Denzel Washington é um ator
fantástico, e é interessante notar que, ao longo de sua carreira, ele evitou
fazer continuações de seus filmes, por mais que aqui e ali houvesse potencial
para isso (para citar um exemplo, Lincoln Rhyme, personagem que ele interpretou
no mediano O Colecionador de Ossos, teve
origem em uma série de livros policiais que tem novos exemplares lançados até
hoje). Quer dizer, evitou até agora. Em O
Protetor 2, Washington retoma sua parceria com o diretor Antoine Fuqua e
volta ao papel de Robert McCall após o eficiente (ainda que nada memorável) primeiro
filme, que trouxe para o cinema a série de TV protagonizada por Edward Woodward
na década de 1980. E o nível da saga do personagem nas telonas não muda nada
nessa continuação.
Escrito pelo mesmo Richard Wenk
do longa anterior, O Protetor 2 traz
Robert McCall trabalhando como motorista, usando suas horas vagas para colocar
em prática suas habilidades de ex-agente do governo e ser uma espécie de anjo
da guarda, não se importando de ajudar completos desconhecidos quando vê que
estes estão sendo vítimas de alguma injustiça. Mas quando alguém próximo a ele é
assassinado, McCall logo se envolve no caso que a pessoa vinha investigando,
passando então a não medir esforços para descobrir por que ela morreu e quem a
matou.
Se eu tivesse escrito sobre o
primeiro filme, talvez escrever sobre O
Protetor 2 fosse mais ou menos como bater nas mesmas teclas, já que ambos
os longas compartilham praticamente dos mesmos problemas e das mesmas virtudes.
O roteiro, por exemplo, além de se concentrar na investigação realizada pelo
protagonista, também tenta desenvolver várias subtramas envolvendo pessoas que
ganham o auxílio dele, sendo pontos que podem até ser vistos como pequenos
episódios considerando a natureza do material original. Entre elas, a que ganha
maior destaque é a de Miles (Ashton Sanders, uma das revelações da obra-prima Moonlight), jovem que se vê dividido
entre seu talento como artista e uma possível vida de crimes. O problema é que
tais subtramas em sua maioria pouco acrescentam ao filme, que às vezes até
perde o foco ao se ver tendo que pausar o desenvolvimento da trama principal para
poder dar conta de tudo, montando uma estrutura que faz a narrativa perder o
ritmo pontualmente.
Se o filme não chega a ficar
desinteressante mesmo em seus momentos mais fracos, isso se deve principalmente
a Denzel Washington, que novamente usa sua costumeira segurança para encarnar
Robert McCall como um homem de modos bastante simples e metódicos, criando um
contraste natural com sua implacabilidade ao partir para a ação. Esta
característica, por sinal, funciona tanto a favor quanto contra o filme. Por um
lado, Antoine Fuqua aproveita as habilidades de McCall para conceber sequências
de ação ágeis e eficientes, se destacando, por exemplo, quando o personagem
luta contra um capanga enquanto dirige seu carro (e é bom ver que o diretor não
tenta driblar a violência presente na ação, mostrando a sanguinolência
resultante dos golpes desferidos em cena). Mas por outro, isso faz com que em
momento algum duvidemos do sucesso do protagonista, o que tira boa parte da
tensão que a narrativa poderia ter. Contribui para isso também o fato de o
roteiro construir vilões que pouco servem como ameaça, dando a eles uma inteligência
que nunca é párea a do herói, que parece sempre estar vários passos à frente
deles.
O Protetor 2 fica longe de ser um ponto alto na carreira de Denzel
Washington. Mas também não chega a ser um longa que faça o astro se arrepender
de ter decidido estrelar uma continuação, já que, apesar de suas
irregularidades, o que temos aqui é um trabalho que ainda consegue se sustentar
como filme de ação.
Nota:
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