidades dos
personagens, como ao investir em planos quase em freeze-frame para mostrar os
pequenos detalhes que o herói percebe quando pessoas inocentes estão em perigo.
E é interessante ver que Peter se vê obrigado a utilizar mais do que seus grandes
poderes para tentar derrubar os vilões, usando também sua bem conhecida
inteligência. Para completar, Webb se revela inspirado em uma cena específica na
qual vemos uma teia ganhar a forma de uma mão por alguns segundos, assim como no uso da câmera subjetiva quando o protagonista aparece se balançando entre os prédios da cidade, elemento que é muito melhor utilizado do que no primeiro filme.
Enquanto isso, Andrew Garfield
surge mais confortável e carismático como Peter Parker, além de divertidíssimo
quando está sob a máscara do Homem-Aranha, trazendo o característico bom humor do herói
eficientemente (e é bacana ver que os momentos engraçados não tiram o impacto
de outros mais dramáticos). Garfield ainda mantém intacta a ótima química que
criou com a adorável Emma Stone no filme passado, ajudando para que nós nos
importemos com os personagens, o que se revela importante principalmente no
terceiro ato. E se Dane DeHaan faz de Harry Osborn uma figura em quem não
conseguimos confiar plenamente mesmo com toda sua camaradagem com Peter, Jamie
Foxx usa seu talento para fazer de Max Dillon uma figura insegura e
atrapalhada, criando um belo contraste com o vilão que ele se torna depois (é
até uma pena que ele vire quase um capanga a partir de determinado momento).
Fechando o elenco, Sally Field finalmente tem a chance de se destacar como a
querida tia May, tendo uma dinâmica familiar tocante com Andrew Garfield, compensando
o fato de ela ter ficado um pouco apagada no filme anterior.
Assim, O Espetacular Homem-Aranha
2 se mostra melhor que seu divertido antecessor, representando um bom
exemplar na franquia do Cabeça de Teia. E fica a promessa de desafios ainda
maiores para o herói em seus próximos filmes.
Obs.: Segundo colegas críticos, o
filme tem uma cena extra durante ou depois dos créditos, mas por algum motivo
ela foi cortada da exibição para a imprensa. Talvez ela seja mantida nas
sessões para o público.
Obs. 2: O 3D não faz muito diferença no filme, então quem preferir ver a versão 2D não perderá nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário