sábado, 28 de abril de 2012

Os Vingadores

“Estou aqui para falar da Iniciativa Vingadores!”. Com essa fala de Nick Fury (Samuel L. Jackson) depois dos créditos finais de Homem de Ferro, a Marvel lançou seu maior projeto até agora. Quando é dada a largada em algo tão ambicioso como Os Vingadores, é preciso um grande cuidado por parte das pessoas envolvidas. Afinal, não é fácil colocar vários de seus principais super-heróis em um mesmo filme. Houve um pouco de incerteza quando o nome de Joss Whedon (criador de séries de TV como Buffy, Angel e a espetacular Firefly) foi anunciado para comandar o espetáculo, muito pelo fato de ele ser pouco experiente com cinema, tendo dirigido apenas um filme (o excelente Serenity: A Luta Pelo Amanhã), que por sua vez fora baseado em um universo criado por ele mesmo. Mas a verdade é que os produtores acertaram em cheio ao escolher Whedon e Os Vingadores foi cuidadosamente preparado, empolgando e divertindo em medidas tão poderosas quanto o grupo que dá título ao filme.
Escrito pelo próprio Joss Whedon a partir do argumento concebido por ele e Zak Penn, Os Vingadores nos apresenta logo de cara a ameaça que os heróis irão enfrentar: Loki (Tom Hiddleston), o irmão de Thor (Chris Hemsworth). Após os acontecimentos no filme do Deus do Trovão, o vilão vem para a Terra com o desejo de dominar os humanos e ser um rei, trono que não conseguiu tomar em Asgard. Loki ataca uma base da SHIELD, onde adquire o poderoso cubo Tesseract, prometendo trazer um exército Chitauri para ajuda-lo a cumprir seu objetivo de fazer os humanos seus escravos e a Terra seu reino. Isso faz com que Nick Fury convoque os super-heróis para salvar o mundo.
Para que um grupo de pessoas poderosas seja necessário, o perigo precisa ser grande e iminente. Não adiantaria nada se tudo fosse apenas para derrotar um vilão qualquer. Nesse caso, Joss Whedon mostra nas primeiras cenas de Loki que esta é uma figura realmente ameaçadora, capaz de destruir tudo o que aparecer em seu caminho. É preciso mais de um herói para prendê-lo em certo momento do filme. Loki é cruel e poderoso, ainda mais com o Tesseract em mãos, e seus motivos para dominar o mundo até são compreensíveis. Muitos dizem que há um deus que protege a Terra de todo mal (Thor afirma em determinado momento que ele mesmo é esse deus), mas ainda assim os humanos são uma raça autodestruidora, causando guerras que prejudicam não só eles, mas também o mundo onde vivem. Nada melhor do que ter um rei para eles servirem, alguém para controla-los. Tom Hiddleston mais uma fez encarna Loki com eficiência, revelando as más intenções do personagem já em suas expressões e olhares.
Apesar da pouca experiência como diretor de filmes, Whedon já mostrou ser um grande comandante de equipes. Boa parte de suas séries TV contam com um grupo de personagens que precisam cumprir um objetivo juntos. Apesar de o líder dos Vingadores ser claramente Steve Rogers (Chris Evans), não é ele quem assume o papel de protagonista do filme. Whedon consegue fazer com que todos os membros sejam igualmente importantes e ganhem seus merecidos espaços, desde Tony Stark (Robert Downey Jr.) até Clint Barton (Jeremy Renner). É interessante ver que o roteiro continua desenvolvendo os personagens a partir do que foi visto anteriormente(Os Vingadores é praticamente uma sequência dos cinco filmes que fizeram parte do projeto) ao mesmo tempo em que consegue cria uma boa dinâmica entre eles. Aliás, o próprio universo dos personagens ganha continuidade no roteiro. Se em Homem de Ferro 2 a casa de Tony Stark ficou destruída, em Os Vingadores vemos ele terminar de construir sua Torre Stark, além de ainda estar em um relacionamento estável com Pepper Potts (Gwyneth Paltrow, em uma rápida participação).
O roteiro não ignora o fato de estar lidando com personalidades diferentes, portanto é normal que haja desentendimentos. Se de um lado temos a arrogância e o narcisismo de Tony Stark, do outro temos Steve Rogers e seu jeito antiquado para cumprir ordens e trabalhar em equipe. Mas as discussões acontecem naturalmente, surgindo de dúvidas que os personagens têm diante de tudo o que está acontecendo. A grande luta entre Thor e Stark é um exemplo de que estamos vendo personagens que ainda não se conhecem e não sabem direito como lidar uns com os outros.
As cenas de ação de Os Vingadores são dirigidas com grande segurança por Joss Whedon. Usando ao máximo os poderes e as habilidades dos personagens, o diretor cria sequências de tirar o fôlego, desde a luta entre Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) contra alguns capangas russos (cena que tem uma ótima gag envolvendo o Agente Coulson, interpretado pelo sempre divertido Clark Gregg) até o ataque dos capangas de Loki, liderados por um Clint Barton possuído, a base aérea da SHIELD. Mas a batalha final dos heróis contra Loki e seu exército Chitauri é um dos maiores espetáculos do filme. Whedon explora criativamente o trabalho em equipe dos personagens, como na cena em que o Homem de Ferro atira no escudo do Capitão América para destruir as criaturas ao redor deles. Além disso, o diretor tem noção de que os poderes de alguns personagens são limitados, o que os obriga a procurar outros modos de destruir seus inimigos, o que torna o filme muito mais real de certa forma.
A montagem da dupla Jeffrey Ford e Lisa Lassek se destaca por nunca deixar o filme episódico demais, algo que poderia acontecer em cenas como aquelas em que os heróis são recrutados. Esse é um risco que sequências de ação também poderiam correr. São vários personagens e às vezes eles estão longe um do outro e enfrentam perigos diferentes. Mas os montadores são hábeis ao conseguir fazer com que vejamos os heróis quase que ao mesmo tempo, tentando resolver seus respectivos problemas.
Todos os membros do elenco mostram estar bastante confortáveis em seus papéis. Chris Evans volta a interpretar Steve Rogers com a determinação que se espera de um líder, além de explorar muito bem o fato de que tudo o que é visto ainda é muito novo para o personagem, e sua postura e modo de falar em cena ressaltam o jeito antiquado do Capitão América. Mark Ruffalo não decepciona como Bruce Banner, criando seu personagem e nos fazendo esquecer o antigo intérprete, Edward Norton (e vale dizer que o Hulk ganha a cena mais divertida do filme). Scarlett Johansson surge forte como a Viúva Negra, uma das poucas personagens femininas do filme, ao passo que Chris Hemsworth mantém com sucesso a personalidade humilde adquirida por Thor no tempo de convívio com os humanos.
Sendo um dos únicos atores do elenco que estreia oficialmente seu personagem neste filme, o talentoso Jeremy Renner tem espaço o bastante para mostrar que Clint Barton se importa muito com aquilo que defende, lamentando ao pensar nos homens bons que matou enquanto estava possuído. Enquanto isso, Samuel L. Jackson interpreta Nick Fury com uma calma que claramente esconde uma preocupação, o que o torna mais humano. E Robert Downey Jr. é o grande alívio cômico do filme, tendo as falas mais engraçadas do roteiro (“Sua mãe sabe que você veste as cortinas dela”, ele fala para Thor), mas ao mesmo tempo o ator usa todo seu talento para lembrar o espectador que apesar de seu personagem ser bastante egocêntrico, ele sente bastante a perda de alguém que considera um amigo, algo que já havia mostrado em Homem de Ferro.
Os quatro anos de espera para o filme realmente compensaram. Nick Fury diz em determinado momento que a Iniciativa Vingadores era “uma promessa”. A julgar por este filme, Os Vingadores foi uma promessa muito bem cumprida. Agora, fica a ansiedade por mais um desafio que obrigue os heróis a se reunirem mais uma vez.
Obs.: Há uma cena nos créditos finais. Os conhecedores dos quadrinhos certamente ficarão empolgados.
Cotação:

3 comentários:

Eduardo Alemeida disse...

nada a acrescentar, so MUITO BOM!

Anônimo disse...

amigo você tá entregando demais. eu ainda não vi o filme, e já sei de um monte de cenas que eu gostaria de ter visto sem saber nada antes. desnecessário exemplificar a piada do ironman, desnecessário contar a parte do renner possuído, enfim, muitos exemplos que acabam se tornando muitos spoilers.

PANS disse...

Eu já tinha amado o filme, mas ler teu comentário me fez achar que era uma obra de arte! Concordo com o Anônimo, acho que deixou escapar algumas coisas desnecessárias, mas é normal fazer isso, ainda mais quando se trata de um filme que gostamos muito e criticamos com entusiasmo, então te damos um desconto.