sábado, 1 de outubro de 2011

A Fita Branca

(Texto originalmente escrito para a aula de Estudo do Cinema Internacional)
Michael Haneke disse que seu A Fita Branca é sobre as origens do nazismo. A história do filme se passa na Alemanha pré-Primeira Guerra Mundial e acompanha estranhos acontecimentos que estão ocorrendo no local sem que ninguém saiba quem está por trás deles.
A fotografia em preto e branco é mais do que adequada para retratar este período. Ao tirar as cores da narrativa, Haneke ressalta que este foi um momento triste da história alemã, já que mostra como começou um regime de monstruosidades. Isso lembra muito o excelente documentário Noite e Neblina, de Alan Resnais, onde as imagens de 1955 eram coloridas e as mais antigas, da época da Segunda Guerra Mundial, eram em preto e branco.
Tudo é mostrado pelos olhos do professor interpretado por Christian Friedel, que narra a história em uma fase mais adulta, como se percebe pelo seu tom de voz. Por ser o personagem que mais procura saber o que está acontecendo no vilarejo, essa narração ajuda muito a compreender o que ocorre ao longo do filme.
Quando Haneke revela os responsáveis pelos acontecimentos no vilarejo, é surpreendente ver que é um grupo de jovens. Provavelmente, são jovens como eles que vieram mais tarde a fazer parte do regime que hoje é uma mancha na história da humanidade. Regimes como o nazismo nascem porque a maioria se deixa ser dominada pela minoria. O povo alemão desconhecia das atrocidades de Hitler e por isso o apoiava. A mesma coisa acontece em A Fita Branca. Os jovens passam quase despercebidos e sempre aparecem preocupados com as pessoas que atacaram. Por isso, todos no vilarejo pensam que eles são pessoas boas, que não fariam mal a ninguém. Mas pelo modo violento como são criados, eles provavelmente veriam em Hitler a figura de um pai salvador.
Com grandes atuações do elenco (destaque para Friedel), A Fita Branca é uma visão sutil e interessante sobre um período para ser esquecido.

Um comentário:

Hugo disse...

Estou com este filme em casa há algum tempo, mas ainda não assisti.

Gosto do cinema perturbador de Haneke.

Abraço