quinta-feira, 10 de maio de 2012

Battleship: A Batalha dos Mares

Com o estrondoso sucesso financeiro da franquia Transformers (cuja primeira parte é algo assistível, enquanto as outras duas são grandes desastres), os estúdios encontraram em linhas de brinquedos uma boa fonte para ganhar dinheiro. Na verdade, Hollywood investiria 100 milhões de dólares na história de um feijão se isso tivesse alguma chance de arrecadar uma boa bilheteria. Depois de G.I. Joe: A Origem de Cobra (aliás, outro filme ruim) ter vindo para as telonas como um fruto do sucesso dos robôs alienígenas de Michael Bay, mais um brinquedo chega aos cinemas: o famoso jogo de batalha naval. Mas é impressionante como Battleship: A Batalha dos Mares consegue ser tão desastroso quanto os outros filmes citados neste parágrafo.
Escrito por Erich e Jon Hoeber, Battleship mostra que a NASA está analisando um planeta com clima parecido com o da Terra. Enquanto isso, somos apresentados a Alex Hopper (Taylor Kitsch), jovem imaturo que se apaixona por Samantha (Brooklyn Decker). Ele descobre que ela é filha do Almirante Shane (Liam Nesson), o superior de seu irmão, Stone (Alexander Skarsgård), que fica irritado com toda a situação. Para que Alex possa tomar juízo, Stone o obriga a se juntar a ele na Marinha. Algum tempo depois, os seres do tal planeta resolvem atacar e, devido a certos incidentes, Alex se encontra no papel de líder de um grupo que terá como único objetivo impedir que esses alienígenas enviem um sinal para que a Terra seja invadida por mais seres extraterrestres.
Quando apresenta seu protagonista, o diretor Peter Berg (o mesmo de Tudo Pela Vitória e Hancock) consegue fazer uma cena tão constrangedora quanto um filme de Adam Sandler. Procurando tirar algumas risadas do público, o cineasta mostra Alex invadindo uma loja atrás de um burrito, tentando dessa forma conquistar Sam. Com a trilha de A Pantera Cor de Rosa no fundo, vemos tudo através de câmeras de segurança, enquanto várias coisas dão errado. No entanto, isso não soa em nenhum momento como algo engraçado, e sim ridículo. Tudo fica ainda pior quando a situação resulta na garota caindo nas graças do rapaz.
Mas Battleship não se importa muito com seus personagens. Os roteiristas não chegam a se preocupar com o desenvolvimento das figuras que passam pela tela. Nem mesmo criam algum arco dramático interessante o bastante para que torçamos por eles ao longo da projeção. Nesse sentido, o filme não se diferencia muito de Transformers, sendo repleto de personagens desinteressantes e, às vezes, irritantes. Alex, por exemplo, inicia o filme sendo alguém irresponsável, sem objetivo na vida e que não leva nada a sério. Apesar de lidar com grandes tarefas ao longo da história, ele não muda muito sua personalidade, dizendo bobagens em meio às estratégias de combate, como o fato de não entender A Arte da Guerra, mesmo tendo lido o livro seis vezes.
Nem os alienígenas ganham um pouco de atenção. Eles parecem querer invadir a Terra sem motivo aparente (pelo visto eles não gostaram dos terráqueos futricando seu jardim) e ainda são bastante seletivos quanto ao que vão atacar, mirando apenas naquilo que é ameaçador, poupando a vida de vários humanos que aparecem em sua frente. Seguindo essa lógica, isso me fez pensar em certo momento: o que uma ponte estaria fazendo de tão perigoso para que precise ser destruída?
O roteiro tenta constantemente fazer graça, mas sempre em um momento inapropriado ou usando piadas sem o menor sinal de inteligência, como quando Sam e seu paciente, o soldado aposentado Mick (Gregory D. Gadson), encontram o cientista Cal Zapata (Hamish Linklater) e este pergunta desesperadamente “Ele também é um ciborgue?”, referindo-se ao estado no qual o veterano se encontra. Mas aparentemente, os roteiristas acharam que estavam sendo muito engraçados, já que eles chegam a incluir uma mesma piada duas vezes durante o filme (aquela em que um palavrão é interrompido por uma explosão, algo nem um pouco original, aliás).
Se o filme não conta com um roteiro competente, pelo menos poderia consertar alguma coisa no quesito ação. Mas Peter Berg não brilha em nenhum momento, investindo em cenas burocráticas, que consistem basicamente em alienígenas atirando mísseis, humanos se defendendo e atirando de volta, torcendo para que seus adversários sejam destruídos. Se isso já é algo que torna a narrativa arrastada, o roteiro trata de contribuir um pouco mais para isso, envolvendo algumas dessas cenas em diálogos longos e clichês como “Vamos morrer. Eu vou morrer. Você vai morrer. Todos nós vamos morrer. Mas não hoje!”. Nem o bom gosto musical do diretor (ele chega a incluir duas músicas de AC/DC ao longo do filme) consegue trazer alguma energia para a história. Berg dirige Battleship como se esse fosse um grande filme, quando na verdade não é nada demais.
Quanto ao elenco, não há muita coisa para destacar. Taylor Kitsch surge inexpressivo em sua segunda chance como protagonista esse ano (a primeira foi em John Carter), enquanto que Alexander Skargård não tem muito espaço para seu personagem. E se Brooklyn Decker surge mais para embelezar suas cenas do que para qualquer outra coisa, Liam Neeson (que vem fazendo apenas filmes de ação de qualidade duvidosa) começa a mostrar que parece estar precisando muito de dinheiro. Em Battleship, o ator interpreta um personagem que é praticamente ignorado pelo roteiro durante as mais de duas horas de filme, tendo no máximo dez minutos de tempo em tela.
Battleship parece provar que os brinquedos devem ficar apenas nas mãos de crianças, e nãos nas de Hollywood. Espero que o filme não vá muito bem de bilheteria. Seria uma tristeza ter que aguentar uma continuação para essa bomba.
Obs.: Há uma cena depois dos créditos finais.
Cotação:

Um comentário:

Ismael Aires disse...

Acho que você não entendeu o filme bem, e pareceu um pouco forçado as criticas, acho justo falar dos aliens que realmente não me agradaram muito, parecidos demais com humanos e a falação no inicio do filme que quase da vontade de desistir. o resto foi excelente? não só legal. esperava grandes explosões e pra min valeu, espero uma continuação.