sábado, 3 de dezembro de 2011

Os Muppets

A única participação que os Muppets tiveram na minha infância foi um pequeno clipe que passava antes de A Bela e a Fera, no VHS do filme. Fora isso, nunca vi o programa The Muppet Show e, até pouco tempo atrás, nem sabia direito os nomes de Kermit (ou Caco, como ficou conhecido por aqui), Miss Piggy e companhia. Por isso, antes de assistir a esta nova produção, resolvi me familiarizar um pouco com os personagens assistindo a quatro dos seis filmes protagonizados por eles nos cinemas: Muppets – O Filme, A Grande Farra dos Muppets, Os Muppets Conquistam Nova York e Muppets do Espaço. Tirando o último, que é mediano, adorei os filmes e de quebra ainda me tornei fã dos personagens, que são absolutamente adoráveis. Sendo assim, é bom vê-los protagonizando mais um filme, e melhor ainda é constatar que é um exemplar muito divertido, assim como os próprios Muppets.
Escrito pelo ator Jason Segel (grande fã dos personagens) ao lado de Nicholas Stoller, Os Muppets mostra que o grupo se separou e não se vê há muito tempo. Enquanto isso, Tex Richman (Chris Cooper) pretende comprar o abandonado Estúdio Muppet e demoli-lo para aproveitar o petróleo que existe na área. Para impedir que isso aconteça, Walter, seu irmão Gary (Segel) e a namorada dele, Mary (Amy Adams), reúnem o grupo para mais um show, com o objetivo de arrecadar dez milhões de dólares e salvar o estúdio.
Algo que diverte no roteiro do filme é a metalinguagem. Os personagens se aventuram ao mesmo tempo em que estão cientes de que estão dentro de um filme (o que faltou em Muppets do Espaço). Quando um prédio explode, por exemplo, Fozzie pergunta se isso estava no orçamento. Outro exemplo é o momento em que Richman fala a trama do filme e é questionado pelo velhinho Statler. Isso é algo que ressalta a graciosa ingenuidade dos Muppets, uma característica que os torna ainda mais adoráveis e divertidos.
Outro elemento admirável é Walter, personagem criado especialmente para o filme (e que torço para que participe de futuras produções dos Muppets). Apesar de ser uma marionete, Walter é irmão de Gary, um humano, mas isso nunca vira motivo de estranhamento por que, afinal, estamos em um filme dos Muppets. O que torna Walter um personagem tão carismático e interessante é o fato de ele ser a verdadeira representação do que acontece com um fã incondicional quando este está diante de seus ídolos. Ele fica extremamente feliz só por poder visitar o Estúdio Muppet e ainda desmaia quando Kermit o chama de amigo. É uma representação que pode parecer exagerada, mas mostra muito bem a felicidade que sentimos diante de uma pessoa que admiramos.
O modo como o roteiro trata o reencontro dos Muppets é muito bacana. Mesmo tendo passado tanto tempo desde que se viram pela última vez, eles não se esqueceram um do outro ou dos ótimos momentos que viveram juntos. Gonzo, por exemplo, virou o maior magnata do saneamento da região, mas sempre usa sua velha “roupa de Muppet” por baixo do terno.
É de se admirar ainda que Segel e Stoller entendem que os Muppets são os verdadeiros “donos da área”. Sendo assim, os humanos nunca se tornam o centro do filme. Quando os Kermit e companhia aparecem, eles dominam a tela. E sendo personagens tão populares, várias celebridades fazem participações especiais, algo muito comum em se tratando dos Muppets. Se nos outros filmes tivemos figuras como Steve Martin, Bob Hope, Mel Brooks, Liza Minnelli, Brooke Shields, Ray Liotta e Orson Welles, em Os Muppets temos Alan Arkin, Mickey Rooney, Dave Grohl, Sarah Silverman, Jack Black, Neil Patrick Harris, e muitos outros. São participações que enriquecem bastante o filme, já que mostram o quanto os os personagens são adorados (duvido que algum desses atores tenha aceitado participar deste filme apenas por participar).
Jason Segel não capricha só como roteirista, mas também como ator, mostrando uma química invejável não só com Walter, mas também com sua parceira em cena, a sempre eficiente Amy Adams. Os dois emprestam seu carisma para Gary e Mary, dois personagens que apoiam um ao outro. Enquanto isso, Chris Cooper claramente se diverte com seu Tex Richman (nome interessante, por sinal), fazendo deste um vilão à altura dos Muppets. Aliás, o número musical de rap protagonizado por Cooper diverte por não estarmos acostumados a vê-lo dessa maneira.
O diretor James Bobin tem como principal trabalho deixar os Muppets darem seu show, mas também merece créditos por ser responsável por alguns belos momentos do filme. Ele consegue enganar o público mostrando algo que parece ser uma coisa, mas que logo depois mostra ser diferente do que pensávamos. Por exemplo, quando alguém está próximo a uma janela e começa a chover, o que revela ser apenas um jardineiro usando uma mangueira. Ou quando um personagem aparece pela primeira vez no filme, com um coral como música de fundo, sendo que logo depois isso mostra estar vindo de um simples ônibus que está passando por ali. Além disso, os números musicais são muito bem feitos e é bom ver que a famosa canção “At the Rainbow Connection” não é esquecida.
Quando o programa de arrecadação do dinheiro começa, os realizadores mostram que sabem qual é o público-alvo do filme. Ao invés de crianças na plateia, o que se vê, em sua grande maioria, são adultos. Isso é algo que deve refletir nos cinemas, já que é esse grupo de pessoas que cresceu assistindo estes personagens. Enquanto que as crianças de hoje vão estar lá apenas para se divertir, os adultos estarão se reconectando com sua infância. E esta é a grande magia em volta de Os Muppets.
Cotação:

2 comentários:

cris mitsue disse...

É bom ver os Muppets de volta, eles são encantadores.. Não tem como não se apaixonar por eles. Muita filosofia de vida, aliás. Quero muito ver o filme, depois de tanto elogio assim, não posso perder :D

E a crítica tá excelente. Continue assim, cara! :D

Thomás R. Boeira disse...

Muito obrigado, Cris! Prometo que vou tentar continuar assim. Ou talvez melhorar. Melhorar é sempre bom! ;D

Encantadores talvez seja a palavra perfeita para definir os Muppets. Eles são demais.