Desde que estreou como diretor,
no excelente Confissões de Uma Mente Perigosa, George Clooney mostrou uma
segurança invejável na condução de seus filmes, tendo errado apenas no medíocre
O Amor Não Tem Regras. Depois de lançar seu melhor trabalho, Tudo Pelo Poder,
Clooney retorna para trás das câmeras neste Caçadores de Obras-Primas, mas é
uma pena que este represente o segundo erro em sua carreira de diretor.
Com roteiro escrito por Clooney e
por seu parceiro habitual Grant Heslov, baseado no livro de Robert M. Edsel e
Bret Witter, Caçadores de Obras-Primas conta a história real de um pelotão na
Segunda Guerra Mundial que ficou responsável por salvar o maior número possível
de obras de arte, antes que estas sejam destruídas durante as batalhas.
Liderados por Frank Stokes (Clooney), o grupo está disposto a fazer de tudo
para manter intactos tantos anos de cultura.
A ideia por trás do filme é
interessantíssima, sem dúvida alguma, mas sua execução deixa muito a desejar.
Clooney se mostra indeciso quanto ao tom que quer dar a história, que uma hora parece
uma comédia e em outra tenta ser um drama propriamente dito. Consequentemente,
o filme tem problemas graves de ritmo, não sendo tão envolvente quanto deveria.
O diretor também revela até um pouco de autoindulgência em alguns momentos,
incluindo cenas que além de longas demais ainda são absolutamente
desnecessárias, já que não adicionam nada ao filme e apenas travam o
desenvolvimento da trama, como quando Preston Savitz (Bob Balaban) e Richard
Campbell (Bill Murray) são abordados por um soldado inimigo ou a cena em que um
personagem pisa em uma mina terrestre.
Enquanto isso, em determinado
momento o roteiro estrutura a história em cima das missões que cada membro do
pelotão recebe. Mas nem todos eles recebem muita atenção, em especial James
Granger (Matt Damon), que ao lado de Claire Simone (Cate Blanchett, apagada)
fica em uma subtrama que aparece um tanto perdida no meio do filme (e o roteiro
quase sugere um romance entre os dois personagens, em mais um detalhe que não
acrescenta nada a história). E os vários diálogos nos quais Stokes discute se
vale a pena arriscar a vida por uma obra de arte cansam depois de um tempo,
ainda mais por trazerem uma trilha sentimental e batida do geralmente eficiente
Alexandre Desplat, que busca ressaltar de um jeito óbvio demais o quão importante
são as palavras do personagem.
Já o elenco faz o que pode com personagens
unidimensionais. Os atores talentosos reunidos por Clooney têm um bom nível de
carisma, desde o próprio diretor até Matt Damon, passando por Bill Murray, John
Goodman, Jean Dujardin, Hugh Bonneville e Bob Balaban, tendo uma bela dinâmica
em cena. Mas infelizmente, isso não é o suficiente para que nós nos importemos
com o que acontece com eles ao longo do filme, o que tira o impacto de certas cenas.
Caçadores de Obras-Primas poderia
ter sido um belo filme. Mas o que vemos aqui é uma obra bem decepcionante e
esquecível, ao contrário daquelas que foram resgatadas pelos personagens, cuja história poucos têm conhecimento.
Um comentário:
É uma pena, a trama e o elenco dão a impressão de ser um bom filme.
Mesmo assim ainda vou conferir.
Abraço
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