Livros de fantasia infato-juvenis
já tem uma fórmula básica na busca de serem bem sucedidos: trazer um
protagonista que mostra ser uma espécie de “Escolhido” e que causará um grande impacto
dentro de seu universo. E se essa fórmula já está enjoando um pouco nos livros,
o mesmo pode ser dito sobre suas adaptações cinematográficas, e todo ano surgem
novos candidatos para tentar emplacar um sucesso parecido com os de Harry Potter e Jogos Vorazes. Só em 2014 tivemos Divergente (que rendeu dinheiro o suficiente para que suas
continuações sejam preparadas), O Doador
de Memórias e agora este Maze
Runner: Correr ou Morrer, baseado no primeiro livro da trilogia escrita por
James Dashner.
Roteirizado a seis mãos por Noah
Oppenheim, Grant Pierce Myers e T.S. Nowlin (todos estreantes na função), Maze Runner acompanha o jovem Thomas
(Dylan O’Brien), que repentinamente acaba indo parar em um lugar conhecido como
Clareira, uma espécie de acampamento no qual dezenas de garotos ficam presos
cercados por um enorme labirinto, sem lembrar de seu passado ou de como e por que
foram enviados para lá. Todos têm a esperança de encontrar a saída através do
labirinto, algo que àqueles que têm permissão para entrar nele (os chamados Corredores),
como Gally (Will Poulter) e Minho (Ki Hong Lee), procuram há tempos sem sucesso.
No entanto, Thomas promete pôr à prova as chances de todos escaparem de lá, sendo
que as coisas ficam mais estranhas com a chegada de Teresa (Kaya Scoledario), a
primeira menina a vir para a Clareira.
Logo de cara Maze Runner lembra de certa maneira O Senhor das Moscas, com seus personagens buscando sobreviver de um
jeito quase primitivo, inclusive formando suas próprias regras para convivência.
E não deixa de ser uma surpresa ver que a história tenha um tom mais sombrio
quando comparada com as de outros filmes do tipo, algo que o diretor Wes Ball (estreante
em longas-metragens) abraça sem medo. Ball, aliás, também consegue criar uma
atmosfera de suspense interessante em volta do mistério em volta da Clareira e
o labirinto, que ganham uma aparência pós-apocalítica graças ao design de
produção e a fotografia com tons por vezes acinzentados de Enrique Chediak.
Mas se por um lado esse suspense é
bem-vindo e necessário para a trama, por outro o filme vai ficando
gradativamente desinteressante à medida que o roteiro revela quem está por trás
da Clareira e por que os garotos vão para lá, sendo algo bobo demais. Não é à
toa que o terceiro ato seja a parte mais fraca da produção. Além disso, Wes Ball
pode até desenvolver eficientemente a atmosfera da história, mas mostra ser um
diretor muito fraco em termos de cenas de ação, fazendo desse aspecto um dos
mais problemáticos do filme ao não conseguir deixar clara a lógica visual e tentando
ditar a tensão ao investir em cortes rápidos, mas isso apenas torna as cenas aborrecidas,
como na sequência em que os monstros conhecidos como Verdugos atacam a
Clareira.
Maze Runner ainda se prejudica não só ao seguir à risca sua
fórmula, não se arriscando muito a fazer coisas novas dentro dela, mas também
por ter diálogos muito óbvios. Dessa forma, quando o roteiro coloca personagens
dizendo para Thomas “Não vá além dos muros” ou “Ninguém nunca sobreviveu a uma
noite dentro do labirinto”, fica muito claro que o protagonista irá quebrar as
regras do que acontece naquele universo, detalhe que impede que nos surpreendamos
com seus feitos. Isso é até uma pena considerando que o jovem Dylan O’Brien surpreende
ao trazer carisma e segurança ao papel.
Se levarmos em conta a atual
mania dos estúdios de dividir o capítulo final de uma série literária em dois
filmes, é provável que Maze Runner
ganhe três continuações caso faça sucesso. Se forem realizadas, esperemos que sejam
um pouco melhores do que este primeiro filme, ou essa será apenas mais uma saga
que passará batida, sem deixar uma marca relevante.
Nota:
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