Quando o assunto é cinema, a reta
final do ano pode servir não só para fazer as costumeiras listas de melhores e
piores filmes (que lançarei aqui em breve), mas também para uma pequena
recapitulação de momentos que marcaram as telonas ao longo dos últimos doze meses.
Para não extrapolar e fazer um post grande
demais, decidi fazer uma seleção de apenas quinze momentos, o que obviamente me
fez deixar muita coisa de fora. Mas convido todos vocês a comentarem suas
cenas, sequências e imagens favoritas dos filmes lançados nesse ano.
(Obs.: Há escolhas na lista que revelam spoilers. Mas, caso vocês não tenham
assistido aos filmes e prefiram não saber coisas importantes, coloquei um pequeno
aviso sinalizando quando irei abordar as cenas em maiores detalhes.)
Os filmes estão em ordem
alfabética logo abaixo.
Augusto Mendes lê um roteiro com sua mãe em Bingo: O Rei das Manhãs
Bingo é um filme insano e repleto de energia, mas sem esquecer de
ter um coração, algo que encontra ao desenvolver com sensibilidade seu protagonista,
Augusto Mendes (Vladimir Brichta), e o relacionamento dele com a família, seja
com o filho pequeno ou com a mãe. Essa cena da leitura do roteiro é belíssima
nesse sentido.
Chris sendo hipnotizado em Corra!
No terror que certamente chega
nessa época como uma das obras que marcaram o ano, o momento em que Chris é
hipnotizado se destaca pela tensão e angústia que afundam o personagem, e de
quebra deixam o espectador na ponta da cadeira quase sem fôlego.
Toda a sequência no Motel Algiers em Detroit em Rebelião
Kathryn Bigelow fez em Detroit em Rebelião um filme poderoso
sobre preconceito e violência policial, de forma que por mais que ela utilize
um cenário da década de 1960, as coisas que acompanhamos aqui refletem muito do
que acontece nos dias de hoje. Dentro disso, a diretora cria uma narrativa angustiante,
e a longa sequência no Motel Algiers, momento que serve de base para a trama, certamente
é o ápice da tensão.
A perseguição no início de Em Ritmo de Fuga
Com essa sequência Edgar Wright
começa Em Ritmo de Fuga metendo o pé
na porta. Um momento eletrizante no qual o diretor exibe uma coordenação
admirável, concebendo uma perseguição absurda e que empolga a cada manobra
realizada pelo protagonista, um verdadeiro diabo atrás do volante.
O depoimento de Daniel Blake em Eu, Daniel Blake
Com a palavra, o próprio Daniel
Blake: “Não sou um cliente, um consumidor, nem um usuário de serviços. Não sou
um desistente, um fujão, um mendigo, nem um ladrão. Não sou um número de seguro
social ou um ponto na tela. Eu pago minhas dívidas, nunca um centavo a menos, e
me orgulho disso. Não baixo a cabeça, e sim olho meu vizinho nos olhos e o
ajudo se posso. Não aceito nem procuro caridade. Meu nome é Daniel Blake. Sou
um homem, não um cão. Assim, eu exijo meus direitos. Exijo que me tratem com
respeito. Eu, Daniel Blake, sou um cidadão. Nada mais, nada menos. Obrigado”.
O final de Guardiões da Galáxia: Vol. 2 (SPOILER)
A franquia do universo
cinematográfico da Marvel já dura nove anos, tendo 16 filmes lançados. Em toda
essa história, o funeral de Yondu (Michael Rooker) certamente se apresenta como
uma das cenas mais belas e comoventes entre as produções concebidas pelo estúdio.
O primeiro ataque de Pennywise em It: A Coisa
Ao escrever a crítica do filme há
pouco mais de três meses, comentei que a imagem de uma criança com o braço
decepado não iria sair da minha cabeça tão cedo. Pois bem, ainda não saiu.
O X de Logan (SPOILER)
Acredito que não poderia haver
uma maneira melhor para encerrar a trajetória de Wolverine depois de ele ser
interpretado por quase 20 anos por Hugh Jackman. Ver Laura pegando a cruz que
marca o local em que ele foi enterrado e cravando-a na terra como um X dá um nó
na garganta, dando um final poético a um personagem icônico e que teve aqui um
filme espetacular.
O terceiro ato de mãe!
Poucas coisas foram tão
amalucadamente lindas no cinema este ano quanto mãe!. E a piração que o filme exibe aumenta gradualmente ao longo
da história, culminando em um terceiro ato fantástico no qual o
diretor-roteirista Darren Aronofsky faz os ricos temas que desenvolveu até então
se chocarem de maneira poderosa.
A conversa entre Lee e Randi em Manchester à Beira-Mar
Artisticamente falando, é a cena
que justifica o Oscar que Casey Affleck recebeu e justificaria também a
premiação de Michelle Williams caso ela tivesse vencido também (e se falei “artisticamente”
é porque sei que Affleck tem histórias de assédio que poderiam ter feito ele
sair derrotado da premiação). Trata-se de um momento onde duas pessoas que se
amam encaram a trágica dor que os mantém emocionalmente ligados. Simplesmente
arrebatador.
O encontro entre Chiron e Kevin em Moonlight: Sob a Luz
do Luar (SPOILER)
Entre tantos momentos poéticos
deste excepcional filme, o reencontro de Chiron (Trevante Rhodes) e Kevin
(André Holland) se destaca por toda sua delicadeza, característica que rege uma
conversa bastante contida antes de os personagens mostrarem o carinho que ainda
têm um pelo outro.
Marina vê seu reflexo no espelho em Uma Mulher Fantástica
Certamente um plano que ganha
força ao sintetizar maravilhosamente o arco de Marina (Daniela Vega), a
protagonista transexual deste lindo longa chileno e que, ao longo da projeção,
bate de frente com o preconceito de várias pessoas que não conseguem vê-la como
a mulher que ela é. Tendo isso em vista, é perfeito que nesta cena o espelho adequadamente
cubra seu sexo, fazendo-a ver apenas seu rosto.
A batalha na Terra de Ninguém em Mulher-Maravilha
Uma sequência na qual Diana
Prince (Gal Gadot) prova seu altruísmo aos homens ao seu redor, mostrando que
mais importante do que vencer guerras é salvar pessoas inocentes da situação de
risco na qual elas se encontram.
O embate no terceiro ato de Star Wars: Os Últimos Jedi (SPOILER)
Foi difícil escolher apenas um momento
de Os Últimos Jedi. Mas por ora
ficarei com este, que diverte, empolga e arrepia não só por mostrar o alcance dos
poderes de Luke Skywalker (Mark Hamill), mas também pelo sacrifício que reascende
a Resistência quando esta mais precisa.
A festa de aniversário em Toni Erdmann
Isso é comédia de desconforto da
melhor qualidade. Tendo em Ines (Sandra Hüller) uma protagonista que, nesse
momento específico, se vê num ponto emocional no qual tocar o “foda-se” é o
único caminho a seguir, Toni Erdmann
nos apresenta a uma sequência onde o senso de humor peculiar da narrativa chega
a níveis inesperados de hilaridade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário