quinta-feira, 28 de junho de 2012

A Era do Gelo 4

A franquia A Era do Gelo parece ser uma daquelas séries que começa bem, mas começa a se estender tanto que acaba perdendo a noção do momento de dizer “chega”. Assim, ela lembra um pouco o que aconteceu com Shrek. Gosto dos dois primeiros capítulos da série, mas o terceiro já mostrou certo desgaste, sendo um filme no máximo mediano e parecendo ter sido feito muito mais para ganhar dinheiro com as crianças que vão ao cinema e depois pedem para seus pais comprarem outros produtos do filme, desde brinquedos até lancheiras. Mesmo com esse desgaste, agora temos A Era do Gelo 4 e o resultado é um filme que se não é um desastre, tampouco chega a ser grande coisa, mostrando que a série realmente já está se estendendo um pouco além do que devia.
Escrito por Michael Berg e Jason Fuchs, A Era do Gelo 4 coloca Manny (voz original de Ray Romano) tendo que impor limites a sua filha adolescente, Amora (Keke Palmer), que sempre o desobedece. Depois que o esquilo Scrat provoca a separação dos continentes com sua amada noz, o mamute e seus amigos, Diego (Denis Leary) e Sid (John Leguizamo) acabam se separando de seu bando. Em meio aos perigos que passam, o trio precisa lutar contra o terrível Capitão Entranhas (Peter Dinkladge, uma pena não ter podido ouvir sua dublagem) e sua trupe de piratas para poder reencontrar Ellie (Queen Latifah), Amora e os gambás Crash (Seann William Scott) e Eddie (Josh Peck). Além disso, eles ainda precisam cuidar da avó de Sid (dublada por Wanda Sykes), que é largada com eles por ser considerada um peso na família do bicho-preguiça.
Apesar de absurdo, o modo como A Era do Gelo 4 mostra a separação dos continentes não deixa de ser divertida, além de criativa dentro do universo do filme. Se essa cena já diverte e coloca o filme em um nível agradável, isso prova o quanto que o esquilo Scrat continua carismático mesmo depois de dez anos fazendo a mesma coisa, lembrando um pouco os pinguins de Madagascar. E se aqueles personagens já ganharam uma série de TV, não é a toa que Scrat já começou a protagonizar curtas-metragens.
Mas logo depois vem um dos problemas do filme: são muitos personagens. Se o roteiro já precisa se preocupar com as figuras que foram adicionadas ao longo dos outros três filmes, aqui são introduzidas mais algumas. Afinal, algo de novo o filme precisa ter além do trio principal vivendo aventuras e Scrat perseguindo sua noz. Com isso, personagens que faziam graça nos filmes anteriores, como Crash e Eddie, quase não aparecem ao longo da história, sendo substituídos pela avó de Sid como principal alívio cômico do projeto. Nesse sentido o roteiro é feliz, já que a personagem é divertida. Por outro lado, temos também Amora, que depois de nascer no terceiro filme agora aparece crescida. O problema é que ela, infelizmente, é usada para alguns clichês, como a garota que está disposta a mudar tudo o que faz só para poder andar com os adolescentes populares, além do velho conflito entre pai e filha.
Como o filme um grupo de piratas entre novos personagens, os diretores Steve Martino e Mike Thurmeier (que substituem o brasileiro Carlos Saldanha, que volta apenas como produtor executivo) são criativos na hora de construir os “navios” que são vistos no filme, sendo eles grandes icebergs. Os canhões e o gambá que serve como bandeira também são detalhes inspirados da dupla. E como não poderia deixar de faltar, é claro que há referências a franquia Piratas do Caribe. No entanto, em nenhum momento Martino e Thurmeier conseguem tornar a história envolvente, além de não conseguirem fazer cenas de ação interessantes. Quando Manny luta contra o Capitão Entranhas, por exemplo, este parece não saber usar uma espada, acertando quase que propositalmente as presas do protagonista “cheinho”. Aliás, o vilão é outro acerto do filme, já que apesar de não protagonizar grandes cenas de batalha, pelo menos ele consegue soar ameaçador e tem uma presença interessante.
Em A Era do Gelo 2, Manny ganhou uma namorada. Em A Era do Gelo 3, foi a vez de Scrat (apesar de a relação ter durado pouco tempo). Neste quarto filme, mais um personagem ganha uma alma gêmea. Sendo assim, acho que já posso prever um dos possíveis caminhos que A Era do Gelo 5 seguirá. Mas ainda espero que a série pare por aqui, talvez ficando apenas nos curtas-metragens, antes que o desgaste comece a ser um desastre.
Obs.: O curta-metragem dos Simpsons, The Longest Daycare, que passou antes da sessão, é muito divertido. Espero que Matt Groening e companhia façam outros.
Cotação:

Nenhum comentário: