Partindo de um trailer falso que acompanhou os filmes Planeta Terror e À Prova de Morte, que por sua vez formavam o projeto Grindhouse, de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, Machete foi uma ideia interessante, mas desperdiçada em uma produção que
pouco fazia rir, apesar de contar com o carisma de seu protagonista
interpretado por Danny Trejo. O personagem agora retorna em uma nova
aventura nessa continuação, Machete Mata, que já havia sido prometida por Robert Rodriguez ao final do filme anterior. Mas o que vemos agora é um verdadeiro desastre.
Escrito por Kyle Ward e com
argumento de Robert Rodriguez e seu irmão Marcel Rodriguez, Machete Mata traz o
protagonista e sua parceira Sartana (Jessica Alba) em uma missão na qual matam
vários indivíduos que faziam parte de uma transação de tráfico de armas. No
entanto, ela é assassinada pelo líder de um dos grupos envolvidos, o que faz
Machete querer vingança. Ele é convocado por Rathcock (Charlie Sheen), o
presidente dos Estados Unidos, para uma missão onde deve capturar e matar
Marcos Mendez (Demián Bichir), que ameaça jogar um míssil nuclear em
Washington. Mas Machete descobre que o míssil será acionado se Mendez morrer,
obrigando-o a ir atrás do fabricante Luther Voz (Mel Gibson) para desarmar a
arma. Mal sabe ele que ainda poderá aproveitar para realizar sua vingança.
Voltando a impor um estilo mais
trash na condução do longa, Robert Rodriguez tenta levar Machete Mata por um
caminho mais cômico, buscando não se levar tão a sério. O problema é todas as
tentativas de humor do filme falham miseravelmente, rendendo momentos
constrangedores, como quando a Madame Desdemona (Sofía Vergara) usa armas que
aproveitam seus atributos físicos. Além disso, mesmo pra algo trash, Rodriguez
filma tudo de maneira bastante displicente, sendo que ele subestima
constantemente a inteligência do espectador ao achar que qualquer espirro de
sangue ou frase de efeito fará o publico rir. As cenas de ação, por exemplo,
contam com a violência cartunesca típica do diretor, com tiros que explodem os
corpos de várias figuras que aparecem na tela, mas além de elas terem um ritmo
envolvente ainda ficam cansativas depois de um tempo. Rodriguez também chega a
aparentar um pouco de falta de criatividade ao trazer o protagonista fazendo
algo surreal com os intestinos de um capanga, lembrando muito uma cena do filme
anterior.
Para azar de Machete Mata, nem o
carisma de Danny Trejo dá as caras para tornar as coisas mais suportáveis.
Aqui, Trejo surge no piloto automático na maior parte do filme, e também é
obrigado a dizer falas como “Machete não tweeta”, “Machete não falha”, “Machete
não brinca”, que devem funcionar maravilhosamente bem no roteiro, mas no filme
não só aparecem sem a menor graça como ainda são repetitivas. Enquanto isso, o
talentoso Demián Bichir investe numa caracterização excêntrica interpretando
Marcos Mendez e suas várias personalidades, mas só isso não é o suficiente para
tornar o personagem uma figura divertida. E se a ideia de trazer Charlie Sheen
(um cara que parece ter enlouquecido nos últimos anos) no papel de presidente
dos Estados Unidos é uma sacada curiosa, na prática acaba não funcionando tão
bem quanto poderia, ao passo que Mel Gibson (outro ator que ficou em baixa
depois de algumas polêmicas) encarna Luther Voz com energia, mas o personagem
em si não é muito interessante, sendo até meio ridículo com seu “grande” poder
de déjà vu.
Depois de ver Machete Mata, resta
esperar que Robert Rodriguez não aproveite o gancho deixado ao final da
história e resolva fazer um terceiro capítulo protagonizado por Machete, o que
transformaria em filme o trailer falso é exibido logo no início. Esta continuação
já foi torturante o bastante.
Nota:
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