sábado, 25 de setembro de 2010

Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme

Um dos grandes prazeres que tive neste mês de setembro foi o de assistir pela primeira vez a um dos clássicos do diretor Oliver Stone: Wall Street: Poder e Cobiça, de 1987. Achei o filme excelente, pois tem uma ótima história, grandes atuações e belas reviravoltas. Sendo assim, fiquei muito curioso para saber o que o diretor iria fazer em Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme. Para minha surpresa, Stone nos entrega um filme que bate de frente com seu antecessor em todos os sentidos.
Por que me surpreendi? Bem, Oliver Stone não foi muito feliz na década passada. Seus últimos filmes não foram grandes sucessos de crítica. Eu já estava perdendo a fé neste diretor, que foi responsável por clássicos do cinema como Platoon e Nascido em 4 de Julho. Mas nada que um retorno a velhos personagens não resolva.
Wall Street 2 se passa no ano de 2008, no meio da crise econômica. Gordon Gekko saiu da cadeia e agora está lançando um livro (que questiona o seu lema no primeiro filme), quando é abordado pelo jovem investidor Jacob Moore. Moore pede a Gekko que o ajude a descobrir quem foi o responsável pela falência da empresa para a qual trabalhava.
Os primeiros minutos de Wall Street 2 servem para nós compararmos as épocas mostradas em cada produção. Em 1985, as pessoas usavam os primeiros modelos de computadores e os celulares pareciam tijolos. Em 2008, os computadores já estão bem mais desenvolvidos e os celulares cabem no bolso. Estes são só dois exemplos. O interessante é ver como Gordon Gekko se acostuma a este “novo” mundo depois de passar tantos anos na cadeia, por causa dos acontecimentos do primeiro filme.
Um dos pontos fortes do roteiro escrito por Alan Loeb e Stephen Schiff é exatamente em relação a Gordon Gekko. Durante todo o filme ficamos pensando: os tempos de cadeia mudaram a personalidade deste personagem ou ele continua sendo aquele cara ganancioso? Segundo ele, a cadeia foi a melhor coisa que pôde acontecer em sua vida. Mas é impossível, para nós espectadores, não ficarmos com um pé atrás. Isto é reforçado por Winnie Gekko, sua filha e namorada de Jacob Moore. É ela quem afirma o tempo todo que seu pai não mudou nada.
Outro destaque é o modo como são mostrados aqueles que saíram perdendo com a crise econômica. Neste caso, devemos nos concentrar na figura de Louie Zabel, personagem do ótimo Frank Langella. Zabel faz de tudo para manter “viva” a empresa que ergueu com muito esforço. Ele acaba sendo um verdadeiro retrato de uma pessoa que perde tudo e não tem para onde correr.
Além de Langella, Shia LaBeouf também está ótimo. À princípio, pensei que Jacob Moore iria ser parecido com Bud Fox, personagem de Charlie Sheen no primeiro filme. Mas é um personagem bem diferente. Moore não tem como ambição chegar no topo da carreira na bolsa de valores, mas sim investir naquilo que acredita ser certo e ter uma vida feliz ao lado da mulher que ama. Carey Mulligan (indicada ao Oscar deste ano por Educação) também está ótima como Winnie Gekko, mostrando o porquê de ela ser considerada uma das melhores atrizes desta nova geração. Josh Brolin não desaponta como o vilão Bretton James, uma versão mais traiçoeira de Gordon Gekko. O filme ainda conta com pequenas participações de Susan Sarandon, vivendo a mãe de Jacob Moore, e Eli Wallach, como Jules Steinhardt. Também há uma ótima ponta de Charlie Sheen, como Bud Fox.
Mas ninguém em Wall Street 2 está tão bem quanto seu protagonista. Michael Douglas brilha toda vez que aparece em cena, mostrando que Gordon Gekko é realmente o melhor personagem de sua carreira. Eu não pensaria duas vezes em colocá-lo entre os cinco indicados a Melhor Ator no Oscar do ano que vem.
Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme se destaca, assim como o seu antecessor, por ser uma visão honesta do que ocorre nos bastidores da Bolsa de Valores. Mas o mais interessante é que faz isso envolvendo uma ótima trama, finalizando com chave de ouro a história de um dos personagens mais icônicos da história do cinema: Gordon Gekko.
Cotação:

Um comentário:

Jack Ford Coppola disse...

Perdão novamente Thomás, discordo com você em alguns pontos, por exemplo, essa sequência não bate de frente com o primeiro filme, pois enquanto o original tenta prever os acontecimentos econômicos durante o governo de Ronald Reagan, sua sequência apenas relata de forma superficial esta recente crise econômica.

Não tenho nada a reclamar da direção de Oliver Stone, sendo sincero até me surpreendi, pois depois de ter feito o terrível ‘’Alexandre’’ e aquele recente documentário sensacionalista e tendencioso com Hugo Chavéz fui ver o filme com expectativas muito baixas.

Sobre o roteiro concordo com você que o personagem de Michael Douglas foi muito bem desenvolvido, porém o resto do filme se baseia exageradamente em um melodrama entre Gordon Gekko e sua filha, interpretada pela fraquinha e indicada ao Oscar Carey Mulligan.

WS: 2 se assemelha à bolsa de valores possui altos e baixos e infelizmente mais baixos do que altos, vale a pena assistir para presenciar uma dos mais carismáticos e interessantes personagens da história do cinema; Gordon Gekko