Ao longo de sua carreira, primeiramente
como roteirista e mais tarde como diretor, Richard Curtis realizou comédias
simpáticas e divertidas, que contam com certo encantamento em sua volta e mandam
o espectador para fora da sala de cinema com um grande sentimento de
satisfação. Foi assim com os ótimos Quatro Casamentos e um Funeral e Um Lugar
Chamado Notting Hill, além do excepcional Simplesmente Amor (uma das melhores
comédias românticas da década passada, para não dizer a melhor). Pois isso
volta a acontecer neste seu novo trabalho, Questão de Tempo, filme no qual
Curtis nos apresenta a personagens tão carismáticos que é difícil não torcer
para que tudo dê certo para eles quando chegarmos ao final da história.
No filme, Tim Lake (Domhnall
Gleeson, filho de Brendan Gleeson) é um jovem tímido e inseguro que é informado
por seu pai, James (Bill Nighy), que os homens de sua família podem viajar no
tempo. Tim decide usar os seus recém-descobertos poderes em suas tentativas
para arranjar uma namorada, algo difícil porque “Nenhuma viagem no tempo pode
fazer alguém amar você”, como ele mesmo constata em determinado momento. Mas ao
se mudar para Londres, Tim conhece Mary (Rachel McAdams) e vê nela seu grande
amor, passando a fazer o possível para ter uma vida feliz ao seu lado.
Questão de Tempo conta com elementos
que lembram outros filmes escritos por Curtis. A timidez de Tim, por exemplo,
não é muito diferente daquela do personagem de Hugh Grant em Um Lugar Chamado
Notting Hill. Por sinal, se estivéssemos na década de 1990, Grant poderia ser
um intérprete excelente para Tim. Mas suposições à parte, o papel é encarnado eficientemente
por Domhnall Gleeson, que consegue passar para o público toda a insegurança do
personagem ao mesmo tempo em que faz dele uma figura mais confiante no decorrer
do filme, revelando um carisma arrebatador no processo. Gleeson tem ainda uma
ótima química com Rachel McAdams, que por sua vez traz uma graciosidade
fundamental para Mary. E se a história de amor do casal é algo bacana de se
acompanhar, o mesmo pode ser dito sobre a relação pai e filho entre Tim e James,
que acaba sendo o centro dos momentos mais tocantes do filme, principalmente no
terceiro ato.
Enquanto isso, o modo como a
viagem no tempo é usada rende cenas divertidas, como quando Tim desiste de
falar com Charlotte (Margot Robbie), um velho interesse amoroso, ao ver que
todas suas tentativas foram frustradas e que nada de bom sairá dali. Aliás, é
fácil se identificar com Tim e suas viagens no tempo, já que qualquer um
gostaria de voltar a um momento constrangedor de sua vida e tentar consertá-lo
de alguma forma (isso até lembra o que Wagner Moura fazia no divertido O Homem
do Futuro). E a boa montagem de Mark Day merece créditos por inserir todas as
viagens sem que estas quebrem o ritmo da história.
No entanto, quando se trata de
viagem no tempo, é comum que os filmes deixem algum pequeno furo ou forcem certas
coisas para que sua história não tenha tantos problemas. E isso ocorre no
roteiro de Questão de Tempo. Durante a projeção, é um pouco difícil
acreditar que Tim volte no tempo tantas vezes, mude alguns detalhes e quando
ele volta para o presente sua vida está quase sempre da mesma maneira como ele
a deixou antes. Mas para a sorte de Richard Curtis, o carinho que criamos pelos
personagens e o grande coração do filme fazem com que problemas como esse não
incomodem tanto.
Trazendo mensagens como “a vida é
uma caixinha de surpresas” e “certas coisas não podem ser mudadas” (que por
mais óbvias que sejam, são transmitidas com uma bela sensibilidade), Questão de
Tempo mostra que Richard Curtis ainda não perdeu a mão para contar adoráveis
histórias de amor.
2 comentários:
Vou esperar esse ai passar na globo xD
Um filme que eu gostei sobre viagens no tempo foi F.A.Q. About time travel (2009) que não é conhecido aqui no brasil
Não tinha ouvido falar nesse F.A.Q. ainda, mas dei uma pesquisada e parece ser bem interessante. Vou conferir quando possível.
Abraço
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