Em Godzilla vs. Kong,
vemos um grupo liderado pela dupla Nathan Lind e Ilene Andrews (Alexander
Skarsgård e Rebecca Hall, respectivamente) levar
Kong em uma missão para adentrar o núcleo do planeta até a área da Terra Oca, local
onde deverá ser explicada a origem dos monstros. Missão esta que é financiada
pelo ricaço Walter Simmons (Demián Bichir) depois de Godzilla realizar um
ataque aparentemente sem ter sido ameaçado. Mas tendo em vista que os dois
gigantes têm uma antiga rivalidade, Godzilla não facilita o caminho da missão.
Enquanto isso, a jovem Madison Russell (Millie Bobby Brown, reprisando seu
papel de Godzilla 2) se junta ao amigo Josh (Julian Dennison) e ao
conspiracionista Bernie (Brian Tyree Henry) para entender por que Godzilla
resolveu atacar.
Honestamente, chega a ser triste ver que Godzilla vs. Kong tenta contar uma história. Na tentativa de criar uma justificativa para o embate entre os personagens-título (aspecto que até ocorre naturalmente, vale apontar), o fraquíssimo roteiro nos coloca diante de uma trama previsível e que investe tempo em elementos bobos, dando a impressão de que quer inventar coisas sem muita necessidade, com o próprio conceito da Terra Oca sendo mal utilizado para explicar a origem dos titãs. Isso, porém, nem se compara ao desenvolvimento absolutamente risível dos personagens humanos. Aqui, eles surgem como figuras desinteressantes, unidimensionais e sem qualquer arco dramático, mesmo que o roteiro dê sinais de que gostaria de desenvolver algo nesse sentido, como ao mencionar o irmão de Nathan e uma antiga missão envolvendo a Terra Oca. Assim, sempre que o filme dá atenção aos humanos é inevitável que a narrativa perca o ritmo e se torne enfadonha, algo que o diretor Adam Wingard infelizmente não consegue contornar, ainda mais quando vemos o núcleo de Madison, Josh e Bernie, que soa tão estúpido e inútil que acaba irritando mais que qualquer outra coisa.
Quando foca no quebra-pau entre Godzilla e Kong, porém, o filme ganha pontos e compensa um pouco seus problemas. Nesse quesito, Wingard (que já mostrou habilidade com cenas de ação em produções de escala bem menor, como os ótimos Você é o Próximo e O Hóspede) concebe sequências que fazem jus aos gigantes e aproveita as vantagens e desvantagens que um pode ter em relação ao outro, mostrando que nenhum deles é invencível. Aliás, se o filme tem algum centro emocional, este se encontra exatamente entre esses dois personagens, que são figuras interessantes (seja pelo que foi estabelecido nesta franquia ou pela trajetória deles em décadas de aparições cinematográficas) e têm motivações e vulnerabilidades que os humanizam. Portanto, por mais que o espetáculo de explosões e destruições não tenha peso na narrativa, pouco importando as pessoas que devem padecer nos escombros, ainda assim é relativamente fácil para o público se importar com o que acontece com Godzilla e Kong nas lutas, que ganham um tom mais grandioso graças a trilha composta por Tom Holkenborg.
Com isso, mesmo sendo bem
irregular, podemos dizer que Godzilla vs. Kong ao menos funciona naquilo
que realmente importa em sua narrativa. Ver o título do filme ganhar vida na
tela é o que ele tem de melhor, e até por isso lamento que nossa realidade
atual não nos permita assistir a ele em uma sala de cinema. Mas talvez essa
pudesse ser uma obra mais consistente caso não precisasse desviar tanto seu foco.
Nota:
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Ouçam também o nosso episódio do Tem Pauta! sobre o filme.
Um comentário:
Bah, não assisti ainda. Mas por tuas palavras eu acredito que o filme seja bem o que eu imaginei que seria. De qualquer jeito, bora assistir, né!
Beijo, lindão!
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