Chegamos ao costumeiro momento em
que anuncio aqui no blog aqueles que, para mim, foram os melhores e os piores
filmes lançados nos nossos cinemas durante o ano. Sem mais delongas, vamos a
eles.
Começando pelas bombas. Confiram
com cautela.
Os piores filmes lançados no
Brasil em 2017:
10) Baywatch: S.O.S. Malibu (Baywatch), de Seth Gordon
Versão para o cinema da famosa
série de TV, Baywatch é um filme
sofrível, para dizer o mínimo. Ao acompanhar a equipe de salva-vidas liderada
por Mitch Buchannon (Dwayne Johnson), é clara a intenção do longa de querer
apostar em uma narrativa irreverente para contar a história, mas quando o
material é ruim as coisas se complicam. Trazendo uma série de gags bobas e
ridículas (quando não são constrangedoras), o filme não diverte como gostaria,
além de contar com subtramas clichês que o tornam mais longo do que o
necessário e deixam óbvio seu caráter episódico. Nem mesmo Dwayne Johnson, um
cara que geralmente exala carisma, tem uma presença cativante por aqui.
9) Tempestade: Planeta em Fúria (Geostorm), de Dean Devlin
Filme que marcou a estreia do
produtor Dean Devlin na direção, Tempestade:
Planeta em Fúria até exibe boas intenções ao focar numa trama onde as
pessoas se unem para combater um desastre natural global que elas mesmas
causaram. Mas é doloroso ver que isso é feito a partir de uma narrativa pobre,
que tenta se sustentar em seus efeitos visuais grandiosos, detalhes que no fim
só pontuam um espetáculo vazio e aborrecido. A crítica completa sobre o filme pode ser lida aqui.
8) xXx: Reativado (xXx: The Return of Xander Cage), de D.J. Caruso
Eu devo admitir que os primeiros
cinco minutos deste xXx: Reativado
me fizeram rir. Mas dali pra frente o filme foi ladeira abaixo, se entregando a
uma trama estúpida e uma ação burocrática, que desperdiça até as habilidades de
Donnie Yen. É o tipo de produção que só quer aproveitar a fama de seu astro,
Vin Diesel, para fazer alguns trocados, já que se o objetivo era reativar (sem
trocadilhos) uma franquia que já foi esquecida, o plano não deu certo.
7) Assassin’s Creed, de Justin Kurzel
Se no ano passado Warcraft se revelou uma bela surpresa entre
as adaptações de games, Assassin’s Creed
deu continuidade a maldição dessas produções, que em 90% das vezes acabam
rendendo porcarias homéricas. A partir de um roteiro que desenvolve um fiapo de
história e personagens que não poderiam ser mais rasos, o filme concebe uma
narrativa sem vida, desperdiçando um elenco repleto de grandes nomes. A crítica completa sobre o filme pode ser lida aqui.
6) Emoji: O Filme (The Emoji Movie), de Tony Leondis
Na boa, a ideia de um filme
baseado nos famosos emojis que tanto usamos em conversas na internet é idiota
por natureza. Mas mesmo assim é triste ver Emoji:
O Filme confirmar essa idiotice, nos colocando diante de uma animação tão
irritante e sem graça que a vontade que fica ao final da projeção é a de nunca
mais usar emojis.
5) O Chamado 3 (Rings), de F. Javier Gutiérrez
Quando Hollywood decidiu refilmar
alguns belos exemplares do terror asiático, Gore Verbinski surpreendeu ao fazer
em O Chamado um filme que fazia jus
a seu ótimo original japonês. Mas se a continuação dirigida por Hideo Nakata (o
mesmo do original) já não havia prestado, este terceiro filme trata de piorar
as coisas. Sendo falho como terror, não conseguindo causar nenhum susto ou
alguma tensão, e desenvolvendo ideias bobas sobre o universo da temível Samara,
o longa acaba se mostrando totalmente descartável, provando que a franquia não tem mais para onde ir. Assistir a fita de Samara talvez seja uma opção melhor.
4) Fica Comigo (You Get Me), de Brent Bonacorso
Já é velha a história do rapaz que trai a
namorada e depois passa a ser perseguido pela garota obsessiva e psicótica com
quem ficou, mas Fica Comigo
consegue ser uma das piores versões disso (caso não seja a pior). Formuláico até
não poder mais, além de contar com um elenco inexpressivo e uma direção preguiçosa, o filme
jamais consegue fazer com que nos importemos com o que quer que esteja acontecendo ali.
Certamente uma das piores coisas que a Netflix já adquiriu para seu catálogo.
3) Resident Evil 6: O Capítulo Final (Resident Evil: The Final
Chapter), de Paul W.S. Anderson
Se ao longo de toda sua existência a franquia cinematográfica
de Resident Evil nunca foi mais do
que medíocre, este sexto capítulo tratou de leva-la ao fundo do poço, sendo sem
dúvida seu pior exemplar. A crítica completa sobre o filme pode ser lida aqui.
2) Cinquenta Tons Mais Escuros (Fifty Shades Darker), de James Foley
O romance dessa franquia é um troço assustador, sendo
carregado de um machismo doentio. Acompanha-lo acaba sendo uma tortura, não só
pelas ideias ali desenvolvidas, mas também porque é inacreditável que os
envolvidos no projeto tratem tudo aquilo como algo normal. Além disso, como esse
filme é chato!
1)
Transformers:
O Último Cavaleiro (Transformers: The Last Knight), de Michael Bay
Nem sei mais o que dizer sobre
esse filme, essa franquia e seu diretor. Só sei que é impressionante que a
série consiga piorar a cada novo exemplar, já totalizando cerca de doze horas
de história sem ter concebido absolutamente nada de memorável fora sua ruindade.
E este quinto capítulo só é mais um lixo audiovisual que parece ter prazer em
torturar o espectador com sua fórmula narrativa, suas ideias estúpidas e seus
barulhos. A crítica completa sobre o filme pode ser lida aqui.
Outros 29 filmes que merecem
menção desonrosa (em ordem alfabética):
Além da Morte
(Flatliners), de Niels Arden Oplev
Alien: Covenant, de Ridley Scott
O Assassino: O
Primeiro Alvo (American Assassin), de Michael Cuesta
Beleza Oculta (Collateral Beauty), de David Frankel
Boneco de Neve (The Snowman), de Tomas Alfredson
Bright, de David Ayer
A Cabana (The Shack), de Stuart Hazeldine
O Círculo (The
Circle), de James Ponsoldt
Depois Daquela
Montanha (The Mountain Between Us), de Hany Abu-Assad
O Espaço Entre Nós
(The Space Between Us), de Peter Chelsom
Fragmentado (Split), de M. Night Shyamalan
Jogos Mortais: Jigsaw (Jigsaw), de Michael Spierig e Peter Spierig
A Lei da Noite
(Live by Night), de Ben Affleck
Max Steel, de Stewart Hendler
Meu Malvado Favorito
3 (Despicable Me 3), de Pierre Coffin e Kyle Balda
A Morte Te Dá Parabéns (Happy Death Day), de Christopher
B. Landon
A Múmia (The Mummy), de Alex Kurtzman
Passageiros (Passengers), de Morten Tyldum
Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar (Pirates of the Caribbean: Dead Men Tell
No Tales), de Joaquim Rønning e Espen Sandberg
O Poderoso Chefinho
(The Boss Baby), de Tom McGrath
Polícia Federal: A
Lei é Para Todos, de Marcelo Antunez
Power Rangers, de Dean Israelite
Real: O Plano Por
Trás da História, de Rodrigo Bittencourt
Sandy Wexler, de Steven Brill
Suburbicon: Bem-Vindos ao Paraíso (Suburbicon), de George Clooney
Tinha Que Ser Ele?
(Why Him?), de John Hamburg
A Torre Negra
(The Dark Tower), de Nicolaj Arcel
Vida (Life), de
Daniel Espinosa
A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell (Ghost in the Shell), de Rupert
Sanders
Agora vamos para a parte boa...
Os melhores filmes lançados no
Brasil em 2017:
10) A Tartaruga Vermelha (La Tortue Rouge), de Michael Dudok de Wit
Animação produzida pelo fantástico estúdio Ghibli, famoso por ser a casa
artística do mestre Hayao Miyazaki, A
Tartaruga Vermelha se coloca facilmente entre as grandes obras feitas por lá. Acompanhando um homem naufragado em uma ilha e seus encontros
com uma tartaruga que revela não ser bem o que parece, o filme abre mão dos
diálogos e usa o poder de suas imagens evocativas para contar uma história
sensível e repleta de calor humano. E a animação rica nos mínimos detalhes é um
bônus natural tendo em vista a qualidade dos trabalhos de seu estúdio.
9) Era o Hotel Cambridge, de
Eliane Caffé
Focando o dia-a-dia de um grupo de pessoas que está prestes a ser despejado pelo governo após ter ocupado um prédio e fazer dele sua casa, Era o Hotel Cambridge cria uma
narrativa que mistura ficção e documentário a fim de fazer um retrato bastante
humano daqueles indivíduos e sua situação. Considerando o nosso atual contexto
político-social, Eliane Caffé (a mesma diretora responsável pelo igualmente maravilhoso
Narradores de Javé) faz aqui um
filme essencial.
8) Blade Runner 2049, de
Denis Villeneuve
Quando anunciada, essa continuação soou totalmente desnecessária, até
porque o filme original de Ridley Scott era muito bem resolvido. Mas quando
chegou aos cinemas, Blade Runner 2049
se mostrou uma experiência que mantém o espectador em transe, tamanha a riqueza
de suas ideias e a forma como as desenvolve, abrindo discussões
interessantíssimas sobre a natureza humana. Com isso, o longa faz mais do que
jus a seu original. A crítica completa sobre o filme pode ser lida aqui.
7) Uma Mulher Fantástica
(Una Mujer Fantástica), de Sebastián Lelio
Um raro filme protagonizado por uma artista transexual, Uma Mulher Fantástica retrata em
detalhes toda a falta de respeito por trás da transfobia que sua protagonista,
Marina (Daniela Vega), enfrenta, com o diretor Sebastián Lelio conduzindo uma
narrativa constantemente revoltante, já que a personagem é tratada pela maioria
das outras pessoas como qualquer coisa, menos um ser humano. Enquanto
isso, é admirável a maneira respeitosa e digna como o filme trata Marina,
interpretada com extrema sensibilidade por Daniela Vega em uma das grandes
atuações do ano.
6) Star Wars: Os Últimos
Jedi (Star Wars: The Last Jedi), de Rian Johnson
Se O Despertar da Força acendeu
uma faísca empolgante ao iniciar a nova trilogia de Star Wars, Os Últimos Jedi
dá continuidade a isso brilhantemente. Trata-se de um longa que arrepia,
diverte, fascina com a complexidade com a qual aborda seus temas e traz um peso
emocional admirável aos caminhos trilhados por seus personagens. Um filme
fantástico da série, conseguindo até se igualar a O Império Contra-Ataca.
5) Logan, de James Mangold
Depois de dois filmes-solo esquecíveis (especialmente o primeiro),
Wolverine ganhou aqui um longa que não poderia ter encerrado de maneira melhor
seu arco nos cinemas (ao menos no que diz respeito a versão interpretada por
Hugh Jackman por quase vinte anos). Ao mesmo tempo que é uma obra violenta e
visceral ao partir para a ação, Logan
exibe um carinho com seus personagens e as relações entre eles que é capaz de
deixar um nó na garganta do público. E o plano final é simplesmente perfeito. A crítica completa sobre o filme pode ser lida aqui.
4) Manchester à Beira-Mar
(Manchester by the Sea), de Kenneth Lonergan
Kenneth Lonergan faz em Manchester à
Beira-Mar um filme sobre luto e de como superar este sentimento pode ser
impossível. Ao longo da história, o diretor cria uma narrativa que trata os
dramas de seus personagens com grande humanidade, de forma que nos sensibilizamos
e compreendemos como aquelas pessoas agem sem conseguir esquecer as tragédias e
perdas que tanto as marcaram. Assim, mesmo conseguindo equilibrar momentos
delicados com outros mais leves, o longa deixa um impacto emocional muito
forte.
3) Moonlight: Sob a Luz do
Luar (Moonlight), de Barry Jenkins
Um filme extremamente poético na forma como conta a trajetória de seu
protagonista, Chiron, desde a infância até a fase adulta. Aqui, o diretor Barry
Jenkins exibe uma sensibilidade ímpar não só no retrato que faz da realidade em
volta do personagem, mas também (e principalmente) na forma como ele lida com a
própria homossexualidade. Tudo isso dá razões de sobra para que Moonlight seja sempre lembrado por seu
valor artístico, de maneira que ficarei decepcionado se as pessoas ligarem o
filme primeiramente ao jeito bizarro como ele recebeu seu Oscar de Melhor Filme.
2) A Criada (Ah-ga-ssi),
de Park Chan-Wook
Em A Criada, Park Chan-wook (o sensacional diretor por trás de filmes
como Sede de Sangue e a trilogia da
vingança – formada por Mr. Vingança,
Oldboy e Lady Vingança) concebe uma obra intrigante, capaz de empolgar o
espectador a cada reviravolta, mostrando assim uma carpintaria dramática
admirável na construção da trama, dos arcos dos personagens e de como eles
manipulam uns aos outros. Ao final, só resta concluir mais uma vez que Park
Chan-wook é um gênio. Simples assim.
1) mãe! (mother!), de Darren Aronofsky
Muitos provavelmente irão torcer
o nariz para este 1º lugar. Mas mãe!
foi a experiência mais rica que tive em uma sala de cinema este ano.
Apresentando-se como um terror psicológico com elementos bíblicos, o filme tem
uma narrativa instigante, com Darren Aronofsky desenvolvendo temas fascinantes
que nos levam a discussões inteligentes sobre o nosso mundo e a sociedade que
formamos. É algo que muitas vezes ocorre de maneira bizarra, mas que resulta em
uma obra que nos mantém inquietos e pensativos mesmo depois de as luzes da sala
de projeção serem acesas.
Outros 39 filmes que merecem
menção honrosa (em ordem alfabética):
Ao Cair da Noite (It Comes
At Night), de Trey Edward Shults
Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express), de Kenneth Branagh
Até o Último Homem
(Hacksaw Ridge), de Mel Gibson
Atômica (Atomic
Blonde), de David Leitch
A Babá (The Babysitter), de McG
Bingo: O Rei das
Manhãs, de Daniel Rezende
Borg vs. McEnroe (Borg McEnroe), de Janus Metz
Como Nossos Pais,
de Laís Bodansky
Corra! (Get Out), de Jordan Peele
Detroit em Rebelião (Detroit), de Kathryn Bigelow
Dunkirk, de Christopher Nolan
Em Ritmo de Fuga (Baby Driver), de Edgar Wright
O Estranho Que Nós
Amamos (The Beguiled), de Sofia Coppola
Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake), de Ken Loach
Eu Não Sou Seu Negro
(I Am Not Your Negro), de Raoul Peck
Feito na América
(American Made), de Doug Liman
O Filme da Minha
Vida, de Selton Mello
Gabriel e a Montanha,
de Fellipe Barbosa
Guardiões da Galáxia: Vol. 2 (Guardians of the Galaxy: Vol. 2), de James Gunn
A Guerra dos Sexos
(Battle of the Sexes), de Jonathan Dayton e Valerie Faris
Homem-Aranha: De Volta ao Lar (Spider-Man: Homecoming), de Jon Watts
It: A Coisa (It), de Andy Muschietti
Jackie, de Pablo
Larraín
Jogo Perigoso
(Gerald’s Game), de Mike Flanagan
John Wick: Um Novo
Dia Para Matar (John Wick: Chapter 2), de Chad Stahelski
Kong: A Ilha da Caveira (Kong: Skull Island), de Jordan Vogt-Roberts
La La Land: Cantando Estações (La La Land), de Damien
Chazzele
Lego Batman: O Filme (The Lego Batman Movie), de
Chris McKay
Minha Vida de
Abobrinha (Ma Vie de Courgette), de Claude Barras
Moana: Um Mar de
Aventuras (Moana), de Ron Clements e John Musker
Mulher-Maravilha
(Wonder Woman), de Patty Jenkins
Okja, de Bong
Joon-ho
Planeta dos Macacos: A Guerra (War for the Planet of the Apes), de Matt Reeves
A Qualquer Custo (Hell or High Water), de David Mackenzie
Silêncio
(Silence), de Martin Scorsese
Terra Selvagem (Wind River), de Taylor Sheridan
Toni Erdmann, de Maren Ade
Una, de Benedict Andrews
Z: A Cidade Perdida (The Lost City of Z), de James Gray
E isso é tudo, pessoal. Desejo a todos uma bela entrada de
ano e que 2018 venha com muitos filmes legais.
Grande abraço!
Um comentário:
Bom, devo dizer que eu estou em desacordo com sua lista de filmes ruins. Na minha opinião, A lei da Noite foi um dos melhores filmes de ação que foi lançado o ano passado. Eu realmente gostei, e acho que um dos melhores Elle Fanning filmes que eu já vi. Gostei muito da história por que não é tão previsível como outras. Acho que é uma historia cheia de incríveis personagens e cenas excelentes. Além cuida todos os detalhes e como resultado é uma grande produção. O filme superou as minhas expectativas, realmente o recomendo.
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