sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Gigantes de Aço

Filmes de boxe são comuns no cinema, sendo um gênero que já rendeu grandes filmes, como Touro Indomável e Rocky - Um Lutador. Gigantes de Aço é um filme que aparenta ser diferente das várias produções de boxe com as quais estamos acostumados. Isso porque temos robôs lutando no lugar das pessoas. É uma pena que essa seja uma das poucas diferenças que o filme traz, já que no resto a história copia elementos de produções do gênero, algo que acaba deixando um gosto de “poderia ser melhor” ao final da sessão.
Escrito por John Gatins com argumento de Dan Gilroy e Jeremy Leven, baseado na história de Richard Matheson, Gigantes de Aço nos apresenta a Charlie Kenton (Hugh Jackman), um ex-lutador de boxe que agora tenta ganhar dinheiro com o novo estilo do esporte: lutas com robôs. Quando sua ex-namorada morre, ele se vê disputando a guarda de seu filho, Max (Dakota Goyo), com a tia dele, Debra (Hope Davis). Charlie resolve passar um tempo com o garoto em troca de dinheiro, e juntos eles acabam se tornando a equipe perfeita para transformar o robô Atom em um grande lutador.
O tratamento dado à história lembra muito três filmes: Rocky – Um Lutador, Rocky 4 e Menina de Ouro. De Rocky temos o próprio protagonista. Ao longo do filme descobrimos que Charlie era um zé-ninguém na época em que lutava, até que fez um campeão dos pesos pesados suar em uma luta. Isso acaba refletindo em Atom, robô feito especialmente para apanhar em treinos, mas que mostra um potencial para ser algo muito maior do que isso. De Rocky 4 temos o vilão, um robô que seus criadores dizem ser indestrutível, assim como era considerado o Ivan Drago interpretado por Dolph Lundgreen. E de Menina de Ouro temos o fato de Charlie e Max subirem a categoria de Atom aos poucos, assim como o Frank interpretado por Clint Eastwood fazia com a Meg interpretada por Hilary Swank. Elementos como esses enfraquecem Gigantes de Aço, por que fazem o filme ser previsível demais.
Apesar de copiar esses elementos, o roteiro se beneficia do fato de nós, como público, sempre torcermos pelo personagem aparentemente mais fraco. Exemplos disso aparecem quando um protagonista enfrenta sozinho vários policiais ou quando enfrenta alguém claramente mais forte. Sempre torcemos por quem está em desvantagem. Sendo assim, quando Atom vai lutar com robôs mais fortes, é impossível não se importar com o que vai acontecer com ele. O design do robô ajuda muito nisso, dando um formato mais amigável ao personagem, algo que incluí um sorriso permanente em seu “rosto”.
Com relação aos outros personagens, o roteiro mostra Charlie como alguém orgulhoso e muito ambicioso, o que faz com que não pense antes de fazer alguma coisa e se importe muito com dinheiro. A ambição do personagem é tão grande que por muito pouco ele não se torna desinteressante. Mesmo depois de ver o potencial de Atom, Charlie quase o vende quando um personagem oferece uma boa quantia em dinheiro, não fazendo isso graças a Max. Se Charlie não se torna alguém chato, isso se deve a atuação do sempre eficiente Hugh Jackman. Ator talentoso e carismático, Jackman empresta esta última qualidade para o personagem, algo que faz com que nos importemos com ele até o fim do filme.
Max, por outro lado, mostra ser diferente de seu pai. Interpretado por Dakota Goyo com grande determinação, Max mostra ser mais esperto por agir baseado na confiança. Por ser considerado um novato, o personagem é usado pelo roteiro para que possa ser explicado para o público o que aconteceu com as lutas normais, uma estratégia compreensível e necessária não só para o desenvolvimento da história, mas também para não deixar perguntas no ar. E a bela Evangeline Lilly se destaca interpretando Bailey, personagem que sempre apoiou Charlie na carreira de lutador e agora o ajuda com os robôs.
Ambientado em um futuro não muito distante, Gigantes de Aço conta com um grande design de produção que acerta ao não colocar carros voadores e outros elementos comuns em filmes do tipo, o que faz do universo apresentado algo muito mais acreditável. Os detalhes futurísticos são colocados na tecnologia usada na época, seja em celulares ou no estilo dos locais onde os robôs lutam. Aliás, esses lugares são muito bem usados pelo diretor Shawn Levy para mostrar a evolução de Atom, já que eles ficam cada vez mais sofisticados à medida que o robô vai “ganhando experiência”. Se sua primeira luta acontece em um local onde um ringue é praticamente inexistente, no final ele já luta em um lugar onde a tecnologia usada para controlar os robôs chega ao seu ápice. Os efeitos visuais também são excelentes, algo mais notável nas cenas de luta, onde os movimentos rápidos dos robôs mostram ser muito convincentes.
Shawn Levy (o mesmo diretor de Recém Casados e dos filmes de Uma Noite no Museu) é uma aposta curiosa dos produtores para conduzir o filme, considerando que nunca dirigiu uma produção com cenas de ação do nível que aparece em Gigantes de Aço. Mas Levy se sai admiravelmente bem nesse ponto do filme. Além disso, ele trata com sensibilidade o relacionamento de pai e filho, algo que resulta em belos momentos, como quando Charlie salva Max em um penhasco.
Gigantes de Aço tem qualidades admiráveis e é muito bom tecnicamente, mas é uma pena que a história tenha tão pouca originalidade. No final do filme, a única coisa que faltou foi um personagem gritar o nome de alguém, assim como Sylvester Stalone fez em Rocky. E acho que isso só não aconteceu por que aí seria copiar demais.
Cotação:

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