segunda-feira, 4 de junho de 2012

Madagascar 3: Os Procurados

Os dois primeiros filmes da franquia Madagascar exploraram bastante o fato de seus protagonistas terem fugido do zoológico para descobrir um mundo livre e diferente. Mas as boas experiências pelas quais eles passam não conseguiam fazê-los esquecer da felicidade que traziam para várias crianças em Nova York, e não é à toa que eles sentem saudades desses tempos e desejam voltar pra casa. Em Madasgascar 3: Os Procurados, nós voltamos a ver os personagens tentando alcançar esse objetivo, algo que já causa um certo cansaço. Apesar de o filme não chegar a divertir tanto como os outros longas da franquia, pelo menos o roteiro conta com uma história interessante que consegue amenizar os problemas.
Escrito por um dos diretores, Eric Darnell, em parceria com Noah Baumbach , Madagascar 3 traz Alex (Ben Stiller) e seus amigos Marty (Chris Rock), Melman (David Schwimmer) e Gloria (Jada Pinkett Smith) abandonados pelos pinguins milicos. Com medo de ficar velho e ainda não ter conseguido voltar para casa (algo que fica claro no sonho logo no início do filme), Alex resolve pegar seus amigos e ir atrás dos pinguins em Monte Carlo. Lá, eles começam a ser perseguidos pela Capitã Chantel DuBois (Frances McDormand), mas também encontram o grupo circense Zaragoza, que os ajuda a fugir além de se tornar a última esperança para que o quarteto possa voltar a Nova York. Tudo depende da apresentação que o circo tiver em Londres.
Os diretores Tom McGrath, Conrad Vernon e o já citado Eric Darnell colocam várias gags ao longo do filme, algo comum não só na franquia Madagascar, mas também em todos os desenhos da Dreamworks/PDI. O problema é que a média de acertos deles não é muito alta. Se por um lado é engraçado ver a vilã atirar em alguns policiais quando estes estão enfileirados, por outro é repetitivo ver uma cena como aquela em que os protagonistas aparecem nas mais variadas manobras enquanto uma luz acende e apaga. E como sempre, os pinguins roubam a cena em vários momentos com seu estilo militar. Se isso aconteceu em todos os filmes da franquia, então já está mais do que na hora de eles ganharem seu próprio filme (apesar de eles já terem uma série de TV). No entanto, é uma pena que eles, mais uma vez, tenham tão pouco espaço diante dos outros personagens.
Quanto a vilã, o roteiro acerta em cheio. Chantel DuBois mostra desde o início ser uma figura perigosa com suas habilidades absurdas (e divertidas), nos fazendo temer pelo destino dos personagens, em especial Alex que é seu principal alvo. A cena de perseguição na qual ela corre atrás da van com os protagonistas é empolgante e muito bem feita, sendo um dos melhores momentos da animação. E o modo como a personagem se move lembra muito uma aranha atrás de sua presa, o que é muito interessante e ajuda a torna-la uma figura chamativa.
Um dos elementos mais interessantes em Madagascar 3 é o circo que Alex e seus amigos encontram. À primeira vista, o grupo liderado pelo carismático leão-marinho Stefano (Martin Short) é um verdadeiro desastre, mas depois é revelado que eles já tiveram dias de glória. A diferença entre esses dois momentos pode ser percebida pelo próprio Stefano, que em um flashback aparece com o bigode muito bem feito, diferente da realidade atual, em que ele conta com apenas alguns fios. Essa história de redenção do circo acaba funcionado graças as simaticas novas figuras acrescentadas ao filme, como a leoparda Gia (Jessica Chastain), os divertidos cãezinhos agressivos e o tigre Vitaly (Bryan Cranston). Este último, aliás, é o típico personagem valentão com coração de ouro, que acaba tendo um arco dramático clichê, mas que mesmo assim acaba sendo interessante. No entanto, é inexplicável o porquê de os diretores resolverem investir praticamente em um formato videoclipe na hora da grande apresentação do grupo, usando um visual diferente que acaba não deixando claro o que está acontecendo na tela e fazendo a canção “Firework”, de Katy Perry, brilhar mais do que os personagens, o que não deveria acontecer.
A subtrama envolvendo o Rei Julien (Sacha Baron Cohen) e sua namorada (ou seria namorado?) é outro ponto fraco em Madasgacar 3. Inicialmente, isso surge como algo engraçado, mas depois mostra ser absolutamente dispensável, já que além de não acrescentar nada ao filme, acaba perdendo a graça ao longo da história, servindo apenas para desviar o foco daquilo que realmente interessa. O roteiro compensa isso com o modo como trata o objetivo dos personagens principais, os fazendo perceber coisas que ignoravam ao longo dos três filmes.
Madagascar 3 pode não ser uma animação que rende várias gargalhadas (como o recente Piratas Pirados!), mas tampouco nos faz sair do cinema com um gosto amargo na boca. É um filme que consegue ser simpático o bastante para que nos importemos com seus personagens do início ao fim.
Obs.: O 3D do filme funciona mais quando algo é jogado em nossa direção ou pelo menos aproximado. Mas considerando que isso acontece bastante ao longo da projeção, a tecnologia acaba sendo eficiente.
Cotação:

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