domingo, 15 de setembro de 2013

Invocação do Mal

O casal Ed e Lorraine Warren ficou muito conhecido ao longo dos anos por investigar casos incomuns que envolviam atividades paranormais, sendo ele um demonólogo e ela uma médium. Alguns casos acabaram ficando famosíssimos, como o Terror em Amityville, que virou filme duas vezes, em 1979 e em 2005. Na verdade, esse não foi o único incidente investigado pelos Warren a ganhar as telas (Evocando Espíritos, lançado em 2009, é outro exemplo), e por isso não deixa de ser uma surpresa que essas duas figuras surjam em um filme apenas agora neste Invocação do Mal. Mas ao menos eles aparecem em uma produção de terror interessante, que se revela acima da média das obras que vêm sendo lançadas nos cinemas ultimamente
.
Escrito pelos irmãos Chad e Carey Hayes (que não têm trabalhos muito memoráveis no currículo), Invocação do Mal se passa em 1971 e mostra Roger e Carolyn Perron (Ron Livingston e Lili Taylor, respectivamente), casal que se muda para uma nova casa ao lado de suas cinco filhas. Mas eles passam a ser amedrontados por seres amaldiçoados que habitam a casa, em uma situação que piora gradativamente. É quando eles decidem chamar Ed e Lorraine (interpretados por Patrick Wilson e Vera Farmiga), que tentam ajuda-los o máximo possível para que eles possam viver em paz.
É uma típica historia de casa mal-assombrada, que segue a fórmula do gênero e usa coisas muito batidas durante o filme, como o relógio tocando, quadros caindo e portas se fechando com força (em determinado momento, tudo isso é usado ao mesmo tempo). No entanto, o diretor James Wan (responsável por obras como o primeiro Jogos Mortais e Sobrenatural, filme com o qual Invocação do Mal tem semelhanças claras) usa esses elementos a favor da história, conseguindo desenvolver uma atmosfera bastante inquietante que percorre toda a narrativa. E com seus suaves movimentos de câmera, Wan constantemente cria expectativas em seu público, o que só contribui para a tensão do filme e também para o sucesso de alguns sustos. Aliás, há um momento específico em que o diretor chega a brincar com essas expectativas, resultando em uma cena divertidíssima envolvendo o policial Brad Hamilton (John Brotherton).
Tecnicamente Invocação do Mal também é muito eficiente. A ótima fotografia de John R. Leonetti, com seus tons de azul e cinza, ajuda a fazer com que o ambiente da trama se torne mais fantasmagórico, algo que também pode ser dito sobre a trilha macabra composta por Joseph Bichara, que lembra um pouco filmes de terror antigos, o que não deixa de ser apropriado considerando a época em que a história se passa. Enquanto isso, a direção de arte e os figurinos fazem uma bela recriação de época, e a montagem de Kirk Morri é competente ao conseguir acompanhar os Perron e os Warren ao mesmo tempo até o momento em que eles se encontram, além de impor um bom ritmo ao filme.
Mas o que surpreende em Invocação do Mal não é só a grande habilidade de James Wan na construção do ambiente do filme, mas também o fato de o roteiro desenvolver seus personagens o suficiente para que nós nos importemos com o destino deles, o que ainda se deve em grande parte ao bom elenco. Se Patrick Wilson encarna Ed Warren com grande determinação, Vera Farmiga faz de Lorraine a personagem mais forte do filme, e a química entre os dois atores é invejável, mostrando que eles ajudam as pessoas, mas não deixam de se preocupar com o que pode acontecer um com o outro. Já Ron Livingston e Lili Taylor estabelecem Roger e Carolyn como figuras comuns e bastante vulneráveis, tendo ainda uma bela dinâmica familiar com as jovens atrizes que interpretam suas filhas (por sinal, essa dinâmica é bem apresentada pelo diretor em um breve plano-sequência que ele faz no logo início do filme).
Contando com várias cenas tensas ao longo da projeção (destaque para a sequência que ocorre no terceiro ato) e prendendo o espectador na cadeira do cinema do início ao fim, Invocação do Mal é um terror bem sucedido em suas propostas. Até por isso acaba sendo uma pena que o filme dê ênfase demais ao detalhe de essa história ser aparentemente real (uma forma de assustar desnecessária). Mas isso acaba importando pouco, já que nossas unhas estarão totalmente roídas quando formos pensar nisso.
Cotação:

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