sábado, 30 de abril de 2011

Thor

(Antes de mais nada, quero dar um pequeno recado. Quem segue o Brazilian Movie Guy sabe que sou fã confesso dos quadrinhos da Marvel Comics. Sendo assim, devo dizer que encarei Thor como um desafio. Conseguiria eu ser justo com o filme? Pela primeira vez me esforcei ao máximo para que meu fanatismo não atrapalhasse o meu julgamento).
Quando Homem de Ferro foi lançado em 2008, o quebra-cabeça dos Vingadores começou a ser montado. De lá para cá tivemos o ótimo O Incrível Hulk e a sequência Homem de Ferro 2. Todos eles encaminhando os personagens para a grande reunião. Thor é mais uma peça acrescentada. E muito bem acrescentada.
Thor (Chris Hemsworth) é filho de Odin (Anthony Hopkins) e Deus do Trovão do reino de Asgard. Depois de desobedecer as ordens de seu pai e entrar em guerra contra os Gigantes de Gelo, povo com quem Odin conseguiu uma trégua, Thor é banido do reino e enviado para a Terra para aprender a ser uma pessoa mais humilde. Com isso, surge a oportunidade perfeita para seu invejoso irmão Loki (Tom Hiddleston) tentar tomar o trono de Asgard.
A forma dada ao início de Thor não é muito original, sendo muito parecida com a de Homem de Ferro. O filme começa no presente, onde somos apresentados a cientista Jane Foster (Natalie Portman) e sua equipe, que encontram Thor no Novo México. Logo depois temos um flashback explicando como o herói foi parar naquele local.
Kenneth Branagh (responsável por filmes como Henrique V, Hamlet e Frankenstein de Mary Shelley) tem uma direção muito segura e cuida muito bem das relações familiares. Por exemplo, no momento em que o protagonista está sendo banido de Asgard (uma das melhores cenas do filme), Branagh faz um plano de conjunto que coloca Loki entre Thor e Odin, mostrando a “imparcialidade” na qual ele se encontra. O diretor também deixa muito claro desde o início, através de ângulos altos e ângulos baixos, a inferioridade e a superioridade de certos personagens do reino de Asgard. Mas Branagh surpreende ao conseguir fazer grandes cenas de batalha, como quando Thor luta contra os Gigantes de Gelo. Ele ainda mostra ter noção de que certos elementos dos quadrinhos não ficariam bem no filme, como os longos cabelos loiros de Thor que foram acertadamente encurtados.
O roteiro escrito por Ashley Miller, Zack Stentz (roteiristas do fraco O Agente Teen) e Don Payne (de Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado) desenvolve muito bem os personagens e não esquece de certos detalhes dos quadrinhos, como o nome falso (Donald Blake) que Thor recebe ao chegar na Terra. Investe sutilmente no humor (principalmente usando Darcy, personagem de Kat Dennings), que funciona apesar de falhar de vez em quando. O romance entre Jane e Thor não surge forçadamente, e sim de maneira bem orgânica. O que deixa a desejar são os diálogos que acontecem antes das principais lutas do filme, que dão a impressão de que tais cenas estão acontecendo apenas para que os personagens mostrem quem é mais homem, o que não faz muito sentido pois já sabemos que eles são poderosos. A batalha contra os Gigantes de Gelo, por exemplo, só acontece porque Thor é chamado de “princesinha” pelo rei Laufey (um irreconhecível Colm Feore).
Nos aspectos técnicos, Thor é simplesmente impecável como quase todas as produções baseadas em quadrinhos. A direção de arte dá um show com relação à Asgard, que é maravilhosamente bem concebida. A fotografia de Haris Zambarloukos é muito calorosa, deixando o filme brilhante o tempo todo. Os efeitos especiais são espetaculares. E a trilha sonora de Patrick Doyle faz com que o filme tenha um aspecto de épico, o que não deixa de ser já que se trata de Deuses da Mitologia Nórdica.
Chris Hemsworth surpreende e mostra ser uma ótima escolha para o papel de Thor. Inicialmente, o Deus de Trovão é arrogante, brincalhão e imaturo. “Um garoto que quer provar ser homem”, como diz o rei Laufey em certo momento. Mas quando Thor começa a aprender valores importantes enquanto está na Terra, Hemsworth consegue fazer essa mudança de caráter muito bem. Ele tem uma atuação muito contida e traz carisma para o personagem.
Natalie Portman (que depois de ter feito Cisne Negro parece estar só querendo se divertir um pouco) mostra desde o início que Jane Foster é uma apaixonada por ciência. Não é à toa que, quando encontra Thor, ela fica empolgada em saber tudo sobre o que pesquisa há anos. Tal empolgação é muito bem representada pela atriz, que não exagera na composição da personagem.
Quanto a Anthony Hopkins só há uma coisa a dizer: como é bom vê-lo atuando novamente. Depois de filmes como Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos e O Lobisomem, produções nas quais ele apareceu claramente no piloto automático, Hopkins traz um ar de liderança e seriedade para Odin, algo que só um ator como ele poderia trazer. Fechando o elenco principal, Tom Hiddleston faz de Loki um ótimo antagonista. O ator mostra perfeitamente a inveja que Loki sente do irmão, tratando este como rival quase que imediatamente.
Thor é um filme muito bem feito e ainda conta com a participação especial de um ator que vem se destacando muito nos últimos anos (tendo sido indicado aos dois últimos Oscar), mostrando que Os Vingadores está sendo cuidadosamente preparado. Agora, vejamos se o quebra-cabeça vai ser bem finalizado em Capitão América: O Primeiro Vingador.
Obs.: Há uma cena importante depois dos créditos finais.
Cotação:

Um comentário:

Gustavo Dutra disse...

Também gostei do filme, embora tenha achado mais problemático, no nível de Homem de Ferro 2 (dos Vingadores, só não assisti ainda o Hulk do Louis Leterrier).

A única coisa que não gostei MESMO no filme foi o vilão. Sério, em momento algum o Hiddleston convenceu como ameaça. Depois que o Thor recupera o martelo, então... (até ia falar dos vilões do Jeff Bridges e do Mickey Rourke, mas seria covardia).

Boa crítica!