terça-feira, 6 de setembro de 2016

A ambição por trás de Eu Não Vou Dizer Eu Te Amo


Há pouco mais de um ano, logo depois de eu ter me formado em Produção Audiovisual pela ULBRA, um grupo de colegas meus chegou a tão esperada fase do Trabalho de Conclusão de Curso (ou TCC, como chamam os mais íntimos). Aqui é o momento em que todos se juntam para produzir algo que possa ser feito nos poucos meses que duram o semestre, e ainda leve em consideração as limitações orçamentárias de um projeto estudantil. No que diz respeito à ULBRA e ao cinema universitário de modo geral, o que resulta disso são produções de curta duração, considerando que, teoricamente, estas exigem menos trabalho. No caso do meu grupo, foi um videoclipe. Em vários outros, foram curtas-metragens.

Mas eis que meus colegas decidiram levar as regrinhas que citei para um nível um pouco mais desafiador: um longa-metragem chamado Eu Não Vou Dizer Eu Te Amo, o primeiro TCC feito nesse formato na ULBRA (ou ao menos o primeiro a ser entregue ao final do semestre). Uma ideia que muitos certamente poderiam desconsiderar, mas que nesse caso foi abraçada por todo o grupo. E não posso dizer que fico surpreso com isso. Tendo feito algumas disciplinas e trabalhos com essas pessoas antes de me formar, posso dizer que elas sempre mostraram um empenho admirável ao pegar os equipamentos e dar voz a sua criatividade.

Eu Não Vou Dizer Eu Te Amo saiu do papel, foi completado e apresentado. Isso já poderia ser motivo de orgulho para sua equipe, tendo em vista o tamanho do desafio. E particularmente falando, acho o filme bacana, sendo uma produção que mantém sua simplicidade (como poderíamos esperar de um projeto de orçamento bastante reduzido), mas sem deixar que isso seja um entrave para a concepção de sua história e de sua narrativa.

No entanto, como você já deve ter percebido, o que escrevo agora não é uma crítica sobre o filme, até porque acho que não seria ético de minha parte fazer isso (sinto ser suspeito para comentá-lo). Na verdade, vejo essas palavras como um atestado de minha admiração pela ambição do projeto, e não só por conta de seu formato e por ser bem realizado, mas também por ser um TCC que conseguiu fazer com que seu caminho fosse além da apresentação ao final do semestre. Eu Não Vou Dizer Eu Te Amo teve dificuldades para circular e chegar até um público maior do que aquele formado por professores, familiares e colegas de seus realizadores, e mesmo assim obteve feitos notáveis e até incomuns para um longa universitário. Entre eles estão a participação no programa Encontros com o Cinema Brasileiro, onde foi exibido para Julien Welter (um dos curadores do Festival de Cannes), e a seleção para a Mostra de Longas Gaúchos no Festival de Gramado, com sua sessão tendo ocorrido na quinta-feira passada.

Sendo assim, mesmo que eu tenha demorado para falar a respeito disso (já faz um ano desde que vi a apresentação do filme), aplaudo a iniciativa de Guto Bozzetti, Julia Escobar, João Henrique Mattos, Sérgio Albeche, Jeniffer Casagrande, Marcelo Morandini, Rafael Barpp e todos que os ajudaram a realizar o projeto. Não sei se isso irá incentivar mais estudantes a toparem um desafio desse tipo, mas é bom ver o filme conquistar algum espaço diante de um mercado tão complicado.

Obs.: Clique aqui e confira o ótimo artigo que o Guto escreveu em parceria com a Gabriela Almeida, professora nos cursos de Jornalismo e Produção Audiovisual da ULBRA.

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