Desde seus primeiros papeis de
destaque (como na série 3rd Rock From the Sun e em 10 Coisas Que
Odeio em Você), Joseph Gordon-Levitt se mostrou um ator muito carismático. É
até natural que, com o passar dos anos, ele tenha se firmado como um dos intérpretes
mais talentosos de sua geração. Depois de dar uma pausa na carreira (seu último
filme havia sido em 2016, quando teve uma atuação digna de prêmios no excelente
Snowden), Gordon-Levitt agora faz seu retorno às telas como o
protagonista deste 7500.
Escrito e dirigido por Patrick
Vollrath, 7500 (que, para deixar claro, nada tem a ver com o pavoroso Voo
7500, feito por Takashi Shimizu em 2014) traz Joseph Gordon-Levitt no papel
do copiloto Tobias Ellis, que está no comando de um voo de Berlim até Paris ao
lado de seu capitão Michael Lutzmann (Carlo Kitzlinger). Mas o que deveria ser um
voo como qualquer outro se torna um pesadelo quando um grupo de terroristas tenta
sequestrar o avião. Tobias, então, passa a seguir os protocolos de segurança, preocupando-se
com as pessoas que estão a bordo, em especial sua namorada Gökce (Aylin Tezel),
que é uma das aeromoças.
Ao longo de todo o filme, Patrick
Vollrath mantém o espectador ao lado de Tobias dentro da cabine de comando. A
única visão que temos do lado externo se resume a uma pequena tela, que exibe o
que é focado pela câmera de segurança situada atrás da porta da cabine, e o que
o protagonista pode ver de sua janela. Assim, o diretor mostra com calma e
naturalidade o passo a passo do trabalho dos pilotos, conseguindo no processo
nos ambientar àquele espaço que será nosso lar pelos 90 minutos seguintes (e
como filho de um aeronauta, não pude evitar de pensar que meu pai vai adorar
esses detalhes do filme quando assisti-lo).
Mas o que acaba sendo importante em
meio a esses detalhes é que Patrick Vollrath utiliza as limitações daquele espaço
para potencializar a tensão, aspecto que rege a narrativa quando os
sequestradores entram em cena. Além de estar lidando com um ambiente fechado por
natureza, o diretor aposta em planos mais fechados que passam uma sensação de
claustrofobia, o que dá mais intensidade para a situação ali retratada. Também
merece créditos o trabalho de Joseph Gordon-Levitt, já que o ator não só traz
seu carisma habitual para Tobias, mas também encarna com segurança a pressão pela
qual o personagem passa, que fica mais próximo de ser um homem comum do que um
herói de ação como poderíamos estar habituados. Nisso, vale dizer que o roteiro
coloca o protagonista diante de decisões cujo o peso afligiria qualquer um,
testando sua humanidade.
É uma pena, porém, que 7500
não consiga manter essa intensidade ao longo de toda a trama. Se em sua primeira
metade o filme gera tensão, na segunda isso acaba caindo bastante, dando a
impressão de que o roteiro não sabe mais o que fazer ou para onde ir com a
história. E por mais interessante que seja a relação que Tobias cria com um dos
sequestradores, esta infelizmente não chega a ser um grande centro emocional que
sustente a narrativa. Mas ainda que irregular, o filme funciona suficientemente
bem dentro de sua proposta, servindo como um retorno eficaz para o grande ator que
o protagoniza.
7500 está disponível na
Amazon Prime Video.
Nota:
Nenhum comentário:
Postar um comentário