quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Orgulho e Preconceito e Zumbis

Existem dois filmes em Orgulho e Preconceito e Zumbis. Um traz de volta as telas o clássico romance de Jane Austen, adaptado para o cinema pela última vez em 2005 por Joe Wright. O outro é um longa de ação onde os zumbis são a grande ameaça. Ambos batem de frente nesta produção baseada no livro de Seth Grahame-Smith, autor que parece ter apreço por ideias inusitadas, sendo ele o responsável pela obra que deu origem ao pavoroso Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros.

Escrito e dirigido por Burr Steers, o roteiro nos leva a Inglaterra do século XIX, onde a sociedade sofre com a presença de zumbis, algo que obriga as pessoas a darem seu jeito para se protegerem, incluindo treinar artes marciais. Nesse contexto, as cinco irmãs Bennett chegaram ao momento de suas vidas em que sua família as pressiona a se casar. Enquanto a primogênita, Jane (Bella Heathcote), se apaixona pelo jovem Sr. Bingley (Douglas Booth), a segunda filha, Elizabeth (Lily James), cria certo desprezo (ou seria amor?) pelo amigo do rapaz, Sr. Darcy (Sam Riley), além de exibir uma postura questionadora com relação aos costumes da época.

O filme segue praticamente à risca a obra de Jane Austen, de forma que não é à toa que ela é creditada como tendo co-escrito a versão zumbificada ao lado de Grahame-Smith. No entanto, é curioso que grande parte do que há de cativante na narrativa não venha da premissa em si, mas sim de detalhes que mostram a força das mulheres da história. Quando conhecemos as irmãs Bennett, por exemplo, não vemos jovens costurando ou fazendo algum outro clichê ligado a seu gênero. Ao invés disso, elas aparecem limpando suas próprias armas, e se isso já trata de estabelecer suas personalidades fortes, as coisas melhoram quando elas mostram serem capazes de se defenderem sozinhas, sem precisarem que os homens ao seu redor venham acudi-las, detalhe que indica uma visão contemporânea agradável de ver em um projeto como esse. Ainda nessa linha, o roteiro não perde a chance de apontar como é ridícula a mania da mãe das irmãs (interpretada por Sally Phillips) de tratar diferente cada uma das filhas ou por querer que elas casem de qualquer forma.

Mas mesmo que o filme mostre estar no caminho certo ao apresentar esses aspectos, isso não chega a compensar o fato de ele ser irregular quando parte para ação. Aqui, Burr Steers investe em uma montagem frenética e rápidos movimentos de câmera para tentar dar energia a narrativa e torna-la ágil, mas isso apenas faz com que as sequências se revelem pouco interessantes, beirando o incompreensível. Além disso, o desenvolvimento da trama não deixa de ser óbvio, algo que se deve até por o filme não se arriscar tanto na forma como segue a história original de Jane Austen. Para completar, o lado expositivo do roteiro chega a doer em determinados momentos, como na abertura narrada pelo Sr. Bennett (Charles Dance) ou em diálogos como “Os mortos vivos brotam mais facilmente na chuva”.

Com um elenco eficiente em sua maioria (o principal destaque fica com Lily James, que faz de Elizabeth uma heroína interessante e carismática), Orgulho e Preconceito e Zumbis talvez pudesse aproveitar um pouco melhor a ideia que lança na tela. É um filme que tenta divertir com sua curiosa mistura, e no fim das contas alcança resultados moderados nesse sentido.

Obs.: Há uma cena durante os créditos finais.

Nota:


Um comentário:

Unknown disse...

Achei muito interessante a maneira em que terminou é filme. De forma interessante, o criador optou por inserir uma cena de abertura com personagens novos, o que acaba sendo um choque para o espectador, que esperava reencontrar de cara as queridas crianças. Desde que vi o elenco de Orgulho e Preconceito e Zumbis imaginei que seria uma grande produção, já que tem a participação de atores muito reconhecidos, pessoalmente eu irei ver por causo do atriz Lily James, uma atriz muito comprometida. Eu a vi recentemente em um dos Melhores Filmes de Suspense, uma opção que vale a pena.