Recentemente, fiz uma pequena
maratona de filmes cujas histórias consistiam basicamente de um confronto entre
pessoas e uma força animal perigosa, o tipo de ideia que já foi explorado a
exaustão no cinema, principalmente após o sucesso fenomenal de Tubarão. O Jacaré Assassino, Piranha
e Aracnofobia foram alguns dos
longas dessa linha que acabei conferindo. Comento isso agora porque é difícil
assistir a este Megatubarão e não
lembrar de todas essas obras e da fórmula que suas premissas estabeleceram ao
longo dos anos. Mesmo assim, este novo filme consegue render um entretenimento satisfatório.
Em Megatubarão, Jason Statham interpreta Jonas Taylor, um experiente
mergulhador que se exilou na Tailândia depois que liderou um trágico resgate a
tripulação de um submarino. No entanto, quando a base de pesquisas Mana Um vê
parte de sua equipe em perigo em uma região recém-descoberta no fundo do mar, onde
é atacada por uma criatura desconhecida, Jonas é chamado por ser o único capaz
de driblar os riscos e realizar um resgate bem sucedido, ajudando velhos
conhecidos. É então que ele e todos os membros da Mana Um passam a enfrentar um
megalodonte, um tubarão pré-histórico de mais de 20 metros de comprimento.
Não é um filme em que possamos
ver sinais de frescor na narrativa, até porque o roteiro escrito por Dean
Georgaris e Jon e Erich Hoeber (que por sua vez é baseado no livro de Steve
Alten) é envolvido em um amontoado de clichês que engessam o desenvolvimento da
trama, mantendo-a firme no lugar-comum. Seguindo isso, o diretor Jon Turteltaub
falha em praticamente todas suas tentativas de surpreender ou assustar o
público, já que a forma como ele concebe os ataques do megalodonte torna fácil
para o público antecipar o que acontecerá, algo evidente em cenas que aparentam
alguma tranquilidade (é óbvio que o animal aparecerá quando os personagens
menos esperam). Se isso já é capaz de incomodar, os diálogos que volta e meia
martelam informações na cabeça do espectador não ficam muito atrás (coisas como
“Aquilo é maior do que pensávamos ser possível” ficam repetitivas depois de um
tempo), ao passo que os personagens não deixam de ser tipos bastante batidos,
desde o herói traumatizado que precisa enfrentar seus medos até o ricaço que
financia as pesquisas, mas se preocupa mais com seu dinheiro e imagem que com
as pessoas.
Porém, esses pontos não atrapalham
o divertido senso de humor que o filme tem diante da bobagem inerente de sua história.
É engraçado, por exemplo, ver os personagens tensos à procura do megalodonte,
mas aliviados ao se depararem com uma horda de tubarões comuns, uma imagem que faria
qualquer pessoa normal saltar. Considerando o currículo de Jon Turteltaub (ele
é conhecido por comédias e aventuras como Jamaica
Abaixo de Zero e A Lenda do Tesouro Perdido),
não é uma surpresa ver esse tipo de leveza na narrativa. Além disso, ainda que
criatividade não seja exatamente seu forte, Turteltaub consegue criar alguns
momentos genuinamente inquietantes, com destaque para as cenas em que os
personagens são perseguidos pelo vilão, fazendo o possível para se salvarem. Nesse
sentido, o elenco liderado por um carismático Jason Statham (e que também conta
com nomes interessantes, como Li Bingbing, Cliff Curtis e Rainn Wilson) também
merece créditos, exibindo em cena uma dinâmica divertida e simpática que ajuda
o público a torcer pelos personagens.
Talvez Megatubarão tivesse chances de ser algo do nível da pavorosa franquia
Sharknado. Mas para a nossa sorte, o
projeto conta com algum talento, o que certamente contribui para que suas
ideias funcionem. Por mais que no fim tenhamos um longa que não deixa de soar
como um produto reciclado.
Nota:
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