sábado, 21 de abril de 2012

American Pie: O Reencontro

Homenageando algumas comédias adolescentes da década de 1980, a franquia American Pie começou, em 1999, tendo como personagens principais jovens com os hormônios à flor da pele em busca de uma experiência com o sexo oposto. A série sempre explorou ao máximo as situações constrangedoras nas quais eles se metiam em meio aos esforços que faziam para conquistar as garotas. Três capítulos e quase dez anos depois, ficou no ar a pergunta: o que teria acontecido com Jim (Jason Biggs) e seus amigos depois do casamento dele? Isso é respondido nos primeiros minutos deste American Pie: O Reencontro, quarto filme da franquia (prefiro ignorar a existência das produções lançadas direto em DVD, protagonizadas por irmãos e primos de Stifler) que apesar de contar com a mesma fórmula de sempre, pelo menos tem consciência de que seus personagens não são mais adolescentes.
Escrito pelos diretores Jon Hurwitz e Hayden Schlossberg (responsáveis pela trilogia Madrugada Muito Louca, estrelada por Kal Penn e John Cho), American Pie 4 traz Jim agora com um filho e sofrendo com a falta de uma vida sexual mais ativa com Michelle (Alyson Hannigan). Enquanto isso, os outros integrantes da turma, Oz (Chris Klein), Kevin (Thomas Ian Nicholas), Finch (Eddie Kaye Thomas) e Stifler (Seann William Scott), também não se encontram em momentos muito confortáveis, completamente diferente do que haviam imaginado para si mesmos quando adolescentes. Com a reunião do pessoal do ensino médio chegando, surge uma boa oportunidade para todos se encontrarem e deixarem suas vidas um pouco de lado, aproveitando o que puderem de um fim de semana. Mas como de costume, nada sai como planejado.
Começando o filme com uma gag que mostra uma cama tremendo, mas que revela não ser aquilo que pensamos, e sim Michelle balançando seu filho, os diretores já estabelecem como anda o dia-a-dia dela e de Jim, ou seja, uma vida bastante rotineira e sem tempo para que possam ficar juntos sozinhos. Ao mesmo tempo, os cineastas também já mostram o que será o recheio do filme: situações ao estilo vergonha alheia, na qual torceremos de qualquer maneira para que os personagens se salvem de uma enrascada, algo típico de American Pie. Isso fica bastante claro nos eventos que se seguem depois que a criança aparentemente dorme nesse breve prólogo.
Quase todos os personagens estão diferentes daquilo que eram quando os conhecemos. Stifler é a única exceção, sendo o mesmo babaca de sempre ainda que visualmente aparente ser um cara responsável. Enquanto isso, Oz é um jornalista esportivo e ex-participante de uma espécie de “Dança dos Famosos”. Kevin é quase um dono de casa que assiste a todos os programas que sua esposa gosta. E Finch se meteu em algumas encrencas ao redor do mundo. Naturalmente, o reencontro faz com que lembrem dos bons tempos, quando não tinham tantas responsabilidades. Isso torna fácil a tarefa de simpatizar com eles. Quem não imaginou um dia que seguiria um caminho, mas acabou se tornando algo diferente daquilo que esperava? Sendo assim, o roteiro trata muito bem o fato de que a vida é algo imprevisível, mostrando que sempre há circunstâncias que nos levam a mudar um pequeno detalhe, mas que acaba tendo um impacto maior que o esperado.
Não deixa de ser irônico, no entanto, que quando Hurwitz e Scholossberg precisam se concentrar um pouco mais nas piadas do que nos personagens, American Pie 4 perca forças. Algumas das situações nas quais Jim e os outros se metem não conseguem divertir como deveriam ou não são muito originais, como toda a sequência envolvendo a embriaguez de Kara (Ali Cobrin), que em certo momento chega a ser parecida com a parte de American Pie 2 na qual os personagens precisam se esconder para não serem pegos onde não deveriam estar. E quando os diretores-roteiristas resolvem fazer coisas infantis, como uma piada de gases em um momento no qual o filme não estava precisando, percebe-se uma espécie de desespero para fazer rir, como se não houvesse mais nenhuma outra gag para fazer, o que é decepcionante.
Mas American Pie 4 traz cenas divertidas, principalmente aquelas envolvendo o pai de Jim (Eugene Levy). Todos aqueles que assistiram aos filmes da franquia já se acostumaram com o jeito de bom moço do personagem. Portanto, é interessante ver como ele fica depois de fumar um pouco de maconha e tomar algumas doses de bebida alcóolica. O modo como Stifler se vinga de um grupo de jovens também consegue tirar algumas risadas. Não pelo modo como o plano é executado, e sim porque o roteiro pelo menos reconhece a infantilidade de tudo aquilo, o que também mostra o quanto que Stifler não cresceu ao longo dos anos.
Tendo um elenco que volta confortavelmente para seus antigos papéis e trazendo o carisma habitual para os personagens, fazendo com que mantenhamos o interesse neles até o final, American Pie 4 surpreende por trazer temas humanos em meio a sua bagagem de piadas. Apesar de ser um tanto falho com relação a uma de suas propostas, é um filme que ganha pontos por não esquecer que seus personagens agora são adultos e devem ser tratados dessa maneira de agora em diante.
Cotação:

Um comentário:

Clenio disse...

Confesso que eu esperava que fosse ser pior hahahaha. Mas é engraçado e um pouco melancólico em sua nostalgia, o que me fez vê-lo com olhos menos severos.
E a participação de Rebecca de Mornay é ótima.

Abraços
Clênio
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