sábado, 2 de julho de 2011

Carros 2

A Pixar é um dos melhores estúdios de animação da atualidade. Qualquer um que negar isso é completamente louco. Como prova de sua qualidade, desde que a categoria de Melhor Animação foi criada no Oscar a empresa produziu oito longas-metragens e todos foram indicados, sendo que seis levaram a estatueta para casa. Eu costumava me referir a esse estúdio como “Fábrica de Obras-Primas”, já que a maioria de seus filmes é espetacular, e os que não são obras-primas recebem pelo menos um “muito bom”. Mas Carros 2 é a prova de que nem a Pixar é perfeita, representando o primeiro filme fraco de sua história.
Escrito por Ben Queen e baseado no argumento de John Lasseter, Brad Lewis e Dan Fogelman, Carros 2 traz de volta os personagens do bom filme de 2006, além de novas figuras, em uma trama de espionagem. Relâmpago McQueen aceita participar de uma competição internacional criada por Miles Eixoderoda. Ele leva seu melhor amigo, Mate, para a viagem, mas o caipira é confundido com um agente americano e se envolve na missão de Finn McMíssil, um agente da inteligência britânica. Isso, é claro, acaba resultando em grandes confusões.
De início, Carros 2 parece ser uma homenagem aos filmes de espionagem no estilo de 007. Finn McMíssil é um típico carro de James Bond, cheio de apetrechos, assim como o vilão Professor Z parece ter sido tirado de um dos filmes do espião. A trilha sonora de Michael Giacchino também lembra muito os filmes de espionagem.
Mas essa percepção de “homenagem” acaba no momento em que o filme resolve investir em clichês, lembrando muito as fracas comédias de espionagem, como o remake de A Pantera Cor-de-Rosa e sua sequência, ambas estreladas por Steve Martin. A começar pelo protagonista, Mate (Relâmpago McQueen vira um mero coadjuvante). Ele é extremamente atrapalhado, a ponto de fazer algo certo sem querer (ora, isso não lembra o Inspetor Closeau ou Johnny English?). E para piorar a situação de Mate, ele é um personagem que consegue ser adorável e irritante em medidas iguais, sendo que a parte do “adorável” só mostra ser verdadeira por que o roteiro vive nos fazendo sentir pena do pobre guincho, já que sabemos que seus erros não são de propósito. As reviravoltas que ocorrem durante o filme não são nenhum pouco criativas, o que me fez pensar: “Este é um filme da Pixar?”.
Se o filme peca em termos de roteiro, o mesmo não pode ser dito quanto ao seu visual, quesito no qual John Lasseter (de volta à direção de um filme da Pixar depois do primeiro Carros) e seu co-diretor Brad Lewis merecem aplausos. Tóquio, Paris e Londres, cidades onde a história se passa, são perfeitamente concebidas. Aliás, é difícil dizer se Londres foi feita com imagens reais ou totalmente computadorizada, de tão bonita que aparece em cena. Algo que também é interessante no filme são as várias versões de carros, desde os japoneses com faixa vermelha na “cabeça” até os italianos com boca pequena.
Infelizmente visual não é tudo em um filme, e é uma pena ver a Pixar comemorar seus 25 anos de história com um filme como Carros 2. No ano em que as sequências estão deixando a desejar, até esse grande estúdio entrou na onda.
Obs.: O curta-metragem “Férias no Havaí”, com os personagens de Toy Story, é bom e nada mais do que isso, o que não deixa de ser decepcionante se compararmos com as três obras-primas que eles estrelaram.
Cotação:

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