sábado, 30 de julho de 2011
Capitão América: O Primeiro Vingador
Capitão América é um dos heróis mais conhecidos da Marvel Comics, tendo protagonizado uma série de TV de 1944 e um filme de 1990 (que assisti quando tinha seis anos e, por isso, não lembro de quase nada). Criado por Joe Simon e Jack Kirby em 1941, o personagem ressaltava os ideais de patriotismo de um país que estava prestes a entrar na Segunda Guerra Mundial. Mas fazer um filme focado apenas no patriotismo dos Estados Unidos significaria apenas uma coisa: um filme que entreteria somente o povo americano. Mas Capitão América: O Primeiro Vingador deixa o patriotismo um pouco de lado e se concentra em seu personagem e nos desafios que ele enfrenta antes e depois de se transformar no Capitão América, resultando em ótimo filme que completa o grande quebra-cabeça de Os Vingadores, que a Marvel está montando desde Homem de Ferro.
Escrito por Christopher Markus e Stephen McFeely, Capitão América nos apresenta a Steve Rogers (Chris Evans), jovem que tem como maior sonho servir seu país. O problema é que ele é magro, baixo e sua saúde não é das melhores, o que torna este sonho inviável. Mas o que ele tem de problemas físicos, ele tem de coragem, vontade e bondade. Isso o torna perfeito para ser a cobaia de um experimento com um soro criado pelo doutor Abraham Erskine (Stanley Tucci). Este soro amplifica todo o potencial do corpo da pessoa (para quem não se lembra, ele foi usado em Emil Blonsky, interpretado por Tim Roth em O Incrível Hulk). O experimento dá certo, e Rogers vira o “super soldado” Capitão América.
Markus e McFeely ganham pontos positivos no modo como tratam Steve Rogers ao longo da projeção. Antes do experimento com o soro, Rogers mostra ser um cara tímido, corajoso, insistente, livre de preconceitos (algo que fica claro quando ele diz não ver problema nenhum no fato do doutor Erskine ser alemão) e que se importa com as pessoas a sua volta, como seu melhor amigo Bucky Barnes (Sebastian Stan). E o mais admirável é que ele continua assim depois do experimento. Além disso, os roteiristas sempre colocam desafios no caminho do herói, desde generais que não acreditam no seu potencial passando até missões que ele encara sozinho. Isso mostra que ele não tem vida fácil mesmo depois de se tornar um super soldado. Mas o romance entre Steve Rogers e Peggy Carter (a belíssima Hayley Atwell), apesar de crescer gradativamente, às vezes mostra ser um pouco forçado, como quando Peggy aparece bem vestida em um bar apenas para falar que Rogers deve ver Howard Stark (Dominic Cooper) na manhã seguinte, sem falar que os ciúmes de Carter quando vê Rogers com outra garota soa muito clichê.
A fotografia de Shelly Johnson difere o lado bom do lado mal. Na base do vilão Johann Schmidt (Hugo Weaving), vemos cores mais frias e um pouco mais de escuridão. Já nas cenas que se passam na base do exército americano, a fotografia investe em cores quentes, se aproximando do sépia, algo que traz para o filme um tom antigo ideal. Da mesma forma, o design de produção de Rick Heinrichs faz um belo trabalho de recriação de época. E a boa trilha sonora de Alan Silvestri, fazendo de Capitão América não só um filme sobre um super-herói, mas um filme de aventura.
Assim como aconteceu em Homem de Ferro e Thor, Capitão América começa no presente e volta ao passado para contar a história. Mas se em Thor eu havia dito que isso foi um pouco de falta de originalidade (e também desnecessário), aqui devo dizer que foi um modo muito interessante de começar o filme. Apesar de este início entregar o destino do protagonista, o filme acaba envolvendo o público para saber como isso aconteceu. E o diretor Joe Johnston (o mesmo do ótimo Jumanji e do desastroso O Lobisomem) consegue fazer com que nós nos importemos com o personagem mesmo que seu destino seja inevitável.
Johnston merece créditos por conduzir muito bem as cenas de ação, como aquela em que Steve Rogers invade sozinho uma base inimiga para salvar vários soldados, e também por investir em uma montagem que acompanha muito bem o protagonista e o vilão. Enquanto Rogers tenta provar seu valor, Schmidt planeja conquistar o mundo com o “poder dos deuses”. O diretor ainda acerta ao não mostrar o verdadeiro rosto de Schmidt logo em sua primeira cena, dando dicas de como ele deve ser, como um plano de detalhe no símbolo ensanguentado da HYDRA ou uma cena em que um quadro do vilão está sendo pintado e o vermelho é a cor mais vista.
Aliás, Hugo Weaving, mostrando um bom sotaque alemão, merece aplausos por conseguir interpretar muito bem o vilão mesmo com a maquiagem. É uma pena, no entanto, que Schmidt mostre ser ameaçador, mas não faz nada quando vê Rogers acabar com várias bases inimigas, o que traí as ambições do personagem. E o modo como ele se despede do filme é simplesmente decepcionante.
Hayley Atwell aparece sempre linda interpretado uma personagem que já sofreu muitas reprovações por ser mulher, e tais reprovações a fazem ser um pouco parecida com Rogers. Sebastian Stan cria com Evans uma bela química de amizade entre Rogers e Bucky Barnes. Dominic Cooper faz de Howard Stark um cara exibido como o filho, enquanto que Tommy Lee Jones ganha o papel de alívio cômico do projeto interpretando o Coronel Phillips.
Mas é Chris Evans o grande destaque do projeto. Desde sua primeira cena, o ator faz o público esquecer do Johnny Storm/Tocha Humana que ele interpretou nos filmes do Quarteto Fantástico. Evans traz carisma para o personagem e tem uma atuação contida, conseguindo mostrar de forma sutil os sentimentos de Steve Rogers. Quando o protagonista é finalmente aprovado para o exército, em vez de abrir um largo sorriso, o ator apenas traz um ar de satisfação que já mostra a felicidade do personagem.
Terminando de maneira ideal e fiel aos quadrinhos, Capitão América: O Primeiro Vingador, além de ser um bom entretenimento, apresenta muito bem o personagem e mostra o porquê de ele ser o grande líder do grupo de heróis da Marvel. Agora é esperar para ver como será essa grande reunião.
Obs.: Algo muito bacana aparece depois dos créditos finais do filme.
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3 comentários:
Gostei do blog, Thomas.
Cumprimentos cinéfilos!
O Falcão Maltês
Ai.. bom.. só discordo na trilha... fiquei de queixo caído ao ver que era composta pleo Silvestri.... pois durante a projeção na a vi se destacar em momento algum! Do resto achei também que a atuação do Weaving foi muito limitada, o roteiro também não dá grandes chances ao personagem que podia ser um ótimo vilão... e que acaba fazendo... é... bom faz nada. KKK pena mesmo....
http://classedecinema.blogspot.com/2011/08/capitao-america.html#comments
taí um filme que me decepcionou, atores bons e mal aproveitados.
http://algunsfilmes.blogspot.com/
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