sábado, 2 de novembro de 2013

Thor: O Mundo Sombrio

Assim como Homem de Ferro 3, Thor: O Mundo Sombrio é uma peça da Fase 2 da Marvel nos cinemas, organizando certos elementos para o aguardado Os Vingadores 2. No entanto, se no primeiro filme do deus nórdico da editora havia uma preocupação em apresentar o protagonista e seu universo ao mesmo tempo em que uma boa história era contada, nesse novo capítulo isso é praticamente inexistente. O resultado é um filme pouco inspirado e que acaba servindo única e exclusivamente para o propósito que citei no início deste parágrafo.
Escrito por Christopher Yost, Christopher Markus e Stephen McFeely, baseado no argumento de Don Payne e Robert Rodat, Thor 2 traz o protagonista (Chris Hemsworth) tentando manter a paz nos Nove Reinos. Mas quando sua amada Jane Foster (Natalie Portman) encontra uma força chamada de Éter, isso faz com que Malekith (Christopher Eccleston), líder dos Elfos Negros, acorde e tente se apossar desse poder para destruir tudo o que ver pela frente. Para estragar os planos do vilão, Thor acaba tendo que pedir ajuda a seu nada confiável irmão Loki (Tom Hiddleston), que foi enviado por Odin (Anthony Hopkins) a prisão de Asgard.
Logo de cara, o filme usa uma sequência expositiva (com direito a uma narração em off que é abandonada depois de cumprir sua função) para explicar o que seria o tal Éter e quem Malekith foi no passado. Mas o que incomoda nisso é o fato de o roteiro voltar a explicar essas coisas brevemente alguns minutos mais tarde, o que já mostra uma certa falta de confiança na inteligência do espectador. Além disso, a história do filme não é muito interessante, nunca se tornando devidamente envolvente, o que é ainda pior quando o roteiro tenta inserir momentos impactantes e estes não funcionam tão bem (nesse sentido, a morte de um personagem pouco depois do início do segundo ato é a primeira coisa que me vem em mente). Como se não bastasse, o relacionamento entre Thor e Jane, que antes era algo simpático de se acompanhar, dessa vez vira um dos elementos mais bobos da história, trazendo diálogos melosos e pequenos momentos de ciúmes que nada acrescentam a trama.
O diretor Alan Taylor (conhecido por seu trabalho em séries de TV, como The Sopranos e Game of Thrones) conduz a ação do filme de maneira burocrática, não conseguindo realizar sequências empolgantes, sendo as únicas exceções a cena em que Heimdall (Idris Elba) derruba uma nave e a outra em que alguns personagens fogem de Asgard. Boa parte desse problema se deve até ao fato de Taylor não conseguir impor muita energia ao filme. Pra completar, a insistência do diretor em colocar letreiros com o nome dos lugares por onde o filme passa não só é um tanto desnecessária (os próprios personagens chegam a dizer que lugares são esses), como eles ainda surgem intrusivos, servindo mais para distrair o público do que para contribuir com a narrativa.
Enquanto isso, o elenco tem seus altos e baixos. Chris Hemsworth volta a encarnar Thor com carisma, enquanto Natalie Portman (uma atriz que admiro muito) infelizmente parece estar no piloto automático em vários momentos interpretando Jane. E se Tom Hiddleston encarna com tranquilidade o desejo de poder de Loki, sendo também dono das melhores gags do filme (como aquela em que o personagem lê um livro enquanto uma pancadaria ocorre ao seu lado), Christopher Eccleston não tem nenhuma chance de fazer de Malekith um bom vilão. Já Kat Dennings mais irrita do que diverte interpretando Darcy, ao passo que Stellan Skarsgård tem seu Erik Selvig transformado em um louco, em uma tentativa frustrada do roteiro em fazer rir. E Anthony Hopkins novamente traz um ar de autoridade para Odin, o que é essencial para o personagem.
Se a primeira parte do enorme projeto da Marvel foi muito boa, a segunda já não começou tão bem quanto poderia, com Homem de Ferro 3 sendo um filme apenas razoável e Thor 2 mostrando ser uma bela escorregada. Na verdade, este último parece ser uma produção feita às pressas para que tudo esteja organizado para Os Vingadores 2, em 2015. Esperemos que os próximos filmes dessa Fase 2 (Capitão América 2 e Guardiões da Galáxia) sejam melhores.
Obs.: A Marvel está tão fascinada por suas famosas cenas pós-créditos que colocou duas em Thor 2. No entanto, vale dizer que a segunda poderia (e deveria) ter entrado no filme antes dos créditos.
Cotação:

3 comentários:

bruno knott disse...

É... parece mesmo que foi feito na correria. Pessoalmente, ando um pouco enjoado de adaptações de HQ... mesmo pq as últimas não tem sido lá grandes coisas.

BRENNO BEZERRA disse...

Daqueles filmes que quero ver por passatempo, mas não me surpreenderei se não gostar

Pedro Vinícius disse...

Fala Thomás!
Após eras, volto a comentar por aqui! hehe
Achei interessante o fato de termos opiniões contrárias. Acho 'Thor', de 2011, um filme muito irregular... contudo, me diverti bastante com o "O Mundo Sombrio". O engraçado é que minha visão é realmente oposta. Ao meu ver, 'Thor' escorrega justamente por se preocupar mais com 'Os Vingadores' do que com si mesmo. Ele praticamente divide seu filme de origem com Kat Dennings e a Shield. O humor, apesar de ainda ter me incomodado algumas vezes, me pareceu mais bem colocado nessa sequência.
Concordo com você: Malekith é um vilão absurdamente genérico e Taylor escorregou na morte do segundo ato.
Entretanto, o que gostei no filme foi justamente o desenvolvimento dos personagens. O primeiro longa não passa da clássica jornada de amadurecimento que, para mim, demanda muita crença do público. Já em 'O Mundo Sombrio', achei a evolução de Thor gradual e bem embasada nos acontecimentos do filme.

Deixo minha crítica, que explicita melhor meu ponto de vista:
http://dimensaocinema.blogspot.com.br/2013/11/thor-o-mundo-sombrio.html#more

Abç.