quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Olimpíadas no Cinema


Milhares de atletas do mundo todo reunidos para disputar as mais diversas modalidades e alcançar marcas que podem mudar suas vidas. As Olimpíadas estão rolando no Rio de Janeiro e empolgando com cada medalha, cada vibração de seus participantes. Quem me segue no Twitter sabe o quanto estou curtindo ver as disputas, sendo que até esportes que nunca acompanhei antes têm se provado interessantes.

Sendo assim, decidi fazer este pequeno post com alguns filmes que trazem as Olimpíadas em suas histórias. É o mínimo que eu poderia fazer aqui no blog para aproveitar um evento que ocorre apenas de quatro em quatro anos. Vale dizer que não considerei aqui filmes com as Olimpíadas de Inverno (afinal, eles podem ser pauta para outro post no futuro).

Olympia (1938), de Leni Riefenstahl

Adolf Hitler queria que as Olimpíadas de 1936, em Berlim, fossem um grande chamariz não só para seu regime nazista, mas também para a superioridade ariana que ele tanto presava. Nesse sentido, Leni Riefenstahl fez em Olympia um documentário que em alguns momentos pode ser visto como propagandista, assim como seu trabalho anterior, O Triunfo da Vontade. Mas na maior parte tempo das duas partes do filme (intituladas Ídolos do Estádio e Vencedores Olímpicos), Riefenstahl ignora o contexto político e quaisquer polêmicas nos bastidores dos jogos e se concentra nos esforços dos atletas em várias modalidades, merecendo óbvio destaque o feito do americano Jesse Owens, maratonista negro que conquistou quatro medalhas de ouro na terra do Führer, mandando para o espaço a tal superioridade ariana. Além disso, é impossível não notar o senso estético de Riefenstahl, sejam nas belas imagens da sequência de abertura ou nos movimentos e ângulos de câmera que ela conseguiu fazer para acompanhar as disputas.

Carruagens de Fogo (Chariots of Fire, 1981), de Hugh Hudson

Quando se fala em Olimpíadas no cinema, é bem provável que Carruagens de Fogo seja o primeiro filme a vir na mente das pessoas, ao passo que a icônica trilha de Vangelis é a música que acompanha qualquer corrida feita em câmera lenta. Mas ainda que o longa de Hugh Hudson seja mais lembrado pela trilha que o embala, seria injusto ignorar o quão interessante ele é ao acompanhar a história de Harold Abrahams (Ben Cross) e seu rival Eric Liddell (Ian Charleson), dois corredores que veem suas histórias chegarem às Olimpíadas de 1924. O primeiro é obcecado em vencer, até para driblar obstáculos que podem aparecer em seu caminho por conta de sua origem judia, enquanto o segundo é um devotado cristão que corre por sua honra e a de seu Deus. O interesse aqui não é criar um choque de ideais entre os dois protagonistas, mas sim mostrar a excelência deles em meio a suas diferenças, além da determinação de ambos para alcançarem seus objetivos. Admirável no retrato do espírito olímpico de seus personagens, a produção levou o Oscar de Melhor Filme em 1982.

Munique, 1972: Um Dia em Setembro (One Day in September, 1999), de Kevin Macdonald e Munique (Munich, 2005), de Steven Spielberg

Dois filmes colocados lado a lado. Isso porque tanto Munique, 1972: Um Dia em Setembro quanto Munique envolvem a mesma história e acabam se complementando. Nas Olimpíadas de 1972, quando a Alemanha voltou a receber os jogos, terroristas palestinos da Organização Setembro Negro invadiu a Vila Olímpica e atacou a delegação de atletas israelenses, culminando em uma grande tragédia. O documentário de Kevin Macdonald (que faturou o Oscar da categoria em 2000) mostra em detalhes cada passo do ataque, resgatando imagens de arquivo que, somadas aos depoimentos conseguidos pelo diretor, ajudam a tornar a narrativa impactante. Já o filme de Spielberg foca na operação feita posteriormente, na qual um esquadrão teve como objetivo matar palestinos supostamente envolvidos no ataque, uma história que aqui resulta em um dos trabalhos mais marcantes da carreira do diretor.

A Fúria da Liberdade (Freedom’s Fury, 2006), de Colin K. Gray e Megan Raney

Nas Olimpíadas de 1956, Hungria e União Soviética se encontraram nas semifinais do pólo aquático, algo que resultou em uma das partidas mais violentas da história do evento. Mas o que este documentário A Fúria da Liberdade mostra é que, para entender o que ocorreu no jogo, é preciso recapitular a relação entre os dois países na época, com a Hungria tendo sido ocupada pela União Soviética depois da Segunda Guerra Mundial, passando por uma série de opressões que impediam a liberdade de seus cidadãos, o que culminou em uma grande revolução. Com isso sendo muito bem estabelecido, o documentário deixa claro que os ânimos entre os jogadores não estavam particularmente bons, e a imagem do húngaro Ervin Zádor saindo da piscina com o rosto sangrando serviu para sintetizar a pequena guerra que a partida representou.

Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo (Foxcatcher, 2014), de Bennett Miller

Os irmãos Mark e Dave Schultz eram grandes campeões olímpicos de luta greco-romana no final da década de 1980. Foi quando aceitaram fazer parte da equipe Foxcatcher comandada por John du Pont, sem poder imaginar no quão trágico isso viria a ser para suas vidas. Bennett Miller levou a história para as telonas neste Foxcatcher, realizando um drama forte e melancólico sobre o amor entre dois irmãos, a determinação deles em vencer e o desejo de um homem psicologicamente frágil de provar seu valor. A história retratada aqui também é foco do documentário Team Foxcatcher, um filme eficiente mesmo que inferior a este de Miller, que ainda traz excelentes atuações do trio Steve Carrell, Mark Ruffalo e Channing Tatum. Crítica completa aqui.

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