terça-feira, 24 de julho de 2012

Batman - Através dos Filmes

Aproveitando a estreia de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, o blog faz agora um pequeno especial sobre os filmes do Homem-Morcego nos cinemas. A franquia cinematográfica de Batman pode ser uma boa representação de uma fênix. Afinal, depois de se estabelecer como algo interessante nos filmes dirigidos por Tim Burton, o personagem viu suas histórias irem ao fundo do poço a partir da metade da década de 1990, e foi preciso quase uma década para que se recuperasse, ressurgindo das cinzas. Hora de fazer essa pequena recapitulação.
Batman: O Homem-Morcego
O primeiro filme estrelado por Batman e os outros personagens de suas HQs veio em 1966. Batman: O Homem Morcego havia sido planejado para fazer parte da famosa série Batman, estrelada por Adam West e Burt Ward. Mas acabou sendo lançado nos cinemas para aproveitar a popularidade do programa, que durou três temporadas.
Batman: O Homem Morcego tem problemas óbvios, como os diálogos explicativos demais (em certo momento Batman fala “Se tirarmos nossas máscaras, nossas identidades serão reveladas”, e este é o menor dos exemplos) e cenas de ação que são bastante bagunçadas. Mas consegue ter seus momentos de pura diversão, como a cena em que Batman corre para se desfazer de uma bomba (assista o video abaixo), ou o confronto final de Batman e Robin contra os vilões Coringa (Cesar Romero), Pinguim (Burgess Meredith, também conhecido como o treinador de Rocky Balboa, Mickey Goldmill), Charada (Frank Gorshin) e Mulher-Gato (Lee Meriwether), que conta com as famosas onomatopeias da série de TV.
Apesar dos absurdos que se vê ao longo da história (como no início, quando o herói é mordido por um tubarão que havia engolido uma mina e, por isso, explode ao cair no mar), Batman: O Homem Morcego pode não ter sido um grande começo para o personagem nas telonas, mas é um filme no mínimo curioso e pelo menos em termos de diversão é bem melhor que as bombas que o herói ainda iria enfrentar (e que comentarei daqui a pouco).
A Fase Sombria de Tim Burton
Em 1986, Tim Burton aceitou o trabalho de levar o personagem de volta às telonas. Lançando Batman em 1989 com Michael Keaton no papel principal (algo que os fãs do personagem não gostaram nenhum pouco a princípio), Burton apresentou um filme com um tom muito mais sério, em uma Gothan City que parecia um pesadelo graças ao habitual estilo gótico do diretor, o que é bastante apropriado em uma cidade bastante violenta. Mesmo com uma abordagem mais sombria o filme tem momentos divertidíssimos, e muito se deve a bela interpretação de Jack Nicholson como o Coringa.
Em 1992, veio a continuação Batman: O Retorno e um tom ainda mais sombrio do que aquele visto anteriormente. Com o Pinguim (Danny DeVito) e a Mulher-Gato (Michelle Pfeiffer) como principais vilões, a história pouco se concentra em Bruce Wayne, focando muito mais seus antagonistas, enquanto que o herói ganha mais atenção em seu relacionamento com Selina Kyle. Com algumas falas de duplo sentido (em uma cena, quando encontra a Mulher-Gato, o Pinguim diz “Just the pussy I've been lookin' for!”, que prefiro não traduzir), o roteiro do filme certamente precisaria de algumas alterações para ser produzido hoje.
Foram dois filmes interessantes, que estabeleceram bem o tipo de universo que Batman deveria percorrer. Uma pena que tudo começaria a virar um grande carnaval três anos mais tarde.
O Erros de Joel Schumacher
A bilheteria de Batman: O Retorno ficou abaixo dos números esperados pela Warner, e o estúdio resolveu tirar a abordagem sombria na qual Tim Burton havia mergulhado a franquia. No entanto, ele ficou como produtor de Batman Eternamente e ajudou a escolher Joel Schumacher para assumir a cadeira de direção do terceiro filme, que ainda faria o cineasta ser chamado para uma quarta produção (esta sem qualquer envolvimento de Burton).
Com o objetivo de fazer algo mais “família” e divertido para o público, Schumacher e os roteiristas (um deles sendo o medíocre Akiva Goldsman, e é vergonhoso que esse cara tenha um Oscar na estante, ainda que seja por um bom filme) acabaram transformando Batman em um verdadeiro festival de cafonice. Repleto de cores quentes e gags que buscam o riso fácil, Batman Eternamente e Batman & Robin em nada lembram o universo criado por Tim Burton, além de contar com os famosos mamilos na roupa do herói. Batman Eternamente até diverte em alguns momentos, mas muito pouco diante de tantas escolhas erradas.
Tudo piora em Batman & Robin, lançado em 1997, no qual as cenas de ação são uma bagunça, o roteiro muito capenga, o elenco mal escalado e as gags não fazem com que ríamos com o filme, e sim do filme, transformando tudo em uma experiência desagradável. Até George Clooney (um ator e diretor excepcional, mas que foi um Batman fraquíssimo) se envergonha, e volta e meia faz piadas com a produção.
Batman ficaria no limbo durante alguns anos, até que em 2003 um certo cineasta britânico foi contratado para dar nova vida ao herói.
Christopher Nolan e a Trilogia do Cavaleiro das Trevas
Com Christopher Nolan no comando, Batman Begins chegou em 2005 apenas como mais um filme de super-herói no meio de tantas outras produções. Mas surpreendeu com sua história de origem extremamente eficiente e também com o viés mais realista conferido por seu ambicioso diretor. Gotham City, por exemplo, se tornou um lugar muito mais real do que aquela cidade de visual gótico apresentada por Tim Burton, e o fato de ela ser dominada pelo medo, pela violência e pela corrupção é muito mais explorado. Até a própria figura de Batman, seus acessórios e os vilões que ele enfrenta se tornaram mais críveis. E Nolan achou em Christian Bale (um ator espetacular) o Bruce Wayne perfeito.
Dando continuação a história de Batman Begins viria Batman: O Cavaleiro das Trevas, um dos melhores filmes de 2008. Trazendo um embate pesado e psicologicamente desgastante entre Batman e o Coringa (Heath Ledger), o filme não pode ser considerado apenas um filme de super-herói. É uma obra que não deixa nada a desejar a clássicos policiais como Fogo Contra Fogo, de Michael Mann.
Tendo no Coringa um dos melhores vilões dos últimos anos (Ledger deixou para trás todos os intérpretes do personagem, inclusive Jack Nicholson no filme de Burton, e merecidamente ganhou um Oscar póstumo), Batman: O Cavaleiro das Trevas é o filme no qual várias adaptações de quadrinhos começaram a sonhar em se tornar. Christopher Nolan transforma Gotham City em uma cidade caótica, um lugar no qual até o ser humano mais correto pode se tornar um criminoso (como diz o Coringa “Loucura é como a gravidade. É preciso apenas um empurrãozinho”).
Nesses dois filmes, é fascinante constatar que Nolan acertou em cheio ao tratar Batman não só como um homem que luta contra o mal que assola uma cidade (e que está disposto a ficar marcado como inimigo para protegê-la), mas também como um símbolo que pode deixar uma marca muito maior por onde passar.
Esperemos que Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge finalize bem uma trilogia tão ambiciosa. O filme estreia nos cinemas brasileiros nesta sexta-feira.

Um comentário:

Hugo disse...

Ótima resenha sobre o personagem.

Seguindo a qualidade dos dois filmes anteriores, este novo longa deve ser tão bom quanto. É só esperar.

Abraço