quinta-feira, 18 de abril de 2013

A Morte do Demônio

Com um orçamento limitadíssimo e uma equipe de filmagem inexperiente liderada por um jovem Sam Raimi, A Morte do Demônio (ou The Evil Dead, como é mais conhecido) foi uma grande surpresa no início da década de 1980, sendo muito aclamado em seu lançamento. Entretendo e assustando, o filme mantém até hoje o titulo de clássico cult, tendo rendido ainda as continuações Uma Noite Alucinante e Uma Noite Alucinante 3 (eu sei, os tradutores dos títulos fizeram confusão), formando uma trilogia muito divertida. Um remake para o filme é algo que soa desnecessário, assim como foi com tantas outras obras de terror que ganharam novas roupagens nos últimos anos. Mas diferente das pavorosas refilmagens de A Hora do Pesadelo, Sexta-Feira 13 e O Massacre da Serra Elétrica, esta produção dirigida pelo uruguaio Fede Alvarez (responsável pelo bom curta Ataque de Pânico, que fez muito sucesso na internet) e produzida por Raimi e Bruce Campbell (o astro da trilogia) pelo menos mostra ser interessante com todo o jorro de sangue que banha a tela.
Escrito por Alvarez em parceria com Rodo Sayagues (que colaborou com o diretor não só em Ataque de Pânico, mas também em outros projetos), este novo A Morte do Demônio traz David (Shiloh Fernandez), sua irmã Mia (Jane Levy), a namorada dele Natalie (Elizabeth Blackmore), o professor Eric (Lou Taylor Pucci) e a enfermeira Olivia (Jessica Lucas), todos jovens que resolvem fazer uma reunião em uma antiga cabana. Lá eles pretendem fazer com que Mia supere seu vício em drogas. Só que tudo passa a dar errado no momento em que um deles lê uma passagem do Naturom Demonto, o livro do demônio, fazendo com que seres malignos transformem o local em um verdadeiro inferno.
A Morte do Demônio demonstra estar mais empenhado a causar calafrios no público com sua violência do que qualquer outra coisa. Nesse sentido, Fede Alvarez não economiza no gore quando surge a oportunidade de fazer algo nojento, como ao mostrar alguém partindo uma língua ao meio ou na cena em que uma personagem leva um banho de vômito sanguinolento (Sam Raimi deve ter ficado orgulhoso dessa parte). Sendo assim, os efeitos práticos realizados nessas sequências são muito convincentes, o que se deve graças ao bom trabalho das equipes de maquiagem e efeitos visuais. Mesmo assim, a violência do filme não chega a ser uma grande novidade, não devendo nada a franquias como Jogos Mortais.
Enquanto isso, o roteiro acerta ao não se preocupar tanto em ficar fazendo referências ao filme original. Quando tais referências aparecem, Alvarez e Rodo Sayagues fazem isso de maneira bastante natural na história, não sendo algo puramente gratuito, como a inclusão de uma determinada serra elétrica. E apesar do tom mais sério, o humor negro ainda aparece em algumas cenas e consegue divertir (a fala de uma determinada personagem depois que ela decepa o próprio braço é hilária).
Fede Alvarez se sai bem ao construir uma boa atmosfera de tensão em torno da narrativa, o que funciona na maior parte do tempo e de certa forma ajuda a prender a atenção do público, principalmente no terceiro ato da trama, que representa o melhor momento do filme. No entanto, o diretor falha ao tentar causar os sustos, o que ele infelizmente não consegue fazer nem usando os típicos efeitos sonoros para intensifica-los. Chega a ser triste ver o diretor tentar arrancar alguns gritos utilizando o velho clichê do personagem que se assusta com algo que vê no espelho.
Mas o principal problema de A Morte do Demônio é seus personagens, que mostram ser pouco inteligentes (logo no início eles veem que alguma bruxaria aconteceu na cabana, mas mesmo assim preferem ficar por ali), além de serem transformados em seres muito aborrecidos por seus intérpretes. Ninguém aqui tem a energia, o carisma ou o bom humor de Bruce Campbell quando este encarnava Ash. O maior destaque acaba ficando com a protagonista Jane Levy, que faz de Mia uma figura mais interessante no terceiro ato. Até lá a atriz não consegue fazer muita coisa com a personagem, já que ela fica possuída durante grande parte da história.
Diferente do que diz em seu cartaz de divulgação, A Morte do Demônio não é nem de perto o filme mais apavorante que veremos. Mas é uma produção eficiente e que não mancha a imagem que a série mantém até agora.
Obs.: Há uma brevíssima cena depois dos créditos finais que os conhecedores da franquia devem gostar.
Cotação:

Um comentário:

Hugo disse...

Ainda pretendo conferir, mas a princípio também considero uma refilmagem desnecessária.

A criatividade de Raimi no filme original e no divertido "Uma Noite Alucinante" são o suficiente.

Abraço