terça-feira, 1 de setembro de 2020

Power

Nova produção da Netflix, Power é situado em um futuro próximo, quando um grupo liderado por Biggie (Rodrigo Santoro) chega à cidade de Nova Orleans para testar um novo produto: “Power”, uma pílula que dá a seu usuário um superpoder que dura exatos cinco minutos. Nesse contexto, as histórias de três personagens se conectam. Art (Jamie Foxx) é um ex-soldado que não mede esforços para acabar com a organização por trás da pílula, mesmo objetivo de Frank (Joseph Gordon-Levitt), um policial que usa o produto para encarar de igual para igual aqueles que utilizam os superpoderes para cometer crimes. E ambos acabam tendo a ajuda de Robin (Dominique Fishback), uma jovem em busca de uma vida melhor, mesmo que para isso tenha que fazer parte do tráfico da pílula.

O roteiro de Power parte de um conceito interessante, sendo hábil ao trazer elementos que conhecemos dos filmes de super-heróis ao mesmo tempo em que mantém a história calcada no mundo real. E como o longa se situa em Nova Orleans, uma cidade que até hoje sofre com as consequências do Furacão Katrina, os diretores Henry Joost e Ariel Schulman exibem cuidado ao mostrar como o local é tratado com descaso por figuras poderosas, que subestimam a capacidade de seus habitantes. É uma pena, porém, que esses detalhes não sejam mais aprofundados, dando espaço para cenas de ação pouco envolventes, com os diretores apostando em uma montagem frenética que torna difícil entender o que acontece na tela, ao passo que os efeitos visuais tentam criar uma grandiosidade que não deixa de soar artificial.

Mas Power tem a sorte de contar com um ótimo trio no centro da narrativa. Jamie Foxx, Joseph Gordon-Levitt e Dominique Fishback criam figuras simpáticas em Art, Frank e Robin, desenvolvendo ainda uma dinâmica divertida em cena e que contribui para que nos importemos com o que acontece com os personagens (Fishback, aliás, é a grande revelação do projeto, e espero vê-la ganhar papeis cada vez melhores no futuro). A qualidade dos heróis compensa um pouco o fato de Biggie ser um vilão pavoroso. Rodrigo Santoro se esforça, mas pouco tem a fazer com um personagem subdesenvolvido, que é tratado como um capanga comum pelo roteiro.

Por lançar várias produções a cada ano, o subgênero dos filmes de super-heróis já parece estar ficando saturado. Sendo assim, um longa como Power até surge com algum frescor. O resultado pode não ser muito marcante, mas ao menos consegue divertir.