quarta-feira, 18 de abril de 2012

Foo Fighters: Back & Forth

É sempre interessante ver como uma grande banda deu seus primeiros passos para percorrer seu caminho de sucesso. Em 2011, tivemos dois documentários sobre bandas de rock que se formaram na década de 1990 e continuam fazendo grande sucesso até hoje: o Pearl Jam teve sua história contada em Pearl Jam Twenty, e o Foo Fighters teve este Foo Fighters: Back and Forth. Particularmente, devo dizer que gosto bastante das duas bandas. Infelizmente, ainda não consegui assistir o documentário sobre os 20 anos do grupo liderado por Eddie Vedder, mas Foo Fighters: Back and Forth consegue ser tão empolgante quanto a própria banda que documenta.
Dirigido por James Moll, Foo Fighters: Back and Forth conta toda a trajetória da banda formada atualmente por Dave Grohl, Nate Mendel, Taylor Hawkins, Chris Shiflett e Pat Smear, desde seu começo em 1994 até a produção do último álbum, Wasting Light. Vemos como cada membro entrou na banda, as discussões, os problemas pelos quais passaram e, é claro, o sucesso que foram conquistando ao longo dos anos. Tudo isso com depoimentos dos Foo Fighters, de antigos membros da banda, do produtor de Wasting Light, Butch Vig, e ainda mostrando boas imagens de arquivo, que são muito bem usadas ao longo do documentário.
Logo no início, o filme dá atenção para algo que acabou sendo uma espécie de semente para a criação do Foo Fighters: a morte de Kurt Cobain. Dave Grohl e Pat Smear faziam parte do Nirvana na época como baterista e guitarrista, respectivamente. Como todos sabem, a morte de Cobain resultou no fim do Nirvana, deixando os membros da banda em choque por um tempo. Meses depois da tragédia, Grohl alugou um estúdio e gravou uma fita cassete com algumas canções, fazendo tudo absolutamente sozinho, inclusive tocando todos os instrumentos, o que é muito admirável. Mais admirável ainda é ver que Grohl deu um tiro no escuro com o Foo Fighters, desistindo da chance de tocar com um de seus ídolos, Tom Petty, para investir em um projeto que não tinha futuro certo e do qual ele temia bastante. Afinal, não é qualquer baterista que resolve se arriscar e se tornar vocalista e guitarrista em uma banda que ainda não havia saído do papel.
O diretor James Moll acerta ao mostrar como o Foo Fighters era tratado pela imprensa e pelas pessoas que compareciam aos shows no inicio de sua trajetória. Sendo “a mais nova banda do baterista do Nirvana”, vários repórteres queriam saber qual era a influência de Kurt Cobain na música que era apresentada, e os primeiros fãs só queriam saber das canções do Nirvana. Mesmo com essa grande pressão, é surpreendente ver que Dave Grohl e seus companheiros de Foo Fighters (que ainda estava em sua primeira formação, com Grohl, Pat Smear, Nate Mendel e William Goldsmith) se mantiveram fieis ao projeto do qual faziam parte, não tocando nenhuma canção que não fossem suas e separando muito bem o Foo Fighters do Nirvana, deixando claro que as duas bandas eram diferentes uma da outra.
Os problemas que a banda passou com relação à saída de alguns membros é algo muito bem retratado. O período que abrange a produção do segundo álbum, The Color and The Shape, até o início da produção do terceiro, There Is Nothing Left to Lose, pode ser chamado de maldito. Foi quando William Goldsmith saiu da bateria para dar lugar a Taylor Hawkins, e Pat Smear entregou sua posição de guitarrista para Franz Stahl, que por sua vez acabou saindo depois da turnê de The Color and The Shape, obrigando o grupo a abrir audições para escolher o substituto, que veio a ser Chris Shiflett. Essa parte do documentário fica um pouco mais rápida, trazendo pontos positivos e negativos. Por um lado, sentimos exatamente o que Dave Grohl mostra em seu depoimento, ou seja, aquele pensamento de “Ah, não! Mais um saiu!”. Por outro lado, a passagem de tempo acaba não ficando muito clara. Franz Stahl ficou dois anos como guitarrista da banda, mas o documentário mostra isso rápido demais, o que faz parecer que foi apenas alguns meses.
É interessante notar que depois da saída inesperada desses membros, e de uma grande briga que ocorreu na tentativa de gravar o quarto álbum, One by One, o Foo Fighters simplesmente não parou mais e cresceu muito. A partir daí, a banda parece ter se encontrado ao ter Grohl, Mendel, Hawkins e Shiflett em sua formação, ganhando uma identidade. Dessa forma, é natural que eles ficassem mais confortáveis para tentar coisas novas em seus trabalhos, como lançar o quinto álbum, In Your Honor, como uma edição de dois discos, um contendo o rock que todos se acostumaram e o outro sendo uma versão acústica.
Algo que surpreende em Foo Fighters: Back and Forth é ver o quanto os membros da banda são humildes. Eles sabem que não são ruins naquilo que fazem, mas nunca pensaram que um dia poderiam lotar o estádio de Wembley, em Londres, com 85 mil pessoas como ocorreu em 2008. Na verdade, eles não têm ideia de como que ficaram famosos dessa maneira. O show em Wembley é um momento bonito de se ver no documentário, marcando o auge do sucesso do Foo Fighters. O plano que traz Dave Grohl colocando as mãos no rosto, em claro sinal de que não está acreditando no que está vendo naquele estádio, mostra o quão orgulhoso ele está pelo que a banda conquistou até então.
Mas as cenas que mostram a gravação de Wasting Light talvez sejam as melhores de Foo Fighters: Back and Forth. Vemos a banda se esforçar ao máximo para acertar todas as músicas do álbum, já que qualquer erro não poderia ser consertado graças a decisão de que tudo seria gravado em fita. James Moll consegue mostrar muito bem que gravar o álbum dessa maneira foi um grande desafio para a banda e que foi amenizado por um detalhe: o estúdio era a garagem da casa de Dave Grohl. Como Pat Smear (que voltou oficialmente para a banda neste álbum, algo que só fica claro depois de uma fala de Grohl no final do filme) diz em um de seus depoimentos: “O ambiente na casa de Dave é o mais confortável que você pode imaginar”. Durante as gravações, vemos ainda que apesar de os membros da banda priorizarem seu trabalho, eles não se esquecem de suas famílias, o que resulta em algumas cenas divertidas, principalmente entre Dave Grohl e sua filha.
É difícil não simpatizar com cada um dos membros do Foo Fighters durante esse documentário. Assim como a própria banda, este é um filme que tem seus momentos de diversão, mas nunca deixa de levar a sério os assuntos que trata ao longo de toda a história que está contando. Ao final, fica claro que todos os problemas pelos quais Dave Grohl e seus companheiros passaram desde a criação da banda ocorreram para que eles pudesse fazer sucesso. E pode-se dizer que esse sucesso é mais do que merecido.
Cotação:

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