terça-feira, 21 de março de 2023

John Wick 4: Baba Yaga

Toda ação tem uma consequência. Podemos dizer que essa ideia está no centro de todos os eventos que se desenrolam ao longo de toda a franquia John Wick. Eventos estes que não cansam de tomar proporções cada vez maiores até ficarem quase fora de controle. É até curioso lembrar que tudo começou com um assassino profissional se vingando daqueles que mataram seu cachorro e roubaram seu carro, e gradualmente vimos este mesmo assassino entrar em uma verdadeira guerra contra todo seu submundo do crime. E se os três primeiros exemplares estabeleceram John Wick como uma franquia de ação empolgante, este John Wick 4: Baba Yaga retoma essa empolgação e não a deixa cair em nenhum momento.

Escrito por Shay Hatten e Michael Finch, John Wick 4 tem uma trama bem simples, como é comum na série. Depois dos eventos do terceiro filme, o personagem-título (Keanu Reeves) quer se vingar da Alta Cúpula e ficar livre de uma vez por todas do submundo de assassinos profissionais. A Cúpula por sua vez é representada agora pela figura do Marquês Vincent de Gramont (Bill Skarsgård), que quer o fim de John Wick e não medirá esforços para destruir ele e qualquer um que o ajudar. Para alcançar tal objetivo, o Marquês convoca até mesmo Caine (Donnie Yen), um assassino cego e que é um velho amigo de Wick.


Apesar de simples, a trama não impede que o diretor Chad Stahelski construa um épico de ação com quase três horas de duração. Isso se deve principalmente porque Stahelski e sua equipe parecem se deliciar com toda possibilidade de expandir o universo de John Wick, apresentando novos personagens, regras e núcleos narrativos. E assim como foi em John Wick 2 e 3, é fascinante ver esse universo ganhar vida e se revelar cada vez maior. Neste quarto filme, porém, há determinados momentos em que a trama pode soar desnecessariamente longa, com os roteiristas apenas querendo colocar mais obstáculos no caminho do protagonista mesmo quando poderiam ser mais objetivos. Mas creio que tal inchaço na história deixa de ser um problema quando vemos que ele traz recompensas, com os obstáculos adicionados rendendo belas cenas de ação e apresentando personagens que chamam a atenção. Nesse sentido, destaco o Rastreador vivido por Shamier Anderson, que ao longo do filme mostra ter seus próprios interesses, e o chefe da cúpula alemã, Killa, vivido por um quase irreconhecível Scott Adkins, um dos mais interessantes astros de ação contemporâneos e que aqui tem uma rara oportunidade de criar um personagem que não é definido só por suas habilidades como artista marcial.


E já que mencionei as cenas de ação, é preciso dizer que Chad Stahelski com frequência passa a sensação de que uma é melhor que a outra. A exemplo do que fez nos filmes anteriores, o diretor investe não só na grande escala das lutas e tiroteios, mas também na variedade, de forma que esses momentos jamais soam repetitivos e trazem o elenco usando de tudo um pouco em meio ao quebra-pau, sejam armas de fogo, facas, espadas, carros ou nunchakus. Mas mais do que isso, Stahelski e o diretor de fotografia Dan Laustsen fazem com que a ação seja visualmente atrativa para o espectador, deixando a mise en scène sempre clara e por vezes investindo em planos longos que contemplam as ótimas coreografias dos atores, merecendo destaque a sequência filmada em um ângulo alto (plongée) e que acompanha John Wick eliminando seus adversários enquanto passa por várias salas. Aliás, por conta da intensidade da ação, os momentos em que John Wick 4 se concentra no desenvolvimento de seu universo e de seus personagens também servem como pausas para o espectador, que assim pode respirar um pouco antes de entrar na próxima grande sequência do filme, e o roteiro merece créditos por conseguir amarrar de maneira organizada toda essa ação à história e às motivações dos personagens.

Tendo em vista a alta regularidade da franquia, dizer que John Wick 4 é o melhor exemplar que ela apresentou até agora não quer dizer pouca coisa. O que Chad Stahelski, Keanu Reeves e companhia realizam aqui é um verdadeiro espetáculo de ação, sendo desde já uma das produções que merecem destaque nesse ano.

Obs.: Há uma cena após os créditos finais.

Nota:



2 comentários:

Mila disse...

O filme já merece cinco estrelas só pelo Keanu Reeves em cena 😂

Bruno Farinon disse...

Essa franquia desfila no topo da cadeia alimentar dos filmes de ação, ao meu ver. Bom saber que o 4 não decepciona.
Beijo, seu lindo.