Refilmagem do filme espanhol El Desconocido (que não assisti), A Chamada traz Neeson no papel de Matt Turner, um executivo de banco morando na Alemanha e (no modo mais clichê) dá atenção excessiva ao trabalho, relegando sua família. Um dia ele está em seu carro levando seus filhos, Zach e Emily (Jack Champion e Lilly Aspel, respectivamente), para a escola. O que ele não esperava era que durante o trajeto ele receberia uma ligação avisando que há uma bomba no carro, que explodirá caso ele ou seus filhos saiam do veículo e não façam tudo o vilão lhes mandar fazer.
Apesar de o conceito por trás do filme não ser nada novo, lembrando produções como Velocidade Máxima, é preciso dizer que ele é simples o bastante para poder render algo eficaz. Aliás, o próprio Liam Neeson protagonizou Sem Escalas, um longa que não é grande coisa, mas ainda funciona ao colocar o ator em um avião e precisando obedecer ao vilão a fim de salvar os passageiros. Mas A Chamada desde o princípio se mostra distante de conseguir entreter o espectador, conseguindo falhar até mesmo no que deveria ser básico em uma produção como essa: fazer o público se importar com os personagens, que se revelam medíocres. Matt Turner, para começo de conversa, é um marido e pai ausente que faz seu banco ganhar dinheiro mesmo que isso signifique fazer seus clientes perderem fortunas (em determinado momento ele é até descrito como “um orgulho para o capitalismo”). Já seus filhos nos fazem revirar os olhos com suas rebeldias adolescentes e bobas, como ao não gostarem que desliguem seus celulares, sendo que Zach ainda chama o pai pelo nome (um dos clichês que, ao menos para mim, automaticamente estabelece um personagem como uma criatura irritante). E é claro que o arco narrativo ao longo do filme é fazer os personagens mudarem diante da situação de risco em que se encontram, mas a verdade é que além de essa ideia ser tediosamente óbvia, os sinais de evolução dessas figuras são superficiais no máximo, e nem um ator talentoso como Liam Neeson consegue salvar.
Sendo assim, ao invés de torcermos para que os personagens sobrevivam, o único desejo que surge durante a projeção é que o carro exploda de uma vez e encurte a história. Possivelmente isso faria até com que não precisássemos ser guiados pela direção de Nimród Antal, que é burocrática no melhor dos casos, não conseguindo criar tensão em momento algum, nem criar sequências de ação minimamente envolventes (as perseguições com o carro chegam a ser risíveis). Aliás, permitam-me dizer que torcer para a bomba explodir não necessariamente significa torcer pelo vilão, já que até mesmo ele se mostra uma figura estúpida, algo que piora quando vemos o roteiro tentar fazer o personagem parecer muito inteligente, fazendo-o gritar que “pensou em tudo” e “está muitos passos a frente dos outros” mesmo que, na verdade, seu plano seja pavorosamente ruim.
Se Liam Neeson não fosse o protagonista,
creio que A Chamada seria um daqueles filmes que nem são exibidos nos cinemas,
sendo jogados direto na obscuridade do mercado de video-on-demand.
Trata-se de uma experiência sem a menor graça, com reviravoltas previsíveis que
fazem jus a pobreza criativa que vemos durante toda a narrativa.
Nota:
Nenhum comentário:
Postar um comentário