(Comentário publicado originalmente durante a cobertura da 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo)
Primeiro longa de ficção da diretora sueca Mika Gustafson, Paraíso em Chamas conta a história das jovens irmãs Laura, Mira e Steffi (vividas respectivamente por Bianca Delbravo, Dilvin Asaad e Safira Mossberg), que há um bom tempo se encontram abandonadas pela mãe e vivem sozinhas cuidando umas das outras. Laura, por ser a mais velha, acaba servindo como a matriarca das irmãs, mas a preocupação surge quando a assistência social entra em contato querendo falar com a mãe delas, o que faz a garota tentar encontrar alguém que se passe por esse papel e impeça o trio de ser separado.
Paraíso em Chamas coloca adolescentes precisando assumir papéis de adultas, mas sem ter qualquer preparo para exercer tal papel, uma ideia que não é nova, mas que aqui ainda funciona bem. A rotina das irmãs, por exemplo, é uma verdadeira bagunça, e Gustafson mescla isso com peripécias ilegais que as garotas fazem e que parecem gerar um divertimento que elas precisam a fim de não pensar muito em como vivem.
O filme também se beneficia da dinâmica entre as três atrizes, com Bianca Delbravo merecendo destaque especial por fazer de Laura uma figura mais impaciente e raivosa, talvez por estar em um papel que não gostaria, o que não a impede de se divertir com as irmãs diante da vida sem muita responsabilidade que elas têm. É uma pena que Paraíso em Chamas desenvolva alguns pontos da trama de maneira previsível (como a relação entre Laura e Hanna, interpretada por Ida Engvoll) e não se resolva tão bem, mas ainda assim é um drama eficaz.
Nota: