sábado, 14 de abril de 2012

Como Agarrar Meu Ex-Namorado

Katherine Heigl parece querer seguir os mesmos passos de Jennifer Aniston, saindo de uma série de TV de muito sucesso e se dedicando ao campo das comédias românticas, um dos gêneros que mais abusa de clichês. Aliás, há um clichê específico que deve ser algum tipo de obrigação para que a atriz resolva embarcar no projeto: aquele do casal que se odeia, mas se ama. Partindo de Vestida Para Casar, passando por A Verdade Nua e Crua, Juntos Pelo Acaso e Noite de Ano Novo, e chegando finalmente a este Como Agarrar Meu Ex-Namorado, todos os filmes tem a atriz brigando com seu par romântico, até chegar ao final em que eles percebem que gostam um do outro.
Baseado no livro de Janet Evanovich, o roteiro escrito por Stacy Sherman, Karen Ray e Liz Brixius (não entendo o porquê de ser preciso três roteiristas para um filme tão formuláico) nos apresenta a Stephanie Plum (Heigl), que começa a trabalhar como caçadora de recompensas para seu primo depois de se divorciar e ser demitida de seu outro emprego. A primeira missão que a garota recebe é prender Joe Morelli (Jason O’Mara), policial que foi um de seus primeiros namorados e agora está sendo acusado de assassinato. À medida que se aprofunda nas investigações, Stephanie se vê dentro de um caso mais perigoso do que pensava e que pode colocar sua vida e a de pessoas próximas a ela em perigo.
Como Agarrar Meu Ex-Namorado é, na verdade, uma comédia romântica disfarçada de thriller policial, procurando se afastar um pouco de seu clichê e se concentrando mais na investigação de Stephanie. O problema é que o filme falha com relação aos dois gêneros que tenta seguir. Tirando duas ou três cenas, como quando a avó de Stephanie (vivida por Debbie Reynolds) atira em um frango assado, o filme não conta com situações muito divertidas. E a diretora Julie Anne Robinson não consegue transformar a história de mistério e perigo em algo envolvente, investindo em um tom cômico mesmo quando a situação em questão é um pouco mais séria. São elementos que tornam Como Agarrar Meu Ex-Namorado um filme bobo, previsível e despretensioso, assim como quase toda comédia romântica feita apenas para entreter seu público.
O roteiro apresenta vários coadjuvantes ao longo da história, desde a família da protagonista até Ranger (Daniel Sunjata), mas todos eles surgem apenas quando é necessário. A família de Stephanie é usada para trazer risadas, ao passo que Ranger aparece apenas para salvar a garota ou ensinar algo para ela. Nenhum deles é bem desenvolvido e todos somem a partir de um determinado momento para nunca mais darem as caras. É uma pena, por que pelo menos Debbie Reynolds diverte em algumas de suas cenas, apesar de serem poucas. Além disso, as roteiristas criam situações que investem em um humor óbvio demais, como a cena em que Ranger e Stephanie estão no estande de tiro e ele mostra do que é capaz com uma arma, ou o nome do primo dela, Vinnie, referência ao filme de 1992.
Katherine Heigl pode não ser uma das melhores atrizes atualmente, mas quase sempre consegue trazer carisma para suas personagens. Se Como Agarrar Meu Ex-Namorado não é um desastre total isso se deve ao fato de ela conseguir mais uma vez ser carismática o bastante para que sua personagem mereça atenção. Apesar de ter um casal central para manter certo foco, o roteiro se concentra quase que exclusivamente na figura de Stephanie, estabelecendo-a como uma personagem vulnerável, o que torna fácil a tarefa de simpatizar com ela. Mas não deixa de ser estranho que a personagem seja apresentada como uma garota normal no início para depois mostrar ser uma investigadora muito competente. Já o par romântico, Jason O’Mara, não tem muito espaço para transformar Morelli em um personagem divertido (como o Gerard Butler da primeira metade de A Verdade Nua e Crua) ou no mínimo interessante.
Katherine Heigl precisa encontrar algo diferente em seus próximos projetos. Até agora, são poucas as comédias românticas estreladas por ela que conseguem se salvar. Espero que este não seja um indicativo de que a atriz está se tornando uma espécie de Adam Sandler desse subgênero. Seria um desperdício.
Cotação:

2 comentários:

Hugo disse...

Este tipo de comédia é produzido aos montes todos os anos.

Katherine Heigl parece querer manter o sucesso sempre com o mesmo papel. Este tipo de escolha acaba marcando a atriz.

Abraço

Anônimo disse...

Eu gosto dos filmes dela, mas esse foi um fiasco. Assisti no cinema pois fiz questão por gostar da atriz, mas ao final me senti jogando dinheiro no lixo.