domingo, 20 de maio de 2012

A Centopeia Humana 2

Quando o diretor holandês Tom Six fez A Centopeia Humana, seu único propósito parecia ser chocar o público com sua ideia bizarra. A história trazia um cirurgião louco (interpretado por Dieter Laiser) que tem como grande projeto pegar três pessoas e costura-las pela boca e pelo ânus, fazendo a centopeia do título. É um filme que procura assustar com a possiblidade de que tal experiência poderia mesmo ser feita na vida real além de contar com uma violência exagerada, mas que não chega a ser pior que a de outros filmes de terror, como a franquia Jogos Mortais. Agora, Tom Six retorna com A Centopeia Humana 2, se preocupando mais uma vez em tentar fazer algum espectador vomitar do que propriamente fazer um filme de terror interessante.
Escrito pelo próprio diretor, A Centopeia Humana 2 nos apresenta a Martin (Lawrence R. Harvey), um segurança de estacionamento que é absolutamente obcecado pelo primeiro A Centopeia Humana. A obsessão é tão grande que Martin planeja fazer sua própria centopeia humana. Mas seu projeto é maior do que aquele visto no filme, tendo doze partes ao invés de três. Atacando várias pessoas no estacionamento, Martin aos poucos monta sua obra bizarra, que inclui até mesmo Ashlynn Yennie (uma das atrizes do primeiro filme, e que aqui interpreta “a si mesma”).
Usando a metalinguagem como parte de sua narrativa, A Centopeia Humana 2 tenta assombrar com a possibilidade de alguém na vida real desejar torturar um semelhante da maneira vista no primeiro filme. Isso revela um pouco de presunção por parte de Tom Six, como se ele achasse que seu filme foi uma obra marcante a ponto de afetar bastante alguém mentalmente problemático, quando na verdade ele não fez nada demais (como eu disse, Jogos Mortais era mais violento). Neste segundo filme, Six faz de tudo para impressionar o público com cenas graficamente nojentas e repulsivas, tentando deixar tudo ainda mais assombroso através da fotografia em preto e branco. Mas apesar de essas cores geralmente trazerem um tom muito mais cru e sombrio, aqui elas não acrescentam nada ao que se vê na história, tendo o mesmo efeito que uma fotografia colorida poderia trazer.
Se o Dr. Heiter já era insano, em A Centopeia Humana 2 temos um protagonista que ultrapassa os limites da loucura. Martin é um ser humano que se torna cada vez mais repugnante à medida que o conhecemos. Com um olhar que já revela uma natureza problemática, esta é uma pessoa que qualquer um manteria distância se visse na rua. O roteiro procura justificar os atos do protagonista, mostrando que tudo é culpa daquilo que está a sua volta, como a mãe louca (interpretada por Vivien Bridson). Isso poderia fazer com que o público sentisse algum tipo de pena ou pelo menos torcesse por ele ao longo do filme, até porque a maioria das vítimas são pessoas desprezíveis. Mas Martin é um personagem estranho e repulsivo demais. Quando está sozinho, ele mostra sua obsessão através dos jeitos mais absurdos possíveis, o que inclui até se masturbar usando uma lixa de vidraceiro enquanto assiste A Centopeia Humana em seu computador. O estreante Lawrence R. Harvey parece ter sido escolhido a dedo por Tom Six e quando atua se saí mal. Sem falar uma única palavra ao longo do filme, Harvey solta vários gritinhos que em alguns momentos soam irritantes e em outros causam risos involuntários.
O diretor tenta chocar o público com tudo o que pode e a violência é sim pior do que aquela vista no primeiro filme. Antes, tínhamos um cirurgião, que sabia exatamente o que fazer para tornar sua experiência possível. Agora, temos um mero segurança, então há uma grande diferença no modo como as coisas acontecem em cena. Mas quase tudo é uma repetição do que já havia sido mostrado anteriormente, sendo a única exceção o momento em que Martin quebra os dentes de suas vítimas. Essa repetição é o que faz com que as cenas não sejam tão chocantes como o diretor gostaria que elas fossem. Aliás, Tom Six parece ter uma grande paixão pela própria ideia, já que tem várias oportunidades para fazer cenas violentas, como nos ataques feitos por Martin, mas as únicas que não são “censuradas” são exatamente as que envolvem a centopeia.
O que impressiona muito mais do que as cenas de violência é o fato de Tom Six escrever o roteiro de modo que tudo se encaixe perfeitamente no plano de seu protagonista e em seus próprios planos para surpreender o público com sua história. Martin ataca todas as vítimas no estacionamento, é filmado por todas as câmeras possíveis, mas ninguém vê ou ouve nada do que está acontecendo. O personagem tem problemas mentais e de saúde, mas ainda assim conseguiu um emprego de segurança, o que é no mínimo estranho. O psicólogo de Martin diz que não há nada com o que se preocupar com ele, o que me faz pensar que este é o pior psicólogo da face da Terra. Quer dizer, são elementos absurdos demais e que impedem um mergulho maior na história.
Tendo um final ambíguo e que dependendo do ponto de vista é clichê ou absurdo demais, A Centopeia Humana 2 talvez seria um pouco melhor se Tom Six não levasse tudo tão a sério. E ele já está preparando A Centopeia Humana 3. Será que tem como ficar pior?
Cotação:

2 comentários:

Anônimo disse...

Assisti o dois filmes, gosto de filmes de terror mais no entanto é um filme bizarro, tendo um maniaco e uma ideia (pode se dizer) idiota mesmo. não gostei do primeiro e menos ainda do segundo. O primeiro ate que não foge do pouco realismo, agora o segundo foge totalmente. Digo isso pelo final, mostra que pessoas morrem é não se sente falta delas. É um filme para quem tem estomago.

Anônimo disse...

È um filme desprezível,violência extremamente desnecessária;pior que o primeiro,com forte apelação para o nojo.O que se vê é psicopatia pura com cenas absurdamente chocantes.