sábado, 1 de outubro de 2011
Contra o Tempo
Em 2009, Duncan Jones (filho de David Bowie) mostrou ser um diretor bastante promissor ao lançar Lunar, excelente ficção científica que lembrou muito 2001: Uma Odisséia no Espaço, obra-prima de Stanley Kubrick. Depois de vários adiamentos, Contra o Tempo, novo filme de Jones, finalmente estreia no Brasil (já manifestei meu descontentamento quanto a este tipo de atividade das distribuidoras na minha crítica de Scott Pilgrim Contra o Mundo) e mostra que o diretor tem mão firme para dirigir uma trama cheia de ação no estilo “corrida contra o tempo”.
Escrito por Ben Ripley como uma espécie de Corra Lola, Corra versão ficção científica, Contra o Tempo mostra Colter Stevens (Jake Gyllenhaal), piloto da força aérea americana que acorda em um trem ao lado de Christina (Michelle Monaghan), uma mulher que nunca viu antes. O trem explode e Stevens volta para uma cabine onde Goodwin (Vera Farmiga) o informa que o acidente já havia acontecido. Stevens estava em uma simulação chamada “código-fonte”, e Goodwin diz que ele precisa voltar para lá para encontrar a bomba e o terrorista responsável pela explosão, porque pode evitar outro ataque. Stevens tem apenas oito minutos para cumprir sua missão, tempo de duração do código-fonte.
Cada chance que Stevens tem de “viajar” no código-fonte é tratada por Duncan Jones como se fosse um desafio pessoal para o protagonista. Sendo um membro da força aérea americana, Stevens tem um instinto de resgate, e ás vezes ele esquece que está em uma simulação e tenta salvar alguém que está no trem. Como o filme tem várias “viagens”, Jones acerta ao inserir uma montagem cada vez mais rápida, já que ficar repetindo todos os acontecimentos que nós já sabemos que vão ocorrer serviria apenas para deixar o filme mais longo (os 93 minutos de duração já são muito bem distribuídos).
Durante o filme, Stevens fica preso na cabine de acesso ao código-fonte podendo conversar apenas com Goodwin e o chefe de toda a operação, Dr. Rutledge (Jeffrey Wright). Isso traz para Contra o Tempo um ar de claustrofobia muito interessante e quando o protagonista vai encarar sua missão é como se fossem oito minutos de liberdade. Não é á toa que Stevens claramente parece mais confortável na simulação ao lado de Christina do que quando está na cabine. O roteiro ainda é hábil ao conseguir desenvolver o personagem enquanto a ação ocorre.
Mas a grande missão de Colter Stevens ao longo do filme é encontrar o terrorista que explodiu o trem. Nesse quesito, Jones é bem sucedido ao conseguir fazer com que Stevens (e o público), desconfie de vários passageiros, algo que chega ao auge quando ele persegue um dos que saíram em uma parada do trem. Quando vemos que o terrorista é um daqueles de quem desconfiamos pode parecer decepcionante, mas o roteiro em nenhum momento mostra ter como propósito trazer alguma surpresa com relação a isso.
O conceito concebido por Ben Ripley é interessantíssimo. Depois da sessão, fiquei pensando em como seria se realmente existisse um modo de evitar um ataque terrorista? Será que 11 de setembro de 2001 seria uma data importante como é hoje? Contra o Tempo está muito ligado a isso. Antes de entrar na cabine, Stevens lembra de estar pilotando um helicóptero no Afeganistão. Porque ele estaria no Afeganistão? Provavelmente tentando evitar que mais estragos, como os atentados do 11 de setembro, ocorram. Seja na guerra ou no código-fonte, Stevens está tentando evitar mais terrorismo durante quase todo o filme.
Jake Gyllenhaal, um ator talentosíssimo, encarna Colter Stevens com uma determinação admirável. Inicialmente confuso, Stevens muda de postura no momento que descobre o propósito de sua missão, não medindo esforços para cumpri-la, mas sem esquecer de seu drama pessoal: saber o que aconteceu consigo mesmo, algo que apenas Goodwin e Rutledge parecem ser capazes de responder. Goodwin é vivida por Vera Farmiga com grande seriedade, mas ela não esconde sua preocupação com o protagonista, se sentindo obrigada a informá-lo de certos fatos. Michelle Monaghan traz carisma para Christina, mulher que faz Stevens mostrar seu lado afetuoso. Enquanto isso, Jeffrey Wright faz de Rutledge alguém que merece nossa desconfiança.
Com um belíssimo plano em seu final, Contra o Tempo consegue prender a atenção de seu público do início ao fim. Se continuar assim, Duncan Jones será uma promessa muito bem cumprida.
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Um comentário:
Olá Thomás, o filme é muito bom. Interessante como os roteiristas estão explorando a física quântica para contar uma história sobre o desdobramento de tempo e espaço. E também como foi gentil em narrar a história de um herói de guerra que lutou para ficar vivo. Acredito que não apenas o instinto de soldado que quer defender e salvar as pessoas, mas principalmente como ele consegue defender a sua vida. Agradeço tua recomendação. Abraços.
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