quinta-feira, 29 de março de 2012

Fúria de Titãs 2

O Fúria de Titãs original, de 1981 (que ainda não assisti), é muito lembrado por contar com o trabalho do grande Ray Harryhausen na criação de algumas criaturas do filme, vistas em stop motion. O remake, de 2010, comandado por Louis Leterrier, infelizmente rendeu um filme fraco, usando mal as belas figuras da mitologia grega. Mas apesar de ter fracassado na opinião da crítica, o filme fez sucesso nas bilheterias, devendo boa parte disso a fraquíssima conversão 3D pela qual passou. E como tudo que traz dinheiro tem continuação, vemos Perseu e companhia voltarem em Fúria de Titãs 2, que apesar de contar com uma história boba, pelo menos consegue divertir.
Escrito por Dan Mazeau e David Johnson, com argumento feito por eles em parceria com Greg Berlanti, Fúria de Titãs 2 coloca Perseu (Sam Worthington) como um viúvo e pai do jovem Hélio (John Bell). Sem querer ter nenhuma relação com os deuses do Olimpo, ele renega ajuda a seu pai, Zeus (Liam Neeson), que embarca em uma missão ao lado de Poseidon (Danny Huston) e seu outro filho, Ares (Édgar Ramirez), para impedir que Hades (Ralph Fiennes) de libertar o poderoso Cronus. Mas Ares acaba traindo a todos, juntando forças com o Deus da Morte e fazendo Zeus prisioneiro. Com a ajuda da rainha Andromeda (Rosamund Pike) e de seu primo Agenor (Toby Kebbell), filho de Poseidon, Perseu vai até o submundo libertar seu pai e tentar fazer com que os planos da dupla não se concretizem.
O filme é montado praticamente como um jogo de videogame. Perseu enfrenta vários desafios ao longo do caminho, até chegar a um “chefão” e depois em um “chefão final”. Tais desafios são bem feitos pelo diretor Jonathan Liebesman (o mesmo do desastroso Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles), que consegue fazer cenas de ação interessantes, como o ataque de um Quimera a aldeia de Perseu. Liebesman falha ao mexer rapidamente a câmera para todos os lados, tentando mostrar toda a destruição que está ocorrendo ao redor dos personagens. Ao invés disso, ele apenas torna alguns momentos incompreensíveis. E é decepcionante ver que a grande luta final revele ser mais fácil do que o confronto envolvendo o Kraken no primeiro filme.
Ao longo do filme, os roteiristas parecem gostar de martelar a trama na cabeça do público. Para derrotar Cronus, Perseu precisa da Lança de Trium, instrumento composto pelas armas de Zeus, Hades e Poseidon. Nada mais do que três vezes é repetido o que é a lança, sendo uma delas no momento em que o objeto finalmente aparece. Por outro lado, Fúria de Titãs 2 assume um tom mais descontraído em alguns momentos, o que o filme antecessor não teve. Nesse caso, a figura de Agenor cumpre um interessante papel de alívio cômico, sendo um pouco atrapalhado e muito abusado. Divertida também é a participação de Bill Nighy como Hefesto, deus que criou as armas que formam a Lança de Trium.
Fúria de Titãs 2 chega a surpreender quando Perseu diz para seu filho que as pessoas não vão mais ao templo dos deuses rezar por eles, mas pouco tempo depois vemos alguns personagens rezarem quando estão em perigo. Isso pode até mesmo ser uma alfinetada nas pessoas que não são muito religiosas, mas quando precisam muito de alguma coisa não hesitam em pedir para um ser superior, ou algo do tipo. É interessante ver isso em um filme como esse, que não tem ambição alguma para fazer uma crítica social, tanto que faz isso apenas de passagem, o que me faz pensar que isso provavelmente tenha acontecido por acidente.
Interpretando Perseu mais eficientemente do que no filme anterior, Sam Worthington consegue manter a atenção do público do início ao fim. Uma pena que Perseu monte uma “armadura” de não querer saber nada do que os deuses tenham a dizer apenas para depois falar que é filho de Zeus com um sorriso no rosto, o que revela um certo orgulho que não combina com o que o personagem mostra ser até então. Enquanto isso, Rosamund Pike aparece forte como Andromeda, ao passo que Liam Neeson e Ralph Fiennes criam uma química de irmãos interessante para Zeus e Hades, embora isso seja um pouco inacreditável. E Édgar Ramirez consegue fazer de Ares um bom vilão, apesar de surgir ameaçador na tela não por sua presença, mas sim pela força do personagem.
Fúria de Titãs 2 consegue prender a atenção muito mais do que os outros filmes recentes envolvendo mitologia grega, como seu antecessor e o fraco Imortais. Por não usar figuras interessantes displicentemente e divertir, o filme já merece créditos. Mesmo que seja esquecido pouco depois da sessão.
Cotação:

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