Logo em seus cinco minutos
iniciais, Frozen traz um encantamento tão grande com seus personagens que seria
muito decepcionante se o filme se perdesse gravemente no decorrer de sua
narrativa. Nesse período de tempo, podemos de certa forma sentir que essa nova
animação da Disney, comandada por Chris Buck (diretor de Tarzan e Tá
Dando Onda) e Jennifer Lee, nos fará sair satisfeitos do cinema. Até por isso,
é realmente gratificante que tal encantamento se mantenha ao longo de toda a projeção,
resultando em um dos trabalhos mais divertidos e adoráveis que o estúdio do
Mickey fez nos últimos anos, assim como foi com Detona Ralph.
Baseado no conto “The Snow
Queen”, de Hans Christian Andersen, o roteiro escrito pela própria Jennifer
Lee, e com argumento dela em parceria com Buck e Shane Morris, nos apresenta as
princesas Elsa e Anna, do reino de Arendelle. Elsa tem o poder de congelar
qualquer coisa, e uma noite acidentalmente acaba ferindo Anna, cuja memória
envolvendo as habilidades da irmã é apagada. Para sua própria segurança e das
pessoas ao seu redor, Elsa se mantém isolada até o momento em que precisa
assumir o trono de Arrendelle, mesmo dia em que Anna conhece o príncipe Hans e
fica noiva dele logo de cara. Após uma discussão entre as irmãs, os poderes de
Elsa saem do controle e a obrigam a fugir, fazendo Anna partir em uma jornada
para encontra-la. Para isso, ela tem a ajuda de Kristoff e sua rena Sven, além
do boneco de neve Olaf.
Ao longo de Frozen, vemos uma
série de personagens bastante expressivos pelos quais é difícil não nos
importarmos, o que acaba sendo essencial para que a história prenda a atenção
do público. Elsa, por exemplo, é uma figura trágica, cujo poder mesmo tendo
algumas vantagens (como podemos ver logo no início quando ela brinca com a irmã)
acaba sendo uma maldição pelo fato de ela não saber controla-lo. Enquanto isso,
Anna se revela bastante serelepe e excêntrica (sua entrada quando
Elsa é coroada estabelece o quanto elas são diferentes uma da outra), mostrando
um carisma arrebatador. E se Kristoff e Sven formam uma bela e divertida
amizade, lembrando um pouco a dupla Aladdin e Apu, Hans demonstra ser um homem
bondoso, que se preocupa com as pessoas ao seu redor. Já Olaf (que aqui no Brasil
ganhou uma dublagem surpreendentemente boa de Fabio Porchat) é um personagem simpático
ao mesmo tempo em que é um alívio cômico mais do que eficiente, e seu número musical
envolvendo o verão é um dos pontos altos do filme.
Jennifer Lee e Chris Buck tratam
a história e os personagens com grande sensibilidade, além de conseguirem colocar
algumas gags de modo que estas não atrapalhem a urgência que permeia a história
em certos momentos. Os realizadores também conduzem os números musicais com
criatividade, inserindo-os no filme sempre organicamente e aproveitando as personalidades dos personagens, enquanto as canções ainda ajudam a desenvolvê-los. Além disso, o design de produção capricha no reino de Arrendelle, que apesar de elegante e confortável é bastante sufocante para Elsa, que se sente uma estranha por lá. Não é à toa que o momento mais tocante do filme é quando ela constrói um grandioso castelo de gelo nas montanhas e troca seu vestido de princesa por um vestido azul, já que ali ela se sente livre para se entregar a sua verdadeira natureza. Pra completar, é interessante
ver que quando o roteiro parece que irá seguir a velha história do “beijo
salvador”, um dos clichês mais batidos da história das animações da Disney, ele
ainda assim mostra ser capaz de surpreender o público inteligentemente.
Falhando apenas com relação a
alguns diálogos muito expositivos (“É mais fácil derreter uma cabeça congelada
do que curar um coração congelado”) e a uma reviravolta no início do terceiro
ato, que muda a personalidade de um personagem de maneira muito brusca e sem
lógica, Frozen ainda assim é um filme que contagia com toda sua magia.
Como é bom ver a Disney acertando
em cheio.
Obs.: Há uma breve cena após os
créditos finais.
Obs. 2: O curta Hora de Viajar,
que passou antes do filme e traz uma aventura de Mickey e sua turma, é divertidíssimo.
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