quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Caçadores de Obras-Primas

Desde que estreou como diretor, no excelente Confissões de Uma Mente Perigosa, George Clooney mostrou uma segurança invejável na condução de seus filmes, tendo errado apenas no medíocre O Amor Não Tem Regras. Depois de lançar seu melhor trabalho, Tudo Pelo Poder, Clooney retorna para trás das câmeras neste Caçadores de Obras-Primas, mas é uma pena que este represente o segundo erro em sua carreira de diretor.
 
Com roteiro escrito por Clooney e por seu parceiro habitual Grant Heslov, baseado no livro de Robert M. Edsel e Bret Witter, Caçadores de Obras-Primas conta a história real de um pelotão na Segunda Guerra Mundial que ficou responsável por salvar o maior número possível de obras de arte, antes que estas sejam destruídas durante as batalhas. Liderados por Frank Stokes (Clooney), o grupo está disposto a fazer de tudo para manter intactos tantos anos de cultura.

A ideia por trás do filme é interessantíssima, sem dúvida alguma, mas sua execução deixa muito a desejar. Clooney se mostra indeciso quanto ao tom que quer dar a história, que uma hora parece uma comédia e em outra tenta ser um drama propriamente dito. Consequentemente, o filme tem problemas graves de ritmo, não sendo tão envolvente quanto deveria. O diretor também revela até um pouco de autoindulgência em alguns momentos, incluindo cenas que além de longas demais ainda são absolutamente desnecessárias, já que não adicionam nada ao filme e apenas travam o desenvolvimento da trama, como quando Preston Savitz (Bob Balaban) e Richard Campbell (Bill Murray) são abordados por um soldado inimigo ou a cena em que um personagem pisa em uma mina terrestre.

Enquanto isso, em determinado momento o roteiro estrutura a história em cima das missões que cada membro do pelotão recebe. Mas nem todos eles recebem muita atenção, em especial James Granger (Matt Damon), que ao lado de Claire Simone (Cate Blanchett, apagada) fica em uma subtrama que aparece um tanto perdida no meio do filme (e o roteiro quase sugere um romance entre os dois personagens, em mais um detalhe que não acrescenta nada a história). E os vários diálogos nos quais Stokes discute se vale a pena arriscar a vida por uma obra de arte cansam depois de um tempo, ainda mais por trazerem uma trilha sentimental e batida do geralmente eficiente Alexandre Desplat, que busca ressaltar de um jeito óbvio demais o quão importante são as palavras do personagem.

Já o elenco faz o que pode com personagens unidimensionais. Os atores talentosos reunidos por Clooney têm um bom nível de carisma, desde o próprio diretor até Matt Damon, passando por Bill Murray, John Goodman, Jean Dujardin, Hugh Bonneville e Bob Balaban, tendo uma bela dinâmica em cena. Mas infelizmente, isso não é o suficiente para que nós nos importemos com o que acontece com eles ao longo do filme, o que tira o impacto de certas cenas.

Caçadores de Obras-Primas poderia ter sido um belo filme. Mas o que vemos aqui é uma obra bem decepcionante e esquecível, ao contrário daquelas que foram resgatadas pelos personagens, cuja história poucos têm conhecimento.

Um comentário:

Hugo disse...

É uma pena, a trama e o elenco dão a impressão de ser um bom filme.

Mesmo assim ainda vou conferir.

Abraço