domingo, 22 de maio de 2011

Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas

Três é o suficiente. Isso foi o que conclui ao final de Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas. Durante os três primeiros filmes da franquia, fomos apresentados a personagens interessantes, batalhas impressionantes e belos duelos de espada. Todos esses elementos eram envolvidos em grandes histórias muito bem contadas. Dito isso, esta quarta parte é decepcionante, pecando em quase todos os elementos citados.
Em Piratas do Caribe 4, Jack Sparrow está em busca da Fonte da Juventude, jornada que começou no final do terceiro filme. No caminho, ele encontra velhos conhecidos com o mesmo objetivo, entre eles estão Angelica (Penélope Cruz), seu amor do passado, e o perigoso Barba Negra (Ian McShane).
Os erros de Piratas do Caribe 4 começam pela mudança na cadeira de direção: saiu Gore Verbinski, entrou Rob Marshall (responsável pelos musicais Chicago e Nine). A falta de experiência de Marshall em filmes de aventura fica evidente desde o início. As cenas de ação são fracas, quase todas mostrando Jack fazendo a maior bagunça, algo não muito comum do personagem. Nenhuma delas se compara a uma luta no meio de um tufão ou a um duelo de espadas em uma roda gigante, mostrando que o diretor não tem uma imaginação como a de Verbinski. Marshall acerta apenas em uma cena, quando as cordas do barco de Barba Negra atacam a tripulação.
O roteiro de Ted Elliot e Terry Rossio, sugerido pelo livro “On Stranger Tides”, de Tim Powers, também não é bom. Os roteiristas pouco se preocupam em desenvolver os novos personagens e ainda falham nas gags (responsáveis por grande parte do divertimento da franquia), sendo poucos os momentos engraçados no filme. Elliot e Rossio ainda investem em um romance chato entre a sereia Syrena e o religioso Philip, enfraquecendo muito a narrativa.
O filme tem seus bons momentos. Além do ataque das cordas, as cenas em que Jack e Barbossa se encontram são divertidas, mas não por causa do roteiro, e sim pela já conhecida rivalidade que existe entre os dois e que foi estabelecida ao longo da trilogia. É uma pena que eles se encontrem tão pouco ao longo do filme.
A trilha sonora do sempre ótimo Hans Zimmer também se destaca, ganhando belos toques de flamenco. Mas Rob Marshall parece não saber como usá-la. O diretor a coloca durante todo o filme e em certos momentos ela nem combina com a cena que é mostrada. Por exemplo, a fuga de Jack no palácio logo no início do filme. É uma fuga atrapalhada com a trilha principal tocando a todo vapor, e não em um tom cômico como poderia ser.
Já estamos acostumados a ver Johnny Depp como Jack Sparrow, um personagem que ele já sabe como interpretar. Os poucos momentos divertidos do filme são protagonizados por ele. Penélope Cruz faz o possível com Angelica, uma personagem tão antipática que acaba se tornando desinteressante. Ian McShaine consegue mostrar que Barba Negra é mal, mas o roteiro dá muito pouco espaço para que ele possa por em prática toda a sua maleficência. E Geoffrey Rush interpreta Barbossa da mesma forma de sempre, mas sem aquele ar de liderança que caracterizava o personagem (algo que também deve ser colocado na conta do roteiro).
Quando uma franquia como Piratas do Caribe é forçadamente prolongada, tendo quatro filmes em menos de dez anos, as chances de o resultado ser bom são pequenas. Isso porque não há mais nenhum cuidado em fazer um bom filme, mas há um cuidado muito grande para transformá-lo em um sucesso financeiro. É claro que às vezes temos um Pânico 4 e um Rocky Balboa, mas também temos um Velozes e Furiosos 5 e um X-Men Origens: Wolverine. E já que os dois primeiros filmes que citei foram lançados depois de um longo período, espero que Piratas do Caribe 5 estreie daqui uns dez anos. O Capitão Jack Sparrow precisa descansar.
Obs.: Há uma cena depois dos créditos finais.
Cotação:

3 comentários:

Jack Ford Coppola disse...

Gosto de comparar a franquia piratas do Caribe a Matrix,não prescisava de 3 filmes,concordo com todos os pontos levantados por ti,e acresento o quarto filme não possui curva dramática alguma

Paula disse...

Eu adorei o filme! Superou minhas expectativas.
Concordo com o que tu escreveu sobre a trilha sonora, ele tava fugindo e era mais cômico que emocionante, a trilha deveria ter sido mais cômica nessa parte.
A parte do Philip com a sereia, muito sem propósito, a não ser que apareça no quinto filme.
Mas eu achei o máximo as cenas de ação, claro que o Gore Verbinski é melhor, ele é doido, mas Rob Marshall fez um bom trabalho. Chega a ter no início do filme, uma cena atrás da outra, e são tão legais que a gente nem percebe que são cenas bem longas (eu senti que era um filme Piratas do Caribe por causa dessas partes). A mais fraquinha é a luta de espadas mesmo, mas não deixa de ser legal.
Eu gostei, mas senti falta dos 'mind games' do Jack Sparrow, não teve o raciocínio maluco que ele faz enganando todo mundo pra conseguir o que ele quer, mesmo que algo inesperado aconteça e ele seja obrigado a fazer a coisa certa. Que nem no 2º e 3º filmes, ele enganou todos para que no final ele pudesse ficar com o Flying Dutchman, mas daí Will Turner fica entre a vida e a morte e Jack abre mão do navio pra salvá-lo. Nesse filme, ele faz tudo que mandam ele fazer, porque na verdade o objetivo dele não chega a ser tão complicado (Spoiler: ele quer o Pérola Negra de volta. Fim do Spoiler), mesmo que no final ele esteja com a faca e o queijo na mão e ele nem hesite em fazer a coisa certa.
Analisando bem, os outros filmes tinham os diálogos enrolados do Jack, mas os objetivos eram muitos claros, neste a enrolação não aparece nos diálogos dele, não adianta prestar atenção no que Sparrow diz, e sim nas coisas que acontecem durante o filme, o que não deixa os objetivos muito claros porque mistura tudo. Acredito que muitas pessoas irão sair do cinema achando que Jack faz tudo por amor a Angelica, quando na verdade o amor da vida dele é outro (o navio).
Mas eu gostei, é bom entretenimento. Acho que vale o ingresso.
Ah, e o 3D? Só tem umas três cenas que a gente percebe bem o 3D, nas outras não faria muita diferença. Dá pra curtir o filme em qualquer formato.

K disse...

Também gostei do filme, talvez por ser fã do Johnny Deep e seu Jack Sparrow. Perde em relação aos outros, mas garante bom divertimento.
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